quinta-feira, 27 de junho de 2013

Toque o meu coração

Quero me distanciar de tudo que preocupa a minha mente e encontrar um lugar de paz. Não quero procurar no fundo da garrafa de uísque a tranquilidade que eu tinha quando pescava traíras com meu coroa num açude. Agora, as traíras vestem ternos e andam em carros pretos, como os fúnebres.

Quero encontrar algo com força capaz de tocar meu coração, e que seja realmente profundo e provoque lágrimas de emoção. Algo como um abraço da mãe, que acabe com um “eu te amo, mano”. Mas não tenho o direito de tirar da paz do sono de descanso que ela tem. E eu só queria poder dormir em paz também.

Tento ser forte o suficiente, só que sempre é preciso que alguém nos lembre que não estamos sozinhos. Pessoas que tocam nosso coração com uma palavra do tipo “eu te entendo”. E qualquer música com uma mensagem positiva que faça esquecer o que incomodava. O que incomodava?

Sinto que fiquei preso num momento ruim da vida e parece que não dá pra sair dele, como um clipe que fiquei procurando do U2, onde um cara erra um tiro livre no futebol americano. A cena se repete diversas vezes e no fim o cara se torna um velho que limpa o campo, em vez de um astro do esporte. Mas por que é ruim ser o cara que cuida do campo? Isso não precisa necessariamente torná-lo infeliz, ou sim?


E a música fica batendo aqui e dizendo “tu é um otário por se preocupar”. Mas no final da canção, o Bono fala: “é só um momento, isso vai passar”. E ouvir isso é algo que toca o coração e provoca lágrimas que trazem uma sensação de paz. 

domingo, 23 de junho de 2013

Precisamos da Copa do Mundo?

Tem Copa do Mundo o ano que vem aqui no Brasil e a proporção de pessoas que estão se lixando para isso é enorme. Que bom! Preciso dizer que amo futebol. Sou torcedor do Internacional e acho maneiro que a Copa seja aqui no Brasil, porque talvez eu consiga ver um jogo entre seleções. É agora que todo mundo me crucifica? Pois bem.

O que eu não concordo é que tenhamos um evento festivo como a Copa do Mundo enquanto nossos hospitais são uma vergonha em termos de estrutura, enquanto eu vejo gente indo no Plantão e não tendo médico lá para atender, e a situação das escolas. Fui convidado para uma palestra aqui na cidade ano passado e esta foi transferida porque uma chuva havia alagado salas de aula e o auditório. Deixa pra lá qual era a escola. Essa realidade é da maioria. Há problemas de estrutura, há falta de professores... Dito isso, eu não acho que esse momento é o de termos uma Copa.

Vou trazer a coisa para o lado pessoal e imagino que a maioria de vocês vai me compreender. Bem, meu salário de jornalista me garante uma vida bacana, sem muito luxo. Aliás, eu tenho que abrir mão de muitas coisas que gostaria de fazer em virtude da situação financeira. Exemplo: eu gostaria de conhecer a Europa, fazer um tour por lá, conhecer alguns lugares diferentes, culturas novas. Uma viagem, sim. Ou comprar um carro do ano, quem sabe.

Minha namorada é provavelmente quem mais sofre com isso, porque a gente não sai na noite com a mesma frequência que outros casais. Os presentes que ela ganha não têm tantos diamantes como o que outras meninas recebem. Na verdade, eu confesso. Nunca dei uma joia pra ela. Só que isso funciona assim porque eu sei o que posso comprar. Então, eu abro mão de fazer festas e desses lances para pagar a conta de luz, de água, a internet, celular. Alimentação também, porque deve ter um malandro que pensou “ah, esse gordinho deve comer que nem louco”. Enfim. Claro que eu poderia pegar e ir no banco e mexer nas minhas reservas e fazer uma loucura: “vamos pra Itália, quero conhecer o Coliseu”. Mas aí, o que eu faria quando tivesse um problema inesperado em casa como aconteceu há pouco tempo com o temporal?  

