O mundinho
em que vivemos
Num
instante, uma foto inundou as redes sociais condenando a maior empresa do
mundinho. Todos aproveitaram para criticar, se revoltar, afinal se provou que
os grandes maltratavam os pequenos. Não sei, todo mundo pode errar. Gigantes ou
nanicos. No mundinho, os primeiros a defender os grandes foram aqueles que
recebem as migalhas deles. Claro, os ratos sempre se contentam com um pedacinho
de queijo deixado pelos cantos da casa depois do lanche do patrão. Normal até
aí. É só uma situação. Muitos telefones tocaram no mundinho. Embora o fato tenha
se tornado público com a força da internet, oficialmente ninguém falará. E no
mundinho isso é aceito porque a pequenez já faz parte do lugar. Acostume-se. O
dinheiro compra tudo. E se você falar que a mortadela do patrão não presta,
amanhã não terá mortadela na mesa. Capiche?
A inveja no
mundinho
No mesmo
mundinho impera a inveja. É uma questão histórica que vem desde o índio que
desejava receber mais espelhinhos dos portugueses do que o seu colega de oca,
da zona norte. Os caciques de uma oca privilegiada garantiam remunerações
altíssimas aos seus. O mesmo não ocorria com quem trabalhava para os burgueses
comerciantes. E quem afinal representa os interesses de todos? Os burgueses não
queriam que os caciques, escolhidos por eles, pagassem bem aos índios. Porque
isso faria com que seus serviçais se revoltassem. Dizem que no mundinho, o
representante dos serviçais é de confiança dos burgueses. Vive bem, garante o
seu e não precisa brigar pelos seus representados. Os acordos não ocorrem nas
reuniões às claras. Eram feitas em esconderijos, sempre. Um dia, alguém disse
que quem fica de frente para o patrão, vira as costas para o povo. Alguém disse
e morreu pobre.
O poder no
mundinho
A disputa
pelos espaços de poder no mundinho também é altamente voraz. Há lobos vestidos
em pele de cordeiro. Eles berram como bons cabritos de quatro em quatro anos
para garantir o leitinho da família. Há lobos mais espertos, que sabem
maltratar suas presas para arrancar delas a maior quantidade possível de seu
sangue. Pelo poder vale tudo.
Como mudar o
mundinho
Desista, se
você acha que é possível. A minha melhor tese é de que a mudança do mundo só
pode ser feita a conta-gotas. Pegue uma causa, não espere reconhecimento ou
divulgação na mídia e seja feliz. Não promova reuniões onde seus amigos vão
encher a cabeça de álcool. Eu decidi ouvir quem tem dificuldade, emprestar uma
mão amiga dizendo “estou aqui se precisar”. Ponto final. De resto, sigo vivendo
no mundinho. Um dia posso até sair de dentro dele. E com a certeza de que nunca
pertenci a esse sistema. Ao menos até agora.
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