quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sofrer por amor

No fundo, a gente gosta de sofrer por amor. Pode parecer irônico, mas a verdade é que estar apaixonado é delicioso, tanto que algumas vezes nem confessamos esse sentimento, por medo, receio, principalmente. A verdade é que gostamos da dúvida eterna de saber se nosso amor é correspondido e por mais surreal que isso pareça até mesmo quando a pessoa nos nega aquele carinho, ainda continuamos sentindo. Pois é, o amor parece cego, burro e louco, mas se tivesse uma explicação racional, não seria nada disso e nem teria graça.

Porque no fundo, a graça mesmo é amar, alimentar um sentimento puro e de adoração incondicional a alguém, permitir-se atirar na frente de um caminhão se for para salvar essa pessoa. O amor não conhece limites, porque quando sonhamos com ele, tudo é possível. Normalmente, ele começa assim, como um sonho. E isso é tão incrível porque nos nossos sonhos, podemos desenhar a nossa realidade ilusória. Dá até para voar quando se está sonhando, dá até para pilotar uma Ferrari e também para abraçar e chamar de seu aquele alguém especial.

O problema mesmo é quando você acorda e volta para a sua realidade, onde uma frase mal colocada estraga tudo, onde às vezes você nem pode alimentar esperança. E isso, claro, faz qualquer um sofrer. Qualquer um que se importe com sentimentos e que não trate suas paixões como um jogo de vídeo game onde dá para apertar o reiniciar e tudo volta ao normal. Sofrer por amor acaba sendo uma delícia, mesmo que sua paixão não saiba, mesmo que ela não te queira, porque amor é assim mesmo, sem explicação.

E como você consegue explicar quando as palavras não se encaixam, e nada mais faz sentido? Quando você acorda no meio da noite e a primeira imagem que aparece é o rosto dela sorrindo e falando qualquer bobagem no seu ouvido, te fazendo desejar voltar a dormir e a sonhar. E aí, você começa a pensar, de que adianta viver sonhando e esperar um milagre? Por que não arriscar, nem que seja para ouvir um sonoro não? Simplesmente, porque é uma delícia sofrer por amor...

E o amor faz casais que se vêem todos os dias criarem as situações mais irreais e inusitadas simplesmente para manter a chama acesa, para fazer com que a relação continue sendo como no início, longe da malvada rotina. Viagens, programas diferentes a dois, o sexo apimentado, o carinho mútuo. Sofrer por amor é bom, sim, mas viver amando e sendo correspondido é ainda melhor.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Pobre coração

O coração é o órgão mais complexo e frágil do corpo humano. Ele sofre doenças muito mais graves do que a hipertensão pode provocar, ainda mais fulminantes do que um ataque cardíaco. Quando exposto, ele se torna alvo fácil de frases feitas e promessas vazias. Mas também propenso a conhecer uma nova história, um novo amor. O que o coração não sabe fazer é a ligação com o cérebro para distinguir o que é razão do que é emoção. E por isso ele sofre, se apaixona, ama... Ele ama demais, se engana demais, mas aprende também.

Não é a toa que dizem que ele se parte. A dor é semelhante, talvez pior. É como se uma parte sua já não fosse mais completa, e talvez nunca mais volte a ser. Vai saber! Somente o tempo para explicar. Como avisam os cartazes dos postos de saúde "Cuidar do coração é coisa séria". Tem razão, é preciso cuidado para não entregá-lo de bandeja a qualquer outro coração maldoso e cheio de más intenções. Mas por que não somos alertados antes de fazer isso? Se fosse fácil perceber quando a mentira está presente, não o liberaríamos a qualquer pessoa, que vai acabar pisando nele e o fazendo sangrar. E, quando a gente aprender, quem garante que não vamos cometer novamente o mesmo erro? O que o tal coração gosta mesmo é de se arriscar, para a adrenalina ser ainda mais intensa, para as emoções se multiplicarem.

E você vai levar toda a sua vida tentando compreender essas confusões e lutando para que ele pulse pelo que realmente é certo ou que supostamente valha a pena. E, quando perceber que ele é incontrolável, vai acabar achando que nada do que sofreu até ali valeu a pena. Por mais contraditório que possa parecer, não há nada de errado em sofrer por amor. Você não precisa entender. Talvez a explicação para os males do coração esteja em deixar realmente que ele queira se atirar e sofrer aquele enfarte fulminante.

