domingo, 19 de julho de 2009

Síndrome da rebeldia

Só o que eu sei é escrever e até mesmo isso o faço com dificuldades e sendo merecedor de críticas. Não posso, de forma alguma, mudar a minha personalidade, a sua essência não se perderá com o passar dos anos – ao contrário do que pensam os mais experientes. Claro, como o barro, também posso ser moldado, transformado, melhorado, aprimorado, mas nunca deixarei de ser barro. Isso é difícil de entender e mais ainda de se aceitar. Ainda que por fora, pareça uma bela estátua, pintado e desenhado com traços detalhados, por dentro, continuarei barro.
Agora mesmo só estou escrevendo porque voltou aquela velha síndrome da rebeldia, aquela vontade de reclamar de tudo que estão fazendo com a cidade, com o estado e com o país. Nesse momento é difícil avaliar com clareza, com a indignação na cabeça, se é a mídia que resolveu bombardear os governos de graça ou se realmente nossos políticos são estes sem vergonhas, ladrões, que a tevê e os jornais nos pintam diariamente. Estou com medo de que em todos os lugares seja do mesmo jeito, parece um choque de realidade e um fim de esperança. Onde meus olhos não enxergam também não posso opinar, mas aqui, nesse mundinho cercado por egoísmo, pompas, charlatanismo e promessas jogadas ao vento, já firmei um senso crítico.
A minha opinião só a mim interessa e só a mim diz respeito. A minha forma de avaliar as ações do resto do mundo é a minha essência, é o barro. Isso não vai mudar, ainda que concorde com outras formas de pensamento. O barro não muda, ele se molda, resiste ao tempo, vira até tijolo e se une a outros para abrigar os povos. Mas será sempre barro. O que posso fazer é escrever, da minha forma, incomodando e propondo. Se serei lama ou uma bela estátua, o prejuízo terá sido – também – só meu.

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