domingo, 26 de abril de 2009

Aquela lembrança que não morre


Quando o caixão foi fechado não caiu nenhuma lágrima elas viriam dias mais tarde, mas foi ali que teve início um rancor incomensurável que passou a repugnar todo tipo de atitude que lembrasse pessoas desprezíveis e amigos que custavam alguns jantares e favores pessoais. Antes do desfecho trágico, ainda que natural e talvez até necessário, ainda havia a esperança de ver aquela casa rodeada pelos chamados amigos... Foram poucos os que apareceram na enfermidade, menos ainda os que cumprimentaram pela partida.
Essas são apenas algumas das lembranças que não morrem, embora tente às vezes recordar os bons momentos também.

A dor e até mesmo a insatisfação pelo desígnio começaram a moldar uma personalidade que demonstrava até então total falta de preocupação com assuntos mais importantes. Não havia preocupação além de beber cerveja e fazer festa. E isso tudo passou a não ter a mesma graça ainda nos dias atuais, talvez por essas lembranças. A vida passaria a ser penosa. Sustentar-se sem o antigo provedor era a missão, complicada com as dívidas herdadas porque no Brasil não há direito à saúde em lugar algum que não seja naqueles papéis rasgados semanalmente.

Sobreviver não é motivador para nenhuma alma, e quem precisa reconstruir tudo não vai acreditar em teoria alguma que não conste a palavra dinheiro. Então, muitas mentes acabam sucumbindo e caminhando em um mundo obscuro – uns escolhem as drogas, outros a corrupção ou até mesmo a prostituição. E alguns escolhem até trabalhar e acreditar em sentimentos mais fortes que acabaram adormecendo após muitos murros na cara. Pela força de sentimentos como o amor, alguns crescem e sentem suas esperanças renovadas.

O problema é que muitas vezes nem mesmo o amor consegue ser mais forte que esta série de infelicidades que a maioria da população é destinada a encarar. Como são fortes estas pessoas que enfrentam a rotina e ainda assim a cada domingo conseguem colocar um sorriso em seus rostos, ao lado das famílias, dos amigos... Este escritor, porém, ainda tem muitas lembranças que nunca morrem. Infelizmente.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Homem não dança!

Sábado passado estava decidido a sair para a boate e tomar umas cervejas. Às vezes, nós sentimos essa vontade de extravasar um pouco, sair da rotina e deixar o som alto das músicas acabar com a dor de cabeça da semana inteira de trabalho ou estudos. Na festa, preferi não beber até para curtir a companhia da minha amada e analisar o comportamento da galera. Depois de algum tempo passei a ter essas manias esquisitas.
E não é que eu presencio vários rapazes dançando como verdadeiras bailarinas enquanto o funk se misturava ao pagode e alguns hits eletrônicos. Coisa incrível, realmente, não havia notado nada tão parecido nas últimas saídas noturnas, ou não percebia este novo fenômeno
Rapazes, ah! Bem... Ora, não dá para chamar de homens aquelas criaturas rebolativas que mais pareciam estar com algum bicho dentro da roupa, de tanto que se contorciam. Tudo bem, até tem as gurias que gostam dessas atitudes metrossexuais, mas isso é uma verdadeira afronta a princípios básicos que nós, homens, temos seguido ao longo dos anos.
Em primeiro lugar: homem não dança, ele no máximo – e olhe lá – acompanha o ritmo da dança ao mover os pés no famoso um pra lá e um pra cá. É isso mesmo! Homem não sai para dançar, homem sai para pegar mulher. O resto é conversa. Nenhum cara se arruma em casa pensando que vai poder ensaiar passinhos de dança, eles saem de casa para ver as roupas minúsculas das meninas e aquela habilidade ímpar que elas possuem para descer “até o chão, até o chão, chão, chão, chão”, como diz uma pérola musical.
Nada impede que um homem dance, não há preconceito algum quanto a isso. O que existe são algumas regras básicas que deveriam ter sido ensinadas por seus pais antes de eles irem para a escola. Homem tem que dançar com a namorada, nada dessa bobagem de ficar mexendo a cintura e levantando os dedinhos para ver se chama atenção. Ora, se quer uma mulher, fala pra ela. Qual é o medo de se aproximar. O máximo que um cara vai ganhar rebolando são umas risadas e se tornar motivo de chacota uns dias depois.

terça-feira, 14 de abril de 2009

A síndrome do primeiro ano


Era de madrugada quando eu falei para a minha namorada que havíamos superado a barreira do primeiro ano de namoro, a chamada síndrome da mesmice. Pode até ser uma novidade, mas depois que explicar alguns detalhes, talvez alguns de vocês, leitores, entendam o que estou pensando.

