Ainda vou escrever um livro sobre uma terra que era habitada por senhores donos da verdade, que habitavam casas de luxo em um canto de uma pequena cidade e se vestiam com roupas alinhadinhas compradas na única loja de grife daquela pequena cidade. Eles gostavam de se mencionar intelectuais graças aos recursos que possuíam depositados em suas contas bancárias, como se isso fosse realmente demonstração de inteligência. Alguns até poderiam ser assim classificados, mas a grande maioria sequer merece adjetivos. Eles diziam-se preocupados com causas sociais, mas jamais haviam pisado nas periferias. Diziam que queriam mudar o mundo, mas só queriam encher o bolso e arrotar suas vaidades em festas regadas a champanhe.
E se por acaso eu citar nomes e fatos, ainda vou ser processado por este livro. E se o livro vender, quem sabe não fazem um filme sobre a terrinha das vaidades? Naquela terrinha das vaidades, bradavam vozes de pessoas que diziam fazer coisas pelo bem da comunidade, mas na verdade eles sempre tinham interesses diretos no assunto e sempre tinha algo a ver com dinheiro ou prestígio político. Se diziam políticos e talvez realmente o fossem, no pior significado da palavra. Talvez se algum dia meu texto melhorar e eu possuir mais condições técnicas de refletir sobre assuntos ainda mais sérios, eu consiga explicar os motivos do não desenvolvimento daquela terra: justamente seus habitantes.
E talvez, mas só talvez, eu me permita desistir de uma luta estúpida pelo melhor daquela terra e passe também a querer o dinheiro. Sim, pois também experimentei daquela sociedade vazia e avarenta, também nasci naquela comunidade mesquinha, falsa, traidora e vigarista. Como filho daquela terra, preciso roubar algo de algum familiar e mesmo assim ser idolatrado nas rodas sociais, preciso ser acusado de crimes e mesmo assim ser lembrado nos jantares importantes. E no livro da terrinha das vaidades, também serei um pregador de moral de cuecas e depois, quando for um idiota chato que conta piadas imbecis, serei homenageado em um evento e vou ter que pagar para merecer esse reconhecimento inútil...
Um comentário:
eu li em primeira mão, de novo! hahahahaha 8)
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