domingo, 27 de março de 2011

Não acredito em amor


"Não acredito mais em amor”. Esta é a primeira coisa que as pessoas dizem quando se magoam, porque no fundo o que elas mais desejavam era acreditar nisso. Embora seja uma comparação horrível, o amor é como o futebol. O seu time do coração pode perder a batalha naquele campeonato mundial e até mesmo, vai saber, pagar um vexame. Mas isso não fará com que o torcedor deixe de alimentar a paixão, idolatria ou, vá lá, seu fanatismo pelas cores sagradas de seu clube.


Então, não adianta. Definitivamente as pessoas não falam a verdade quando dizem não acreditar no amor. Elas querem acreditar em uma mentira que estão fabricando, ou querem parecer fortes e demonstrar que aquilo que até pouco tempo não as deixava dormir, agora não passa de uma lembrança. No fundo, tem gente que consegue viver bem quando um amor se vai, mas essas pessoas não ficam por aí dizendo que não se importam mais com romance. Simplesmente porque não se importam mesmo e não precisam falar o óbvio.


Mas a maioria de nós é carente emocionalmente e por isso acreditamos. E acreditamos com uma fé tão inabalável que nas primeiras chuvas, tentamos nos persuadir a esquecer as juras de amor da noite passada, trinta minutos depois de uma briga a qual nem lembramos mais qual era o motivo. Aliás, motivos para brigar não existem. O que existe é a vontade irrecusável de ter razão. Deveria ser até engraçado assistir ao casal tentando um fazer o outro mudar de ideia.


Como se isso fosse apagar todas as bobagens já ditas e evitar aquela mágoa de ficar ali, martelando e culpando horas mais tarde. “Ok, você venceu”, dirá um... E pronto, vão se amar novamente. Em um mundo onde as pessoas querem provar ser fortes e bradar aos quatro cantos que não existem contos de fadas, nem cavaleiros ou princesas, ninguém vai admitir a derrota. E convenhamos, é ainda mais difícil dizer “tudo bem, eu estou errado”.


Deveríamos, no fundo, tentar praticar frases contendo palavras mágicas como “por favor”, “me desculpe”, “me perdoe”... E usar mais, mas com sinceridade, a mais poderosa de todas “eu te amo”. Assim, sem medo. Se for de verdade, não há porque não se atirar no meio da pista e dançar como louco. Não há nada de errado em estar apaixonado e mostrar isso para os outros. Qual o problema em sofrer por amor, isso tornará você mais fraco? Ou quem sabe mais humano? Por que precisamos provar o tempo todo a nossa força, se podemos mostrar que somos carne, osso e sentimentos? Não tenho respostas, vivemos em uma sociedade competitiva e só decidi escrever porque o barulho da chuva me inspirou...

segunda-feira, 21 de março de 2011

Só faça

A boate lotada não é o lugar ideal para encontrar um novo amor, muito menos reencontrar um velho. O objetivo de ir lá deve ser outro, como a diversão. No máximo achar um romance casual, talvez uma noite de amor sem compromisso, sem a necessidade de ligar no dia seguinte. Aquela coisa avassaladora de cair na cama com vontade e não ter vontade de levantar no outro dia.

As pessoas saem por aí em busca de muitas coisas, a maioria quer ser vista, ser admirada ou reconhecida. Outros só querem aproveitar, curtir a festa. Alguns precisam aparecer, precisam brigar e passar vergonha para se tornarem assunto. Até porque será ridículo se tentarem aparecer falando ou expondo suas opiniões que aparecem carentes de bons argumentos. Porque não existem, afinal bons ou maus argumentos, afinal a avaliação é sempre subjetiva.

Em uma mesa de bar os homens são mais sinceros. Ali, eles contam toda sua vida. Pode ser para o garçom, pode ser o dono do bar ou a moça que está ao seu lado. Em todos os casos, ele será um grande chato. Mas vai ser melhor do que voltar para casa e encher o saco da esposa, traída, e que por algum motivo ainda continua com ele. Talvez porque seja cômodo, ou muito provavelmente por isso.

