sábado, 4 de setembro de 2010

Formigão mostrando o que a maioria não enxerga

Eu nunca fui um cara conhecido na minha cidade, na minha rua ou no meu colégio. Pessoalmente, prefiro ser reconhecido e existe uma grande diferença entre isso e ser conhecido. O trabalho de escrever as matérias do Formigão me tornou um cara mais visto entre a gurizada e eu posso afirmar que isso me traz felicidade, de verdade. Até porque quero um dia me chamar de escritor e essa visibilidade pode acabar ajudando. Não é bem isso que quero escrever, mas vamos explicando.
O que mais gosto mesmo nessa história de escrever para a galera é poder mostrar para eles coisas importantes que eu gostaria que tivessem sido ditas para mim quando eu era um moleque. Como se o Formigão servisse de guia, de pai, de amigo, pra dar bons conselhos. Acho que um dos melhores conselhos que o Formigão tenta passar pra gurizada é sobre a responsabilidade em diversas situações em que eles vão se deparar, como a sexualidade, a bebida, o trânsito, a escolha do que fazer... Diferente de outras publicações voltadas aos adolescentes, ele se propõe a tocar mais a consciência do que falar de festas, moda e mundo dos famosos.
Escrever este jornal não é fácil. Primeiro, porque é preciso agradar um público muito exigente e eclético. Segundo, porque muitas vezes é duro conviver com a crítica, aquela pesada e que vem sem embasamento. Acho que a maturidade profissional me permitiu enxergar por trás da reclamação de um cara (que disse que o Formigão é um jornal apenas de playboys) uma oportunidade de assunto. Eu consegui entender que talvez seja mesmo necessário mostrar um outro lado da juventude e do nosso mundo que normalmente não aparece nas páginas do jornal. Então, esse foi o grande desafio da edição de setembro, que vai às bancas no próximo dia 20: mostrar no Formigão um público que não lê o jornal, mas que precisa ser visto.
A matéria foca basicamente em exemplos de projetos que garantem inclusão social para jovens carentes e mostra uma gurizada que mora nas vilas, nos becos da cidade, que pisa no chão de terra pra ir pra escola, que não tem um computador e que muitas vezes tem em uma bola de papel o seu único passatempo. E os escolhidos da matéria devem sintetizar a importância de incentivar o esporte entre a galera, de desenvolver cursos, de oferecer acesso à informática, à cultura, e tirar eles das ruas, onde são alvos de problemas terríveis como as drogas. Os moleques de vila não são o público-alvo do Formigão porque não consomem o jornal. Mas como eles podem gostar de uma festa que sequer foram convidados a participar? É por isso que agora eles fazem parte da festa do Formigão. Porque eu me emocionei só de conhecer um pouco das dificuldades e também a simplicidade desse pessoal e qualquer ajuda que eu puder dar para eles vai ser mais valioso do que o salário que recebo no final do mês.

Um comentário:

Bernardo Bulsing disse...

Bah...
Eu sou dono de criticar o Formiga, mas é so por motivos de buscar um pouco mais de igualdade entre os jovens!
Pq não é legal ficar vendo sempre as mesmas figurinhas repetidas.
Ta de parabéns vinicius e toda a turma do formigão por estarem tornando esse jornalzinho tão criticado por mim lá na comunidade, em algo igualitario, pois assim o publico alvo vai almentar concerteza!
abração