sexta-feira, 9 de abril de 2010

História de amor

Julia disse a Cadu que ia ficar tudo bem pouco antes de se despedir para as férias de verão. “Eu te amo, gurizinho. Não precisa sentir saudades, eu volto logo”. Ele teria que trabalhar e não veria a noiva pelos próximos 20 dias e isso o deixara triste. Para não deixar a amada totalmente sozinha, conseguiu uma dispensa para viajar no último final de semana. Naquele dia, o sol tinha permanecido escondido toda a tarde e quando eles se despediram parecia ainda mais tímido.

À noite, quando chegou à praia a menina ligou para ele. Falou do cansaço e da expectativa para o banho de mar do dia seguinte, o primeiro depois de sete anos que não passava o veraneio no litoral. Cadu quase dormia no telefone, pois trabalhara o dia inteiro vendendo na loja. E o movimento no final do ano tornava a função mais difícil. Disse que estava com saudades e repetiu três vezes que amava Julia. A menina sentiu um aperto forte no peito naquele momento, sentindo-se culpada por deixar o amado sozinho por tanto tempo.

Os dias foram passando e falta um do outro aumentava ainda mais. Com o final de semana em que estariam juntos se aproximava, o rapaz preparava as malas enquanto falava com Julia ao telefone, que contava as idas ao shopping com as amigas e que ganhara um bronzeado naqueles dias. Cadu partiu na sexta-feira, à noite, pegando um ônibus na rodoviária. Estranhou o fato de poucos viajarem naquele horário, ainda mais no verão. Imaginou que o veículo estaria lotado. Mandou uma mensagem para Julia: “estou no ônibus amor, em algumas horas vou estar contigo”. Adormeceu na poltrona logo depois que o veículo partiu.

Julia recebera a mensagem enquanto estava no banho. Saiu enrolada em uma toalha rapidamente pois tinha certeza que era de Cadu e sua ansiedade aumentava só para ver as palavras do namorado. Estava ansiosa para vê-lo novamente e louca para enchê-lo de beijos. Tentou se distrair, escovou o cabelo e a janela aberta enviou um vento muito frio para o quarto. A sensação foi sombria, tão forte que ela deitou para assistir televisão, levemente sobressaltada. O noticiário mostrava um roubo que acontecera a um ônibus que se deslocava ao litoral. “O comerciário Carlos Eduardo foi baleado no peito porque resistiu ao assalto, ele carregava um porta-joias. Após o disparo, o bandido fugiu do local”, dizia o repórter na televisão.

Julia sentou e chorou, desesperada. Não teve reação com o choque. Seu namorado provavelmente estava morto. Depois de alguns minutos foi ao hospital indicado pela reportagem para ver o namorado. Incrivelmente, Cadu estava no corredor, falando com várias pessoas e concedendo entrevistas. “Ah, ela está ali. Foi por causa dessa menina que não morri”, disse ele, mostrando o colar com a foto da namorada em um pingente, agora perfurado pela bala. Ele mostrou o porta-joias, de onde tirou uma aliança para pedir a menina em noivado.

Um comentário:

Carine disse...

PERFEITO! Muito emocionante! sem palavras *____*