quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Eu sou da turma do fundão!

Das coisas que fiz na minha vida, ter sido da turma do fundão na escola é uma das que mais me orgulho quando olho para trás. No fundo, eu nunca quis ser um daqueles coxinhas que ficam colados no professor demonstrando interesse nas notas ou uma vontade supérflua de aprender pra passar de ano, pra fazer faculdade pra ganhar muito dinheiro. Talvez eu sinta saudade de ser daquela turma porque eu nunca me importei mesmo com dinheiro. Eu acho que sempre quis mudar o mundo e hoje vejo uma galera que era do fundão fazendo isso, e me orgulho deles, meus amigos!

Ninguém vê os alunos do fundão, nem mesmo quando eles protestam contra o sistema político ou se unem em causas ambientais, coisas do tipo. Só falam que são maconheiros ou usam algum artifício imbecil para tentar desmoralizar usas lutas. Eu queria ser dessa turma do fundão, ser chamado de arruaceiro de novo, teve uma época que eu tinha essa mania revolucionária e uma vontade inexplicável de ajudar, de ir para a frente da tropa de choque e gritar contra o sistema. Hoje, eu me sinto satisfeito com o pouco que consigo fazer, e é bem pouco. A vida é feita de escolhas e arrependimentos só podem existir em relação a coisas que deixamos de fazer.

Eu não tenho nenhuma grande mágoa em relação a nada que deixei de conquistar na minha vida, e isso graças às memórias que guardo por ser o cara do fundo da sala. Aliás, pode parecer até demagogia, e talvez pareça muito, mas eu me sinto muito mais feliz quando posso ajudar um amigo do que quando conquisto algo para mim. Isso porque eu era da turma do fundão, que passava cola pros amigos, que não deixava um colega assumir uma merda sozinho. Hoje eu até me sinto babaca de dizer que estourava bombas no banheiro do colégio, mas havia toda uma amizade em volta desse crime que essas coisas ficam marcadas.

Vocês que sempre sentaram na frente nunca vão entender o que estou escrevendo, vão avaliar com desprezo. Como eu era do fundo da sala, não tinha medo de discutir com o professor. Talvez eu não tenha amadurecido totalmente, afinal ainda discuto com meus patrões e não abaixo a cabeça como o bom cabrito deveria fazer. Mas eu deixei de ser da turma do fundo que acampa contra o sistema. Só o que tenho feito é usar o próprio sistema para vê-lo ruindo. É por isso que de todas as coisas que fiz na minha vida, as que mais me orgulho nada têm a ver com conquistas materiais, e sim ter sido parte da galera do fundo da sala. Dedico esse texto aos ex-colegas e amigos com quem dei risada e tomei meus tragos homéricos e a todo o jovem que vai direto pro fundo da sala no primeiro dia de aula e lá monta sua base. Atitude, ou você tem ou fica puxando o saco dos outros!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Derrube as barreiras

Pare e pense: quantas vezes você ficou se cobrando e se chateando devido à quantidade de problemas que tinha para resolver. Trabalho, provas na escola, falta de grana pra pagar as contas, brigas com seu amor, com seus pais. É assustador pensar que das 24 horas do dia passamos seis delas dormindo e pelo menos outras quatro nos preocupando. Sobram 14 horas para viver. Se você trabalha ou estuda, vão acabar sobrando somente seis horas.

O tempo que temos para tudo é muito relativo. Ele pode correr, pode sufocar no meio do nosso orgulho, pode se arrastar na espera de um beijo. O tempo é uma prisão porque no fundo vamos acabar tendo pouco tempo para viver tudo que gostaríamos. Eu posso estar perdendo tempo agora escrevendo isso, quando poderia aproveitar com qualquer outra atividade. Mas por que escrevo? Porque me dá prazer, porque refletir sobre tudo isso me provoca e acredito que até mexa com minha adrenalina.