É preciso ter prioridades. Fico realmente triste quando o governo prioriza investimentos fortes em estádios e esquece a saúde, a educação e todo lance que vocês estão cansados de saber. Se eu sou contra a Copa? Não, eu amo futebol. Mas será mesmo que não era possível aplicar recursos em todas as áreas que precisamos da mesma forma? E olhem: eu nem falei da corrupção nas obras – o que não é exclusividade de estádios. O calçamento de ruas tem superfaturamento!

E depois, ainda tem gente que não entende quem está protestando. E tem gente que quer criticar os protestos porque aparentemente só quem é de esquerda pode se manifestar. Ou só quem foi torturado. Ah, que bela democracia essa...

domingo, 2 de junho de 2013

Envolvimento emocional

Não acredito em nenhum relacionamento que não tenha envolvimento emocional. Não acho que nada na vida possa prosperar se as pessoas não colocarem um pouco de sentimento naquilo que fazem. Isso vale para relação de pais e filhos, de namorados, de casais ou de amantes, e até mesmo em ambientes profissionais. Se eu tiver que escolher um dia um profissional para uma empresa, vou querer aquele que se dedica ao trabalho como uma extensão de sua vida, que vibre e tenha paixão pelo que faz. Tenho diversas coisas nessa vida que amo, mas isso não significa que não reclamo, muito antes pelo contrário. Talvez eu faça terapia um dia para me entender. Até lá, eu discuto meus problemas com vocês que têm paciência.
Certamente, que brigas ocorrem e tem horas que sonhamos com um feriado para nos vermos livre do trabalho, só que isso não significa que não amamos o que fazemos. Ou significa? Vou parar de falar por nós e falar por mim porque não sei o que vocês pensam. O texto publicado no jornal é frio, embora eu tire esses pensamentos do coração. Mentira, é do cérebro. O coração não pensa, é só uma jogada de marketing. Escrevo aqui porque gosto. E gostaria até de ser mais simpático ao agradecer às pessoas que apreciam meus textos. Porém, ainda não aprendi a ser falso, por mais que tenha convivido com prefeitos, vereadores e deputados nos últimos anos.  Deixa pra lá...
Foi por falta de envolvimento emocional que um dos meus relacionamentos passados não teve continuidade. Lembro de um lance, com Lis, há uns oito anos, que era baseado somente em sexo. Sim, essa coisa de corpo que não desperta sentimento – apenas faíscas. Tenho certeza que todos já tiveram uma relação com alguém que era somente desejo carnal, tesão e outras palavras que os puritanos preferem não pronunciar. Conheci Lis em meio ao trabalho, ela era casada. Coxas fartas, siliconada, talvez o marido tivesse pago pelos seios perfeitos.
Como trocamos telefones para a reportagem, e nos falamos alguns dias depois, ela confessava os problemas de sua relação. O esposo não dava a atenção que ela precisava. “Ele chega sempre cansado e ignora meus desejos. Você me viu, Vini! Acha mesmo que não mereço carinho?”. Pensem na resposta ideal para essa pergunta, porque a minha foi um desastre. Eu não sentia nada por Lis além do desejo. Queria arrancar as suas roupas de grife, a começar pelos sapatos de salto que tocavam uma sinfonia quando ela se aproximou de mim pela primeira vez.
Acabamos transando, e foi dessas coisas de cinema. Filme pornográfico, eu diria, mas ainda assim algo de cinema. Só que não teve futuro. Não havia envolvimento emocional. Ao menos, não de minha parte. Não havia paixão. E sem paixão, não há vida. É por isso que muitas coisas no mundo me revoltam hoje em dia. Não há emoção. Há adoração ao dinheiro, ao status, ao poder, mas o amor está em segundo plano. E depois, são chifrados e não sabem por que.