quarta-feira, 25 de maio de 2011

Um lance inesperado

Aquele lance começou de um jeito completamente inesperado. Ele bêbado, ela cansada das piadas sem graça. Um jantar na casa de amigos, algumas trocas de diálogos provocativos e sem nenhuma intenção de agradar de nenhum lado. E eles não saberiam explicar como o desenlace ocorreria, como a noite seguiria e como seus lábios se encontrariam. As meninas arrumavam a mesa e conversavam sobre a faculdade e a marcação dos professores. Os guris comentavam sobre o último campeonato de futebol e discutiam que time, afinal, era o melhor.

Até que Paulinha resolveu quebrar o ambiente entrando no papo deles. “Não sei o que vocês querem discutindo. Vão falar disso para o resto da vida e não vão convencer ninguém a mudar de ideia”. Marcos sorriu ironicamente e debochou: “mas pelo menos não falamos de roupas de outros guris nem criticamos que a maquiagem da fulana estava horrível numa festa. Fica na sua aí, vai”. Ela se desconcertou, pensou em faltar com a educação com o rapaz, mas ele já havia se voltado para os amigos mais uma vez, a ignorando completamente.


Paulinha sentiu que precisava retrucar e esperou o momento certo. É engraçado como estas cenas se desenrolam e como o desejo de vingança nasce de situações praticamente banais. Logo, os rapazes passaram a falar de tipos de mulheres e Marcos não se pronunciava sobre o tema, só ia ouvindo as opiniões que pintavam. Foi então que Paulinha aproveitou para machucar, dizendo entender por que ele estava em silêncio. “Não deve ter experiência nenhuma para falar nada, porque mulher não gosta de homens grosseiros”. Mais uma vez, ela não esperava que ele rebatesse com desdenho. “E quem disse que estou querendo agradar alguém aqui essa noite? Já disse, fica na sua aí”. A menina resmungou algo do tipo “o que você pensa que é”. E essa frase é bastante comum nesses momentos.



Após a janta, não trocaram mais nenhuma provocação. Mas ela agora estava atônita com a forma ele bebia, os palavrões que dizia e os olhares que dava para suas amigas. Quando saíram dali para ficar em uma pracinha próxima, ela notou que havia passado a noite inteira pensando nele. E de uma forma completamente inesperada, ele aproximou-se e disse “e aí, tudo bem? Acho que podemos começar de novo. Tentei a noite inteira chamar a sua atenção do jeito errado, evitando até mesmo falar contigo. Agora, venho aqui desarmado, para você se vingar de tudo e me dar um fora bem legal”. Ela parou, não falou, não sabia o que dizer. Pronunciou de forma quase imperceptível um “olha”, mas não prosseguiu. Ele olhou para o chão, olhou para o rosto dela, indecifrável. Resolveu arriscar e se aproximou. “Pode ser um lance inesperado, mas preciso beijar você. Não me pede pra explicar por que, eu só preciso beijar você”. Ela sorriu e desarmou sua fisionomia, olhou para ele e respondeu apenas: “então beija”.


sábado, 21 de maio de 2011

Será que o mundo vai acabar?



Algumas coisas têm me feito refletir sobre o fim do mundo e as previsões malucas feitas por caras como o Nostradamus e outros que eu nunca li. Teve um tempo que eu curtia textos diferentes de escritores como Dostoiévski, Tosltoi, mas eu já passei pelo David Coimbra, LF Verissimo, Cervantes e... Bem, essa segunda linha foi só para me orgulhar de um passado em que eu lia coisas mais interessantes do que as atualizações das pessoas no Twitter. Sim, admito, me tornei um desses malucos que não sai do microblog. E incrível, foi ali que veio parte da ideia para este post. A outra parte veio de uma saída para a rua na tarde de hoje com minha namorada e algumas coisas que falávamos sobre nosso futuro e sobre o mundo atual.




