segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quanto mais ignorante melhor

Este ano estamos vivendo uma das eleições mais interessantes de toda a história do país, embora no fundo todas as práticas já conhecidas estejam acontecendo mais uma vez, lamentavelmente. Mesmo assim, esta é, sem dúvida, a eleição mais aberta de todas graças à explosão da campanha em redes sociais como o Twitter, uma poderosa rede social capaz de disseminar um pensamento para milhares de pessoas em segundos.

Mas se analisarmos alguns números vamos entender por que provavelmente seguiremos sendo governados por políticos da pior estirpe, daquele tipo que faz projeto populista (quando faz um) ou que esconde grana nas cuecas, meias e no... Melhor nem imaginar onde eles vão colocar os seus impostos. A análise é simplista, com base em dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral. Hoje somos 135,8 milhões de brasileiros aptos a votar no mês de outubro. Deste total, 5,9% são analfabetos, outros 14,6% sabem ler, mas não freqüentaram a escola. E fica ainda pior: um terço da população sequer completou o ensino fundamental.

Com estes dados, eu imagino que estou enquadrado nos cerca de zero vírgula qualquer coisa por cento que entendem e acompanham a política de perto. E afirmo que jamais me interessei por este assunto por influência da escola, somente depois que ingressei na carreira do jornalismo e que passei a fazer semanalmente a cobertura do cotidiano parlamentar da minha cidade. Já vi muito amadorismo, ignorância, boa vontade e descaramento puro em três anos nesta experiência.

Portanto, as conclusões de tudo isso que escreveu é que somos um país formado basicamente por cidadãos de pouco conhecimento. Minha situação escolar, de não ter sofrido qualquer influência para compreender a política, parece ser comum de uma forma geral. Isso porque o que alguns políticos menos querem é que tenhamos compreensão do que realmente eles fazem. E são justamente eles que poderiam mudar a política educacional e valorizar os professores para que eles se preocupassem mais com a tarefa de formar para a vida.

Mesmo com todo esse negativismo e com a vergonha que são os investimentos em educação no nosso país, eu ainda acredito que o país tem condições de dar um recado diferente em outubro, tirando de alguns bandidos as suas cadeiras cativas no poder. Porque nós podemos até ser ignorantes, mas não vamos continuar sendo burros. Ou será que vamos?

Um comentário:

Anônimo disse...

Ser jornalista requer não só apuro formal e conhecimento do que se diz, como também ética e respeito com aqueles a que se dirige a palavra.
Em pouco tempo, tu ganhaste espaço e reconhecimento em um jornal de uma cidade do interior, que embora exista há décadas, nunca foi sinônimo de informação de qualidade.
Penso ser louvável uma pessoa sem formação acadêmica algum ganhar espaço na mídia local de uma cidade.
Porém, como enunciador, não basta apontar fatos, é preciso prová-los, é preciso produzir um efeito de realidade com elementos reais, mesmo que o seu dispositivo de enunciação molde seu tempo e espaço.
É preciso responsabilidade com as palavras. Palavras não podem ser atiradas em um texto deliberadamente. Vocábulos tem poder.
A informação é poder. E dá poder, mas também o tira.

Vai com calma, guri. Teu potencial é notável, mas atirar pedras em todos não é a maneira mais correta de se fazer jornalismo nem é jornalismo
.
Conhece Gay Taleese, Tom Wolf? Pois deveria.

Procura aprender um pouco mais do jornalismo e as responsabilidades que a profissão implica.