sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Festa Linda


Na última semana fui a uma festa chique, do tipo que normalmente eu não gasto grana para ir. Era a festa da Revista Linda, que eu sequer leio. A revista é voltada para um público nobre, possuidor de grana - coisa que eu normalmente não tenho em abundância e preciso economizar para poder ir a um evento deste tipo. Pois bem, eu tinha excelentes motivos para ir a esta festa. Não saía há bastante tempo, queria a companhia da minha morena e fazia muito tempo que não assistia a um show de qualidade. Isto sem falar nos meses que resisti sem ingerir uma gota de álcool.
Pois os integrantes da alta sociedade não prestigiaram o evento maciçamente e mesmo assim foi um investimento que não me arrependi de ter feito. Notem que não coloquei como motivo para uma boa festa a lotação do local, embora muitas vezes isso seja necessário. A Hype estava meia boca, como se diz na gíria jovem, mas a festa foi linda – com o perdão da falta de adjetivos mais interessantes. O principal destaque da noite não poderia ser outro que não os jovens que tocavam sucessos dos garotos de Liverpool. Eram argentinos, se intitulam The Beetles. A habilidade dos caras cantando pode ser comparada à do Messi com a bola, já que estamos falando em argentinos.
O show teve uma série de momentos marcantes, como nas últimas canções, Let it Be e Hey jude. Um dos rapazes incorporou o Mick Jagger e soltou Satisfaction com perfeição. Dava para ver que os hermanos sentiam algumas das músicas, pareciam ter realmente recebido uma bênção de Paul, John, Ringo e George. No entanto, nestas festas a minha cabeça viaja em situações que fogem da atenção da maioria das pessoas. Eu notava os olhares e gestos de um grupo de quatro mulheres, na casa dos 30 anos, que mirava homens sozinhos como um franco-atirador.
Uma delas fez uma cruzada de pernas no melhor estilo Sharon Stone que não consegui desviar o olhar, mas não apanhei da mulher por isso. Uma provocação de um imbecil entre o público, que gritava Brasil ao final das músicas dos Beetles, foi outra demonstração total de falta de educação. Berço de ouro nem sempre quer dizer bons modos. A irritação de um senhor com o serviço de garçons também atraiu a minha atenção, assim como a animação de um tiozinho gordo que embalado pela bebida tocava uma guitarra imaginária tentava agitar aquela plateia morna.
Fui embora por volta das três horas da madrugada, paguei um táxi e fui conversando com o motorista durante o caminho. Assuntos de gente simples são sempre interessantes e em menos de cinco quilômetros conseguimos falar de política, futebol e até mesmo sobre a zona do meretrício da cidade, que anda abandonada. Claro que minha namorada não gostou desse último assunto. No dia seguinte, trabalhei em uma incrível e rara animação para um domingo. Tudo porque a festa da Revista Linda havia sido, ao menos para mim, realmente linda.

Um comentário:

Rogerio Mielke disse...

Bah perdi essa, fiquei assistindo o Fiuk estragar a musica Help no criança esperança...grande troca uahauhuahuaha...lindo texto mano