Quem aí já namorou e chegou a um ano de idas e vindas, momentos incríveis e brigas cansativas com seus amados (as)? Pois é, sabe quando as coisas parecem que vão parar e não vai mais ter graça aqueles encontros inesperados? Este é um dos sintomas da síndrome, talvez um dos mais graves. Pior é quando aquelas manias que antes eram apenas chatas agora passam a dar nojo, e você não consegue mais enxergar beleza em coisas que antes te davam prazer.

Aí é que as coisas começam a dar errado, porém essa é a melhor hora para que vocês tentem voltar a perceber os pontos fortes. Um bom DR, discutir a relação, cai bem nessas horas. Pra mim dá certo, prefiro conversar e reclamar do que está me incomodando que sair ali no centro e agarrar a primeira que vier pela frente – manchando uma relação que está sendo baseada na confiança e no amor.

Na verdade, nem o mais verdadeiro amor vai resistir muito tempo sem os desgastes naturais, como ciúmes, a própria rotina e a falta de atividades a dois – esse último exemplo só serve para quem vive em cidade pequena como eu ou para o pessoal sem criatividade. A relação é como um elástico, e ela pode acabar arrebentando, pergunte a qualquer psicólogo os efeitos do estresse em sua vida e coloque-os em um namoro para ver o que acontece.

Mas agora, atenção. Fiquem tranquilos porque há vacinas para a síndrome do primeiro ano. Medidas preventivas são avaliar o valor da relação, o fundamental é que exista amor e confiança. Depois, a conversa, a inovação e a valorização da pessoa amada são também essenciais. Some isso tudo com os acontecimentos recheados de magia, que podem até ser aqueles dias de chuva e vocês ficam juntos, em casa mesmo, fazendo amor e esquecendo de pequenos problemas. Resumindo, viva o seu amor todos os dias, aproveite as horas boas e contorne as ruins.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A hora de se apaixonar


Não foram poucas as vezes que escrevi a palavra amor em meus textos. Talvez por acreditar na força dele eu tenha usado essas letras mágicas repetidamente, tentando explicar, tentando entender, tentando viver. Talvez eu tenha estado boa parte da minha vida em uma busca cruel pelo amor verdadeiro, a exemplo daqueles cheios de histórias fantásticas que eu assistia nos filmes.


As pessoas de modo geral se apaixonam dezenas de vezes durante suas vidas, só que são raros os casos em que a paixão se torna um amor puro. A paixão é um dos sentimentos mais dolorosos que pode existir quando não é correspondido, por isso a hora de se apaixonar precisa ser muito bem avaliada. O que na verdade é impossível, porque a gente não escolhe quando se apaixona, a gente simplesmente se apaixona. E aí, se deixa levar, se perde em pensamentos que mais parecem sonhos, se permite sonhar em tocar um desejo distante.


É muito complicado, mas todos precisam estar preparados para uma paixão. É como ir à escola na primeira vez, dá medo, receio, vergonha, curiosidade. Uma miscigenação de sensações que vão se unindo e criando o que conhecemos por friozinho na barriga. E o incrível é como tudo isso parece fazer sentido quando dois lábios se tocam, em um momento qualquer que se transforma em algo inesquecível. A paixão é o início do amor.


E a hora certa de se apaixonar é quando, afinal? Uma amiga me confessou que é muito nova para se apaixonar, e até me disse com que idade ela vai querer se "prender a alguém". Na verdade, acredito que ela usou mal a palavra. Porque a paixão não pode ser uma prisão, a vida não acaba quando começamos a namorar. Claro que deixamos algumas coisas de lado, mas outras tão maravilhosas se abrem e nos mostram um pouco do que é esse tal amor que tanto eu cito nos meus textos.