quarta-feira, 10 de abril de 2013

Revolução


Que tipo de pensamento é esse que enxerga o copo cheio de água, mas teme que ele transborde e suje a mesa? Medo, preocupação? Um revólver é descarregado em meio à madrugada e o sangue se espalha no esgoto que corre a céu aberto numa rua sem iluminação. A família do traficante morto não pode sentir a dor de sua morte? Opiniões não são como tiros porque não matam uma posição defendida anteriormente. Elas estão na roleta russa e a qualquer momento podem ser disparadas e magoar ou não. 

A revolução que prometeram não bateu à porta de sua casa. A conta do IPTU chegou, mas tudo continua igual nos serviços que lhe são oferecidos. Ninguém enviou medalhas para pedir perdão, embora a guerra tenha levado seu irmão para outro plano. E é fraqueza ajoelhar-se pela dor? Como você pode julgar a capacidade de alguém não sobreviver ao mundo que foi criado e decidir viver ébrio pelas ruas? 

A condenação é ser jogado num sistema onde você evolui naquilo que não deveria ter se tornado. Que sistema é esse que te torna livre para ser mantido dentro de leis que você não concorda? Ninguém está interessado se a droga foi comprada por uma doença, se a doença tornou quem queria fugir preso a uma realidade distorcida ou abstrata.

Que tipo de pensamento impede que uma ideia contrária se manifeste sobre a posição do mundo em relação ao egoísmo enclausurado na hipocrisia mundana? Não há conclusões sobre as ofensas que foram ditas no trânsito, com rainhas e reis de barrigas cheias em suas majestosas carruagens metálicas.

Como pode amar ter exatamente as mesmas palavras que arma? Se você descarregar o amor na direção errada, quem se fere é você. Quem foi que ligou o coração ao sentimento, se ele só serve pra te manter vivo? Mas há uma revolução amorosa em andamento desde que as contas do motel foram divididas, contrariando tudo que a moral e bons costumes previam. Você pode sair e desistir, você pode pedir agora o perdão para encontrar o seu lugar entre os bons lá no céu. 

E pode desafiar o vencedor dos jogos, enfrentar o melhor e ganhar. E se ganhar, será a glória, será seu dia aquele em que todos esperavam para ver construídos seus elefantes brancos que trouxeram a prosperidade para dentro das casas que aqueles que são importantes jamais tocaram, porque só viram na televisão e vibraram porque esta era a sua paixão. E com paixão, não há sanidade plausível, não há argumentos. 
Mesmo que traído, roubado, o amor te cega os olhos e você sorri. Mesmo que o mundo inteiro condene a sua felicidade. Mesmo que a felicidade inteira não caiba mais aí e precise florescer nos campos onde vocês se beijaram pela primeira vez, olhando para as nuvens e enxergando cacos de vidro como se fossem diamantes. 

sábado, 6 de abril de 2013

O vídeo e a irresponsabilidade institucionalizada


Antes que eu fale do vídeo que causou a maior polêmica da cidade esta semana, onde crianças aparecem apenas de roupas íntimas numa festa (?) e sendo filmadas e expostas na internet, deixem que eu fale rapidamente sobre um lance pessoal. Escrevi essa semana um texto ruim, que foi jogado no meu blog e compartilhado dezenas de vezes na internet graças ao Facebook. Não vou entrar no mérito do texto, quem quiser ler, ele está aí no blog. Ele recebeu todo tipo de crítica válida e até alguns ataques que me impediram de dormir durante a semana (mentira).

Quis o destino que um dos meus escritos ruins tivesse repercussão maior do que tudo que já escrevi na vida, e olha que não é pouca coisa. 8 mil visualizações até ontem, mais de 100 comentários Tem notícia histórica de conquista da UFSM, cobertura das duas últimas eleições com entrevistas exclusivas com os prefeitos eleitos, reportagens e até mesmo algumas crônicas que eu pessoalmente adorei que não chegam a 10% disso. Essa valorização que nosso cérebro automaticamente dá às notícias negativas é o que me impressiona e magoa.

Eu posso ter feito coisas incríveis, que sequer se aproximam de um texto infeliz? É a velha máxima: não importa quantas vezes você acerte, se errar estará condenado eternamente. Agora, eu sei como o Lula se sente por ser ligado ao escândalo do mensalão. Não deve ser fácil. Mas é isso, vamos à polêmica que vocês tanto esperam.

