terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Reflexões sobre o mundinho


O mundinho em que vivemos

Num instante, uma foto inundou as redes sociais condenando a maior empresa do mundinho. Todos aproveitaram para criticar, se revoltar, afinal se provou que os grandes maltratavam os pequenos. Não sei, todo mundo pode errar. Gigantes ou nanicos. No mundinho, os primeiros a defender os grandes foram aqueles que recebem as migalhas deles. Claro, os ratos sempre se contentam com um pedacinho de queijo deixado pelos cantos da casa depois do lanche do patrão. Normal até aí. É só uma situação. Muitos telefones tocaram no mundinho. Embora o fato tenha se tornado público com a força da internet, oficialmente ninguém falará. E no mundinho isso é aceito porque a pequenez já faz parte do lugar. Acostume-se. O dinheiro compra tudo. E se você falar que a mortadela do patrão não presta, amanhã não terá mortadela na mesa. Capiche?


A inveja no mundinho

No mesmo mundinho impera a inveja. É uma questão histórica que vem desde o índio que desejava receber mais espelhinhos dos portugueses do que o seu colega de oca, da zona norte. Os caciques de uma oca privilegiada garantiam remunerações altíssimas aos seus. O mesmo não ocorria com quem trabalhava para os burgueses comerciantes. E quem afinal representa os interesses de todos? Os burgueses não queriam que os caciques, escolhidos por eles, pagassem bem aos índios. Porque isso faria com que seus serviçais se revoltassem. Dizem que no mundinho, o representante dos serviçais é de confiança dos burgueses. Vive bem, garante o seu e não precisa brigar pelos seus representados. Os acordos não ocorrem nas reuniões às claras. Eram feitas em esconderijos, sempre. Um dia, alguém disse que quem fica de frente para o patrão, vira as costas para o povo. Alguém disse e morreu pobre.


O poder no mundinho

A disputa pelos espaços de poder no mundinho também é altamente voraz. Há lobos vestidos em pele de cordeiro. Eles berram como bons cabritos de quatro em quatro anos para garantir o leitinho da família. Há lobos mais espertos, que sabem maltratar suas presas para arrancar delas a maior quantidade possível de seu sangue. Pelo poder vale tudo.


Como mudar o mundinho

Desista, se você acha que é possível. A minha melhor tese é de que a mudança do mundo só pode ser feita a conta-gotas. Pegue uma causa, não espere reconhecimento ou divulgação na mídia e seja feliz. Não promova reuniões onde seus amigos vão encher a cabeça de álcool. Eu decidi ouvir quem tem dificuldade, emprestar uma mão amiga dizendo “estou aqui se precisar”. Ponto final. De resto, sigo vivendo no mundinho. Um dia posso até sair de dentro dele. E com a certeza de que nunca pertenci a esse sistema. Ao menos até agora. 

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