Ainda tem muitas coisas sobre o jornalismo que eu provavelmente preciso aprender e uma delas é a controlar a minha humildade. Acho que essa sempre foi uma das primeiras lições que aprendi no exercício diário de uma das profissões mais fascinantes entre as que exerci (foram poucas, na verdade. Fui recepcionista de hotel, vendedor e professor). Ainda não tenho diploma e há muito tempo passei, assim como o Supremo Tribunal Federal, a desconsiderá-lo para o exercício correto do meu cargo.
Estou prestes a completar três anos de cobertura política no pequeno município de Cachoeira do Sul e continuo me sentindo um foca, mas com olhar de tigre e apetite de leão toda vez que sou tentado a escrever sobre corrupção na política. Não sou exemplo para ninguém, nem posso dizer que sou 100% correto, afinal assisto DVDs piratas, não exijo nota fiscal de muitas coisas que adquiro, mas nunca roubei nada nem acho que seria capaz de fazer isso. Admito me aproveitar da profissão algumas vezes, já vendi ideias e também dei algumas de graça, pensando naquilo que eu acreditava ser o melhor para um todo. Também já repassei informações importantes como forma de trazer benefícios para minha cidade.
E prestes a completar estes três anos de reportagens, algumas polêmicas, cobertura de eventos importantes e de decisões de destaque, a cada dia mais aprendo o quanto nosso trabalho pode ser simples, mas pode contribuir, se o mundo permitir, para que as coisas erradas deixem de acontecer. É uma utopia pensar que a imprensa seja capaz de acabar com a corrupção, mas ela freia muitas coisas. A dificuldade é que ela é testada todos os dias pelas excelências que não merecem mais o crédito da população e tentam desacreditar a imprensa.
O trabalho do jornalista fica mais fácil quando ele percebe que não precisa mudar o mundo e limpar toda a sujeira que acontece à sua volta, mas que cabe a ele apenas contar a história. Sempre que me empolgo e não tenho humildade com a informação, me lembram isso. Tenho que contar a história. E aqui reside a diferença do bom e do mau ou mal intencionado jornalista. Eu prefiro ir atrás da história, do que atrás daquilo que acredito. Eu prefiro ouvir os envolvidos e provocá-los a dar sua versão, do que usar a minha versão de uma forma a induzir o leitor a acreditar nela. Quando eu quiser isso, posso usar uma coluna de opinião. Quando retratar uma história, sou apenas o cara que mostrou ao mundo o que aconteceu, apenas um jornalista, e com muito orgulho.
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