Vejamos os exemplos de como o mundo está se transformando, falei pra ela. Comentei que ela iria se formar logo, trabalhar, ganhar muita grana e comprar uísques importados para mim. Era uma brincadeira para deixá-la indignada e, lógico, funcionou. Então, passei à fase de argumentação, a minha preferida sempre que inicio uma conversa (todo mundo gosta de ter razão, não?!). Falei que as mulheres estão assumindo postos de destaque e que hoje somos nós homens que ficamos em casa, enquanto elas vão às ruas trabalhar e caçar nosso sustento.




E como se esse argumento não fosse suficiente, citei ainda o nosso maior líder no país, que está muito perto de ser uma mulher, a Dilma. Desculpem-me as feministas, mas a Dilma tem qualquer coisa menos traços femininos. Ela parece mais àquelas tias que a gente sabe que vão acabar solteironas, saindo no meio da semana para jogar bingo ou que ficam assistindo ao programa do Silvio Santos fazendo tricô. E quando falei na Dilma, pronto! Acabou o assunto e ela concordou comigo sobre essas mudanças que o mundo vem enfrentando. Acho que a Dilma é uma espécie de orgulho para as mulheres, mas espero que elas lembrem que foi um homem quem a colocou lá! Mais tarde, depois de fazer algumas fotos de duas jovens meninas, outro sintoma dos tempos me foi passado. Aliás, provavelmente não seja regra, mas vou compartilhar com vocês.




Algumas gurias, nos dias de hoje, preferem se envolver com os rapazes mais novos. Elas dizem que estes se apaixonam com mais facilidade. Mas uma delas dava risadas ao me contar que havia terminado com um deles, e o pobre coitado chorou. Opa, como assim chorou? Antigamente, éramos nós que fazíamos elas chorarem.




E nem esse direito vai nos restar mais, de sermos cafajestes, será que o mundo está mudando tanto assim que seremos colocados dentro de jaulas e acorrentados aos desejos e devaneios femininos? E vamos ficar tristes e abandonados, nos restando apenas o futebol e a preocupação com a limpeza da casa para quando elas voltarem do passeio no shopping não nos encherem de porrada? Será que o mundo vai acabar? Porque se for ficar desse jeito, por mim que acabe!






Ah, eu já li e entrevistei o David Coimbra. Gente boa o cara...




segunda-feira, 16 de maio de 2011

O que temos para comemorar?

10 gols em dois jogos. Dá para sintetizar dessa forma a final do Campeonato Gaúcho. Isso significaria dizer que os ataques dos dois times são fabulosos, mas que ao mesmo tempo suas defesas são terríveis. Mas não é só isso. A primeira reflexão a ser feita é a falta de qualidade dos times. Tomara que eu esteja enganado, mas o que eles apresentaram em campo deve fazer com que terminem lá pelo meio da tabela do Campeonato Brasileiro. O louco mesmo é que todos estão terríveis, e a Libertadores e a Copa do Brasil estão mostrando isso. Talvez seja hora dos brasileiros acordarem e pensarem no que está acontecendo de errado.



O Brasil é o país que mais exporta craques, mas incrivelmente os clubes normalmente alegam crises tremendas na questão financeira. Qual o problema? Só pode ser um, gestão. Mesmo não conhecendo a realidade de nenhum deles de perto, não é preciso ser um gênio que os clubes daqui são comandados por fanáticos apaixonados, ao invés de dirigentes preocupados com resultados. Isso me faz pensar, que vá lá, será que temos corrupção até mesmo no mundo do futebol? Hein, Ricardo Teixeira, responde aí... Por enquanto isso não veio à tona, mas ainda está na memória o caso de apostas e daquele título nebuloso do Corinthians anos atrás.



Porque realmente, se pararmos pra pensar, o Brasil tem tudo para ter um negócio altamente lucrativo com o futebol. O país tem a matéria-prima e mão-de-obra de qualidade. O produto é bem recebido, pois rende as maiores audiências da televisão e os estádios. A torcida é apaixonada e comparece mesmo quando o time está na pior fase possível. Então, onde está o problema? Teorias devem existir aos montes e gente que enriqueceu graças ao futebol então nem se fala, desde o jogador descoberto na várzea, ao diretor de um time que de repente cresceu até aquelas meninas que engatam um craque e fazem o cara subir ao altar.



