Desde que foi anunciado, procurei me organizar para assistir ao show do Pouca Vogal. Eu nunca fui o que se pode chamar de fã incondicional das bandas Cidadão Quem e Engenheiros do Havaí. Mesmo assim, sempre fui admirador de música de qualidade e somente isso já valia para me fazer separar uns trocados do apertado orçamento para investir numa noite de lazer e cultura. O show começou com míseros 19 minutos de atraso, para uma Sociedade Rio Branco lotada acompanhar. Vi algumas pessoas reclamarem, e logo me lembrei do atraso de três horas que o Guns deu a seus fãs quando vieram ao Brasil na última vez.
O cartão de visitas da banda parece ser a simpatia, incluíram uma homenagem a Cachoeira do Sul no meio de uma das músicas. É o tipo de coisa que ganha a torcida. Mas o Pouca Vogal nem precisava disso para agradar. Quando Gessinger e Leindecker começam a cantar seus sucessos de outrora, músicas gostosas de ouvir e dedilham sua habilidade no violão, não há como não se encantar. Não parecia de verdade assistir àquela multidão que se aglomerava na centenária cantando em coro “sonhos que podemos ter”.
Lembro dessa música e desse trecho em especial por algum motivo pessoal, algo como a necessidade de seguir acreditando. É incrível como o Pouca Vogal prova que o rock precisa de músicos com talento para escrever sucessos inesquecíveis, atemporais e para dedilhar solos que fazem você pensar que violão tem vontade própria. As músicas são leves, sem refrões cansativos e a mistura de capacidades de Duca e Humberto é qualquer coisa diferente de tudo que já assisti.
Ainda não havia tido a oportunidade de ver ao vivo o Engenheiros, então foi surpreendente ver Gessinger no palco. Um dos momentos daquele show que vão ficar voltando na minha memória é de quando Duca cantava e Gessinger estava absorto em um mundo paralelo. “O cara sente a música”, foi o que veio no meu pensamento na hora. De cabeça baixa, os longos cabelos loiros ocultavam as notas que eram tiradas no violão, os pés batiam no chão ao ritmo da canção. E ao final de cada música aplausos. E se tudo isso não fosse suficiente, o Pouca Vogal se despede agradecendo à cidade. E a madrugada de domingo ia acabando numa Páscoa embalada com música de verdade, como poucas vezes esta cidade assistiu. E teve gente que preferiu não assistir ao show por cerveja mais barata e que depois reclama que “Cachoeira nunca tem nada”...
Um comentário:
Falou tudo!
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