terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Me chamando de amor

Quando eu era guri e não conhecia direito como essas coisas de sentimento funcionavam, costumava me apaixonar por uma menina a cada semana. Não pensava sobre isso, mas sempre sonhei em ser chamado de amor desde a infância, e de receber um pouco de carinho. No fundo, acho que a maioria de nós deseja isso, e não apenas dinheiro, status, um carrão na garagem e conforto numa grande casa com piscina e outras mordomias. Então, eu lembro que com o passar dos anos e novos amores, costumava sonhar com alguém me chamando de amor.

Não sei nada sobre os sonhos, nem acho que existam pesquisas sérias sobre isso, mas eles são absolutamente interessantes porque ganham de novelas e filmes, por mais premiados que sejam. Você já notou como nos sonhos tudo é perfeitamente desenhado? Até mesmo aqueles em que a gente morre e acorda no final, e que parecem tão reais que você se toca para ter certeza que está vivo.


Enquanto escrevo esse texto, escuto pela terceira vez uma música da Pink, que foi o que na verdade causou a inspiração desse texto. No refrão, com a voz arrastada, ela diz algo como “calling me sugar” (me chamando de querida). E isso me lembrou como há muito tempo eu sonhava com alguém me chamando assim. E a música, claro, tem todo um tom romântico que foi me levando a lembrar da perfeição dos sonhos.


Mas por que, afinal, na vida as coisas não acontecem assim, com riqueza de detalhes e todo esse encantamento que torna nossos sonhos perfeitos? Acho que eu sei, porque a gente acaba se apegando demais aos detalhes e não deixa que o destino tome as rédeas da vida e faça tudo ser perfeito. E embora não percebamos muitas vezes, esses momentos acontecem e beiram a perfeição. Eles acabam perdendo a graça um ou dois dias depois porque a gente fica pensando que alguns detalhes poderiam ter sido diferentes. Ou seja, nós somos mesmo uns frescos e estamos sempre querendo um algo a mais. Ah, abaixo, um pedacinho da música da Pink que eu citei aqui:



Brilho no ar



Alguma vez você já alimentou um amor com apenas suas mãos?
Já fechou os olhos e confiou, apenas confiou?
Alguma vez você já atirou um punhado de brilho no ar?
Alguma vez você já olhou o medo nos olhos e disse eu
não me importo?
É só a metade depois do ponto sem retorno
A ponta do iceberg, o sol antes de queimar
O trovão antes do raio, o fôlego antes da frase
Você já se sentiu assim alguma vez?

Alguma vez você já se odiou por ficar olhando o telefone?
Sua vida inteira esperando pelo toque para provar que você não está só
Alguma vez você já recebeu um toque tão suave que te fez chorar?
Alguma vez você já convidou um estranho para entrar?

É só a metade depois do ponto de esquecimento
A ampulheta sobre a mesa, a caminhada antes da corrida
O suspiro antes do beijos, o medo antes das chamas.


Você já se sentiu assim alguma vez ?


Aí está você sentado no jardim
Bebendo o meu café, e me chamando de querida
Você me chamou de querida

Alguma vez você já desejou uma noite interminável?
Laçou a lua e as estrelas e puxou a corda firmemente?
Alguma vez você já prendeu a respiração e se perguntou:


Será que vai ficar melhor do que hoje à oite?
Hoje à noite..

Um comentário:

Anônimo disse...

Meu ponto de vista, é que, fantasiamos tanto em sonho um acontecimento e queremos que ele de imediato aconteça, o que muitas vezes não acontece, que quando se torna real, já nem se dá mais tanta importãncia aos detális sonhados no início, e a nossa parte crítica sempre dá um jeitinho de mostrar algo que poderia ter sido ou dito diferente. É a mania que temos de tentar manter um controle de tudo, mesmo quando certas coisas não tem controle!!