quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Labirinto antropofágico

O artigo abaixo é de autoria de Cleiton Santos, cachoeirense, jornalista residente em Santa Cruz do Sul há 10 anos. * Ele mantém o título eleitoral em Cachoeira e anulou o voto para prefeito nas últimas eleições por "absoluta falta de opção". Boa leitura


“É cada vez mais evidente que os antropofágicos corredores da Prefeitura estão “engolindo” os prefeitos e assessores”

O já falecido político Pedro Germano, por muitos considerado o último grande prefeito de Cachoeira do Sul, disse que a Prefeitura é um labirito e o chefe do Executivo que não estiver cercado de quem conhece os caminhos, se perde. Acompanhando diariamente pelas páginas “virtuais” do Jornal do Povo, é cada vez mais evidente que os antropofágicos corredores da Prefeitura estão “engolindo” os prefeitos e assessores.

Creio que não é necessário nominá-los, mas desde a década de 70 não se vê alguém assumir a Prefeitura sabendo o que vai fazer. Não há um plano de desenvolvimento e, sequer, de gestão administrativa. Falo de 40 anos. Que empresa sobrevive a 40 anos de erros e falta de capacidade administrativa? Ou melhor, se referindo aos médicos, médiuns e “similares” que se sucedem à frente do Paço Municipal, que paciente caquético sobrevive 40 anos com soro fisiológico e Fontol infantil?

A Prefeitura de Cachoeira do Sul é uma geringonça desgovernada, sem freios, ladeira abaixo. O pior é que acorrentada a ela está a cidade, sua economia e sua gente. Me refiro aos 86 mil remanescentes, que o Censo indica, teimosos, permanecerem à espera de um milagre econômico proporcional a umas 100 Granol. É claro, sonoro, gritante, que não há um plano administrativo para Cachoeira. A impressão que dá é de que o plano central é assumir o Executivo Municipal, subir ao altar do poder e satisfazer egos pessoais, reunir amigos para uma boa mamada na “Barrosa” como se fosse um churrasco na “laje”. Afinal, dizia um slogan da década de 80: “aqui se planta, se cria e se vive”. Mas vive como, cara-pálida? Com que perspectiva?

Depois de alguns meses, os administradores se deparam com o tamanho do monstro, pegam um mata-moscas e tentam afugentá-lo. E apagar incêndios. Muitas vezes chegando ao cúmulo de serem alertados do incêndio pelo jornal. As ações são amadoras, os administradores pecam pelo desconhecimento e as trapalhadas. Mas a turma é animada e o pagode vai rolando... E a laje vai ruindo.

A crise do Fundo de Participação dos Municípios pegou muitos Paços Municipais de calças na mão, sem dúvida. Mas como diria o “filósofo” popular Mano Lima: “É no estouro da tropa que se vê se o índio é bueno”. O que estarrece, preocupa, assusta e intimida é perceber que diante da crise financeira, Cachoeira “Limpa” do Sul vive uma crise de comando. De renovação política e de visão administrativa. É um festival de desculpas esfarrapadas. E a culpa é da crise, do Dnit, da chuva, da seca, dos vândalos, do antecessor, da economia... Engraçado que não mudam nem as moscas, mas os culpados sempre são os outros.

A desculpa de maior destaque que se tem ouvido últimamente (ou lido) é que “a Prefeitura não sabia”. A Prefeitura, o prefeito, os secretários, os prováveis responsáveis por um setor (afinal as criaturas são nomeadas para uma coisa e fazem outra, segundo notícia do JP), nunca sabem de nada. Não sabem dos investimentos do Imec que flutuam em direção a Rio Pardo, não sabem dos investimentos da Roullier (aliás, nem do nome do presidente que esteve com o prefeito), não sabe quanto custa o Enart... E por não saber não há uma contraproposta para nada. Nem sequer uma resposta convincente. O problema não é faltarem R$ 10 mil pro Enart, é dar R$ 100 mil pro Carnaval e faltar para o Enart, a Vigília, a Feira do Livro e muitos outros eventos. O problema não é arrecadar mal em 2009, é nada fazer para que em 2010 se arrecade melhor.
Sinceramente, alguém acredita que a Administração Municipal sabe de alguma coisa?
Qualquer um, capaz de juntar mais de dois neurônios, é capaz de saber de uma coisa: para onde vai a administração municipal e, de arrasto, Cachoeira e os cachoeirenses. Ao buraco. Para os médicos e “similares” que “atrapalhoministram”, acostumados a operar hemorróidas, ver a cidade por este prisma não será nenhuma novidade. Pensando bem, para o cachoeirense, que já está se acostumando, também não.

O pior é que na próxima eleição se a coisa não continuar como está, tende a piorar. Há 40 anos é assim...

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