quinta-feira, 16 de junho de 2011

Maconha liberada?

Como jornalista, sou obrigado a gostar de polêmicas, mais ainda quando os assuntos são debatidos de forma séria e técnica. Nada de julgamentos moralistas ou opiniões vazias que nada contribuem para o processo de crescimento. Uma discussão para ser boa precisa de argumentos! E os argumentos precisam ser sólidos. Você não pode justificar que bateu em alguém somente porque estava com vontade, pode inventar uma desculpa, dizer que foi ofendido, mas precisa de um motivo.

Dito isso, vamos ao tema principal do Formigão que será publicado na próxima segunda-feira. Depois de explodir na internet com o anúncio do documentário “quebrando o tabu”, o tema da descriminalização da maconha parece ter voltado à moda. Ou ao menos à pauta de discussões. Pelo Brasil, muitas marchas causaram polêmica, mas acabaram, esta semana, sendo liberadas pelo Supremo Tribunal Federal. Está garantido o direito de se expressar (como se isso fosse necessário), mas ainda é cedo para se pensar que a maconha será liberada. E talvez liberada ela jamais seja, já que a proposta é regulamentar o seu uso.

Hoje, se eu for pego usando maconha, não vou preso. Há um desconhecimento em relação a isso, pois só vai ver o sol nascer xadrez quem for descoberto pela Polícia com grandes quantidades. Assim, será considerado traficante. O debate que se propõe tem alguns argumentos interessantes a favor da descriminalização, como reduzir a violência causada pelo tráfico (a maconha é uma das fontes de renda dos traficantes, ainda), usar os impostos de sua venda em campanhas de conscientização (ainda que os políticos teimem em desviar impostos) e a comprovação de que a planta Cannabis sativa é menos pesada que outras drogas, como o cigarro e o álcool.

Do outro lado, também há opiniões que merecem uma análise aprofundada. Muitos insistem que a maconha é uma porta de acesso a drogas mais pesadas, como a cocaína e o crack. Há exemplos de todos os tipos, de quem só fume maconha, mas também há casos de quem começou “dando uns tapas” e acabou escravo da “pedra da morte”.

Pessoalmente, tenho um único pensamento. Minha cidade nunca me impediu, enquanto eu era menor de idade, de comprar bebidas alcoólicas. Hoje, a gurizada ainda consegue comprar álcool e cigarro. E mesmo que não consiga, sempre tem um amigo mais velho para dar um jeito. E você pode pensar que não há nada de errado nisso. Como eu acho que não há. E se mais pessoas começarem a usar porque liberou geral? E se a maconha, vai saber, faz mesmo mal à saúde? E se... Bem, é isso. Me julgo incapaz ainda de ter opinião sobre este tema, mas acho que estamos maduros o suficiente para discuti-lo. É isso. Aguardem o Formigão.