Mas afinal, depois deste último Gre-Nal, o que temos a comemorar? Os dois times gaúchos têm uma série de problemas, mas assusta particularmente quando não se vê os jogadores se entregar numa partida, como aconteceu com o Inter no jogo de ida da final. E o Grêmio tem um time operário, mas isso é insuficiente. Falta uma referência, e principalmente objetividade. Nos dois jogos, qualquer time que saísse campeão não seria surpresa. Os colorados vão comemorar o título regional, só que isso não apaga a eliminação da Copa Libertadores de forma inexplicável. Podem comemorar ter um dos poucos centroavantes goleadores em atividade no país. Os gremistas podem se orgulhar de contar com um dos melhores volantes em atualidade no Brasil. Mas até quando podem comemorar isso, já que a janela de transferências está pra chegar em breve?

sexta-feira, 6 de maio de 2011

VEM, UFSM

Grandes sonhos dão esperança, grandes projetos geram expectativa. Cachoeira do Sul respira nas últimas semanas esses dois sentimentos, ancorados na possibilidade de conquistar um projeto de extensão da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A proposta inclui a construção de um campus e oferta de ensino superior gratuito com cursos voltados para o desejo do Governo Federal, o ensino tecnológico. Recursos federais aportando na economia da cidade e da região, já não é um sonho apenas nosso, é uma bandeira que deve ser repartida com as cidades vizinhas.


O projeto para trazer a UFSM, cujo slogan simples e fácil de ser lembrado “Vem, UFSM” tive a honra de criar, quando iniciamos as matérias sobre o tema, ainda em 2009, no Jornal do Povo. Talvez por isso, eu sinta enorme orgulho de poder fazer parte deste movimento, com essa pequena contribuição. Projeto que começa a tomar contornos fantásticos a partir da mobilização dos jovens de nossa cidade, que vão, sim, liderar a mobilização popular. Os jovens antes criticados pela sociedade e que eu aprendi a respeitar ainda mais ao editar o jornal Formigão, que também acompanhará este pleito de agora em diante. A gurizada vai para as ruas, vai vestir sua camiseta, vai distribuir panfletos e adesivos, usar a internet e cooptar mais ajuda para este projeto.


Cachoeira não pode perder esta chance. Temos um projeto pronto, feito pela UFSM, que prevê cursos de tiro curto. Pela explicação dos integrantes da comissão da universidade que aqui estiveram, os acadêmicos que cursarem Bacharelado em Tecnologia, o BCT, poderão continuar sua formação em outros cursos. Ao final de cinco anos, o estudante sairia do Centro de Ensino Superior Centro Sul Cachoeira do Sul (Cesucs) formado em duas faculdades. Só isso já é incrível! Mas ainda temos que aprovar o projeto. Precisamos nos movimentar, nos organizar. O prefeito Sergio Ghignatti fez sua parte e merece ser lembrado por isso, tem seus méritos, principalmente quando nomeou uma comissão comunitária – compartilhando com os cidadãos esta iniciativa.


Instalar em Cachoeira um braço da UFSM não se trata simplesmente de construir uma escola de ensino superior. É acabar com o êxodo jovem ano a ano, que leva embora de nossa cidade estudantes em busca de formação e de crescimento profissional. É ver crescer a economia local através da educação, setor com maior capacidade de proporcionar o crescimento da sociedade. É ver gente chegando de todos os cantos para morar em Cachoeira, para estudar em Cachoeira e para trabalhar aqui. Formação intelectual, crescimento econômico, social. Tenho certeza que nossa cidade vai vencer essa disputa, pois não estamos concorrendo sozinhos, há adversários, mas nossa mobilização será muito maior que a deles. Vamos, Cachoeira todos juntos bradar: “eu quero UFSM em Cachoeira”!