Fiquei impressionado com o número de pessoas que desejava ver o vídeo que foi comentado, reservadamente, ainda antes que publicássemos o assunto no jornal. Somente hoje percebi que estamos diante de uma irresponsabilidade institucionalizada em relação ao que estamos oferecendo para os jovens em termos de entretenimento. Vamos falar de fiscalização.

Acredito que o Conselho Tutelar e a Prefeitura foram completamente omissos em relação àquela festa, assim como ao que acontece nas outras. Aliás, o clube também tem responsabilidade porque deveria, no mínimo, saber que tipo de evento ofereceria para seu público – mas isso não me soa, como leigo, tão grave para provocar uma interdição. É uma questão de orientação e regulamentação, acredito. Vamos além.

Não sejamos hipócritas de achar que somente um clube tem problemas desse tipo, até porque quem divulgou o dito evento é concorrente da SUC e repentinamente se calou e será também responsabilizado, pois promoveu a festa cujo conteúdo não era adequado a menores de idade! E isso quem afirma não sou eu, mas a promotora de Justiça. Todos sabem que alguns funks possuem uma forte apelação sexual, não são canções de ninar.

E outro fator que não pode ser esquecido - a irresponsabilidade das famílias. Uma menina que apareceu no vídeo somente de calcinha e sutiã (e não foi a primeira vez registrada em vídeo) foi vítima de tentativa de abuso sexual no ano passado. Que orientação ela recebeu em casa depois desse episódio? E do poder público? Surtiu efeito? Não. Eu não sei vocês, mas não acredito que uma criança de 13 anos tenha consciência de seus atos. Ela precisa de apoio, orientação, no mínimo. E nem precisava dessa maldita condenação que faço aqui também.  

Todo esse episódio gerou uma discussão, algo positivo em meio a toda a polêmica gerada. Comecei a refletir sobre os movimentos que temos, onde até menores de idade, que não podem comprar álcool nem cigarro, se posicionam a favor da descriminalização da maconha. Reflitam, senhoras e senhores! Não seria hora de revisar a legislação sobre os jovens, estas não estariam defasadas se levarmos em consideração o acesso à informação que se tem hoje? A discussão sobre a maioridade penal não é nova, é polêmica e as pessoas não querem discutir. Durante essa questão do vídeo, muitos questionaram por que dar importância para o tema. Eu sempre penso que discutir é mais importante do que fechar os olhos. E tem gente que só quer abrir os olhos para assistir ao vídeo...

terça-feira, 2 de abril de 2013

Mulher usada


Não gosto mesmo de mulher usada. Essas que todo mundo andou colocando a mão (e outras coisas) e saiu falando. Na verdade, eu não tenho nada contra elas desde que não se coloquem num pedestal onde se tornam a última maravilha do mundo. Até porque não são! Como homem, acho que posso dizer que a maioria de nós não quer ter uma mulher usada. A não ser que seja para usar, compreende?

É claro que isso é machismo, se não gosta vai procurar algum texto da “Isabella qualquer coisa” ou aquele lance romântico do Caio Fernando de Abreu que circula pelas redes sociais. Não é pra ser bonitinho, mas verdadeiro. Quando um cara sai pra escolher o carro que deseja comprar, ele não vai querer o que está rodado. Por que namoraria uma mulher cujo motor já está amaciado? 

As mulheres usadas são como os carros nas revendinhas de esquinas. Estão com a lataria em dia, saradas, a cor não está desbotando e o motor jamais nega fogo. Mas a quilometragem não faz com que sejam confiáveis. Vez por outra, um mané vai comprar a caranga. E vai perceber que ela gasta muita gasolina e tentar se livrar rapidamente. Eu não gosto de dizer que uma mulher é fácil. No passado, gostava de tirar a prova sobre isso. Hoje, as vejo se condenando umas às outras por ter ficado com fulano, transado com ciclano. Aliás, é tão lindo esse nível de amizade feminina que acaba por causa de um cara qualquer. Impressionante como são competitivas para situações absurdas. 

Eu fico imaginando como será quando essas meninas acordarem para a vida e perceberem o que fizeram da vida. Não acho feio ser vagabunda, seja lá a definição que vocês querem dar a isso. Acho feio querer pagar de santinha quando o máximo que se ajoelham é para pagar um boquete pro cara no banheiro da boate. E nada mais. E sei que nenhuma mulher usada vai argumentar contra isso porque carro usado não tem acessórios, tipo cérebro.