Nas rodas de conversa, nos chás da tarde, é difícil descobrir qual das moças mente mais sobre sua felicidade. Deve ser uma tentativa de aparentar ser, ou estar, melhor do que as outras, afinal elas estão o tempo todo competindo. Mulheres e homens não são assim tão diferentes quanto parecem, no fundo é tudo um jogo de interesses. Elas buscam segurança, enquanto eles querem segurá-las por quinze minutos.

A internet parece ser um dos lugares mais democráticos do mundo e de repente até o rejeitado do fundo da sala de aula parece um cara bacana postando frases espontâneas e inovadoras. Ali, tudo é de verdade, mas também pode ser fingimento, e vai ser uma missão espinhosa descobrir a diferença entre o que é real e o que é roteiro de filme.

A verdade é que não se começa parágrafo escrevendo “a verdade”, porque vai parecer que você quer esconder das pessoas que está escrevendo uma estupidez muito próxima da mentira. Enfim, onde você estiver, vai ser alguém diferente, camaleão. Não existe esse papo de ser único, isso é apenas conversa para parecer romântico com pessoas menos providas de intelecto. Os ambientes mudam você e você pode mudar as pessoas ao seu redor. Tudo depende de entender que na vida nada depende de outra coisa. Você pode, vai lá e faz. Não fica pensando no que pode fazer, não fica escrevendo o que os outros devem fazer... E não siga nada do que acabou de ler, afinal era só perda de tempo, e você gasta muito mais com coisas ainda mais estúpidas.

domingo, 20 de março de 2011

Presos ao sistema prostituído

Para o cinema e para os programas de palco, dizer para as pessoas não desistirem de seus sonhos, parece uma poesia linda de ser declamada. No mundo real, pão e circo para animar os escravos do sistema. E sempre acaba sendo suficiente. Dar o mínimo para que as pobres criaturas continuem vivendo de sonhos impossíveis porque estão amarradas a um mundo hipócrita e chantagista.

A verdade é que os grandes empresários não passam de cafetões e nós, muitas vezes, não passamos de prostitutas baratas que não damos valor algum a nossos corpos. Nos deixamos trabalhar por horas a fio sem exigir o direito da hora extra, porque se fizermos isso vamos para a rua. Quando chega a época de pedir um aumento, queremos sempre algo justo. E o que recebemos jamais vence o avanço dos impostos e da inflação.

E enquanto os cafetões enchem o rabo de dinheiro, o governo ainda parece medieval, recolhendo impostos e matando quem não consegue os pagar. Mas os cafetões sempre dão um jeito de sonegar. O que é pior do que tirar a dignidade de alguém e dar uma bolsa alimentação ou dar dinheiro para o povo fazer filho e colocá-los na escola. E que escola, que nem paga decentemente os professores. Não tenha sonhos, o governo vai te dar comida, ok?

Quem tenta se libertar do sistema? Quem entende ele? Ninguém. Mas quem consegue, se torna líder partidário, nunca mais trabalha na vida, pode não ter nenhum estudo e mesmo assim consegue ser presidente. E depois indica um amigo para ser presidente, que indica outro amigo, que vai indicar outro amigo, e vai se aliar aos inimigos para continuar no poder. Não é assim? O sistema é um jogo de interesses. O governo se interessa por seu dinheiro, você ganha ele e devolve para esses sangue-sugas. Sua vida é muitas vezes entregue a um patrão.

E de que adianta reclamar, se você já sabe que vai continuar na mesma merda, que o sistema não muda. E que tal se curvar aos poderosos e virar a bunda para o povo? Ora, que se dane o povo, ele que siga assistindo Big Brother, novelas e discutindo futebol.

Eu vou realizar um dos meus sonhos, mas e o resto dessa gente que pega ônibus todos os dias, que espera nas filas da saúde (que saúde????), que procura sua dignidade dormindo debaixo de pontes e viadutos? Enquanto uns arrotam seu caviar, outros seguem presos a um sistema e se submetem a uma felicidade sazonal. Um dia feliz acaba minimizando um ano de sofrimento e faz essa gente seguir sonhando... Até o dia que ela não aguenta mais, se enche de coragem e diz: foda-se. Não gostaram? Fodam-se!