O importante é sabermos o que é importante. Trabalho, amor, conhecimento, lazer. Dá para escolher um só para se dedicar com mais intensidade, mas é bom beliscar um pouco de cada. Cada um vai trazer uma sensação diferente de realização, de plenitude. A mensagem que eu gostaria de compartilhar é que sejamos capazes de derrubar nossas barreiras. Nós temos defeitos que conhecemos e não admitimos para ninguém e nos agarramos tão forte a eles que ficamos presos. E esses defeitos, que podemos mudar, são as barreiras que nos impedem de sorrir. E só depende de nós alterarmos o rumo e ir por outro caminho, ou começar do zero, reinventar a nossa personalidade, por que não?!

Independente dos erros que tenhamos cometido até aqui e pelos quais poderemos ser por muito tempo julgados, sempre é possível parar. Eu sempre gostei da frase que afirma “errar é humano, insistir no erro é burrice” e pensando nela agora vejo o quanto ainda sou burro e sinto uma vontade enorme de mudar isso. E talvez, mas só talvez, um dia eu me orgulhe de ter tomado o rumo da minha vida, parando de reclamar dos problemas e aproveitando o pouco, muito ou vai saber quanto tempo eu tive para viver.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Um pedido pela paz

Resignação. Eu jamais imaginei que essa palavra fosse se encaixar no meu vocabulário. Mas hoje, eu já nem desejo mais os bens de consumo, viagens, uma mansão, um carro importado. Porque isso tudo provavelmente não me traga uma felicidade na sua essência. Vai me trazer uma série de ilusões e vou achar que isso é ser feliz. Ledo engano. Sorrir é um exercício que não pode demandar esforço. Tem que acontecer e pronto.

A minha vida não melhorou nada depois que comecei a ganhar melhor. Eu diria até que ela piorou com o avanço da tecnologia, uma das coisas que mais admiro nesse momento de mundo em que vivo. E eu não tô ligando se você acha isso contraditório. Hoje, eu já desisti de sonhar que as coisas vão ser diferentes amanhã. Vai ser igual e eu acostumei. Os desafios até podem mudar, mas vou acabar passando por eles e fim.

Não quero mais estabelecer metas de crescimento, planejar um caminho nem encontrar um destino. Se é que existe um destino, ele que me encontre. Estarei esperando em uma mesa de bar qualquer, aproveitando uma cerveja gelada. Mas é claro, talvez tudo isso seja uma grande mentira, não faça sentido nenhum. Porque nesse momento mesmo, eu não consigo ser capaz de explicar por que o único pedido que possuo é pela paz. E, sim, sei que é utopia, mas é o meu desejo, respeite-o.

Parece que fui acordado em um mundo onde não existem valores e também acabei atirando meia dúzia dos meus fora. Para que servem além de fazer peso sob meus ombros? Vejo amigos passando por graves dificuldades e a ponto de pensar em cometer suicídio e simplesmente não sei como ajudar. Conversar parece inútil... É a sensação de impotência contínua. Vejo a tragédia de centenas de mortes na mídia e estamos tão acostumados a essas barbáries que as vidas daqueles seres humanos se tornaram apenas números. E suas histórias incendiadas, atoladas, enterradas? Quem se importa além dos parentes. As novas gerações, que deveriam vir tolerantes, seguem os mesmos entendimentos mesquinhos e preconceituosos que tornou a sociedade acostumada com o sistema que a aprisiona. E não quero parecer intelectual falando nisso, eu só quero o direito de pensar isso.

Se for para abrir os olhos e assistir a tudo o que estamos nos transformando, consumidores de ódio, inveja e rancor, então o melhor é não acordar mais. E que Deus tenha piedade e seja capaz de me fazer aceitar essas coisas que não posso, ou não sei como, mudar. E se ele estiver me ouvindo ou lendo porque talvez até Ele tenha internet, que leve a paz que eu pedi para dentro do meu coração e também a todos os lares desse mundo. Eu não posso acreditar que alguém que fez seu filho padecer na cruz não seja capaz de fazer isso... Acho que Jesus, se fosse um cara maneiro como diz a Bíblia, leria isso agora e diria algo como "Pode crer".