Para ser levado, em instantes, a um hospital, onde receberá uma massagem cardíaca para voltar a pulsar. Ou então, ficar naquela cena conhecida de ver uma luz no final de um túnel e decidir levar uma vida completamente diferente, mais confiante, mais seguro e mais preparado. Não importa, o coração nem sempre sabe o que é o melhor para a gente, mas é ele quem manda... O jeito é tentar controlar na medida do possível e buscar a felicidade o tempo todo, mesmo que pra isso você precise sofrer um pouco.

Por Taísa Medeiros e Vinícius Severo

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Noite interminável

Enquanto a noite se arrasta você imagina tudo que poderia ter dito naquelas horas de conversa. As frases de efeito e os elogios que poderia ter encaixado. As carícias no rosto e o beijo que poderia ter dado. O arrependimento consome e no final de tudo sobra apenas o desejo que as horas passem rapidamente para que possa novamente sonhar acordado. Viver o inesperado é como tentar enxergar no meio da escuridão, você sabe que a qualquer instante pode topar em um buraco e cair, mas também sente que a luz está próxima.

Noites intermináveis começam com uma troca de sorrisos e se estendem entre drinques. Não há sonho que não inicie sem a tentativa de editar as cenas do passado e não há desejo que se compare ao de arriscar um telefonema em meio à madrugada só para despejar palavras carinhosas. As regras das relações que dizem que você não deve demonstrar interesse são esquecidas, dando lugar à necessidade quase surreal de ser sincero e esperar que as coisas se encaixem. Ou que elas sejam tão naturais como a transição do sol em volta da Terra.

Noites intermináveis não podem ser planejadas, festas não podem ser vistas como uma mera oportunidade. Encontros casuais, troca de olhares, sinais... Até mesmo 12 segundos de uma piscadela de olho são suficientes para fazer brotar aquilo que chamam de encantamento, que precede a paixão. A verdade é que para se apaixonar as pessoas não precisam de muito tempo, nem de muita conversa. Amar é outra história, amar é ter todos os dias uma noite sem fim, amar é tentar arrancar sorrisos o tempo todo e saber enxugar lágrimas quando preciso. Amar é deixar a noite acabar quando o mundo desaba, e esperar que a madrugada leve embora as nuvens que ofuscavam a presença do sol. E esperar de uma noite qualquer a concretização do sonho...

sábado, 1 de janeiro de 2011

Olhos abertos

Caminhando pelas ruas, em meio à correria econômica e ao descaso social, qual é o mundo que você enxerga? Seus olhos vêem aquele velho carregando um carrinho, por todos os cantos do centro da cidade, para vender sorvetes? Você consegue ver algo além da imagem projetada ou simplesmente ignora a realidade de alguém que mora em uma casinha paupérrima, no bairro mais afastado da cidade e que precisa dos trocados da venda do picolé para ter algo com o que se alimentar à noite?

Como estão os seus olhos para a realidade do mundo em que vive: abertos ou fechados? Pior do que ser cego é fingir que estas figuras não circulam o mundo todos os dias, esquecidas das estatísticas e fora do eixo de promessas governamentais. Infelizmente, muitas vezes o olhar da política se volta para o próprio umbigo, ou para dentro de seu bolso. O egoísmo, o individualismo e a cobiça são os responsáveis pelos resultados positivos da economia e pela miséria também. Enquanto muitos desejam possuir tudo, milhares lutam pelas sobras que foram atiradas ao lixo.

Depois que sai da boate, você se dirige ao seu carro e é abordado por uma figura vacilante. O escuro da noite ajuda você a formar uma ideia suspeita sobre esse indivíduo e provavelmente sua vontade é entrar logo no veículo e não deixar gorjeta nenhuma. Nesse momento, nem passa pela sua cabeça que enquanto você bebia e fazia festa, esse jovem passava a noite no frio, suportava a chuva para impedir que verdadeiros marginais se aproximassem do seu carro para lhe furtar o rádio. Mas você não enxerga isso, porque seus olhos estão distantes da realidade ou provavelmente porque imagina que este jovem apenas deseja alimentar seu vício na pedra. E se você tentar ver um pouco além do seu preconceito e se permitir enxergar, talvez trocar algumas palavras. Abra seus olhos para o mundo, feche para quem reiteradamente mostrar que não merece sua amizade, mas mantenha seus ombros firmes para as pessoas que amam você e que precisam do seu conforto. O único momento da sua vida em que você deve fechar os olhos para algo desconhecido é na consagração de um beijo, aquele atalho para a felicidade eterna do amor. No resto do tempo, esteja atento ao mundo e disposto a ser diferente, e não somente mais um.