O velho embaralhava as cartas enquanto falava, demonstrando sua sabedoria e simplicidade ao comparar a complexidade da vida a um jogo de Poker. Ele ajeitava os óculos devagar, distribuía as cartas e fazia sua reflexão. Era algo mais ou menos assim:
“Olha, guri. Se você prestar atenção, a vida é um jogo de Poker, um grande torneio. Todos são jogadores, você vai perceber que alguns tem mais fichas que os outros. Vai se surpreender como os que têm mais recursos esbanjam em jogadas praticamente inúteis, enquanto outros conseguem sobreviver na disputa mesmo estando sempre no limite de suas finanças”.
Ao pegar algumas fichas para apostar, o velho olha para o horizonte e encara o garoto, atento, que tenta aprender a ganhar uma partida daquele novo jogo. “Talvez uma das coisas com que você vai se surpreender é que há diversas formas de vencer na vida, assim como no Poker. Para alguns, basta ter sorte, um lance de sorte, um momento. Pode ser a última carta aberta em cima da mesa, aquela que completa uma sequência e te faz vibrar com as fichas conquistadas”. Lentamente, ele para de falar para preencher o copo com mais uísque, que bebe como se experimentasse o último sabor da vida. Depois de repetir o ritual em um novo gole, ele continua.
“Há ainda os competentes, que sabem analisar sua posição na partida, seus recursos e esperam o momento certo para apostar alto, para sair de seu casulo e buscar o sucesso. Não são franco-atiradores, eles não apostam tudo, não sem conhecer o terreno, sem ver as primeiras cartas do flop serem abertas. Eles esperam um straigh flush, um full house, e garantem a vitória na base da competência, do cálculo, do controle”. Ao tirar uma carta da manga, mostrando um ás, o velho prossegue sua reflexão.
“E existem ainda, garoto, aqueles que roubam e mentem, que se aproveitam da inocência, inércia ou imperícia dos adversários para acumular mundos e fundos. Assim é o Poker, assim é a vida. O seu comportamento também muda como no jogo. Em mãos onde você perde constantemente, o chamado downswing, você precisa parar e refletir. Precisa pensar se está no caminho certo, assim como não pode se empolgar quando acumular vitórias. Você precisa ter o controle do jogo, mas é claro que para isso precisa aprender a lidar com suas emoções. Então, aprenda a jogar, conheça e respeite seus adversários, e quando achar que está tudo perdido, analise seu momento e aposte todas suas fichas, pois enquanto as tiver haverá esperança”.
Um comentário:
Eu já levo a vida com "paciência" para fazer uns "pifes" em alguns "buracos".
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