terça-feira, 19 de julho de 2011

UFSM em Cachoeira! Mas para quem?

Antes que os críticos pensem, este não é um artigo falando mal da possível instalação da UFSM em Cachoeira do Sul oferecendo cursos superiores para mudar nossa perspectiva de futuro. É um pensamento, uma opinião, uma preocupação. Só isso, mais nada. Desde que se cogitou a possibilidade real da vinda da universidade federal para cá, fiquei agitado, esperançoso, criei expectativas e usei os meios possíveis para buscar informações sobre o que estava sendo trabalhado. Agora, estou apreensivo com os efeitos para depois da UFSM, se ela vir, é claro.


Ser bem informado é uma vantagem nos dias de hoje, você pode acionar as pessoas certas para fazer as coisas certas, mesmo que nem sempre tudo dê certo. Foi assim que o projeto nasceu no Gabinete da Crise e logo estava encaminhado à Prefeitura para os trâmites burocráticos necessários. Enquanto escrevo isso, ainda vivemos a dúvida se afinal o ensino federal presencial vai abrir as portas por esta cidade.


E fico impressionado com as discussões de bastidores onde alguns sentem inveja dos que lideraram o manifesto, ou tiveram alguma participação e serão lembrados por isso. Bem, parem e pensem quanta inveja há em tudo que se faz em nossa cidade. Sei que nossos políticos erram e não é pouco, mas somos tão raivosos que nem quando eles acertam, reconhecemos.


Minha preocupação, no entanto, é outra, mais pontual, talvez algo para pensarmos já, enquanto a UFSM não desembarca trazendo um salto de qualidade intelectual para nosso município. A dúvida que tenho é: para quem estamos trazendo a universidade federal? Não tenho dados estatísticos, mas quem tiver pode me ajudar dizendo se a maioria dos estudantes que são aprovados nos vestibulares das federais não são os oriundos do ensino privado.


E isso não é nenhuma posição contrária aos filhos de pais ricos que puderam proporcionar um ensino de qualidade diferenciado, até porque fui estudante do Colégio Imaculada durante quatro anos. Ou de pais que fazem das tripas coração para que seu filho possa ser um médico, advogado ou alguma daquelas profissões tradicionais que os coroas sempre sonham. Não, senhores! O motivo da minha preocupação é com a falta de investimentos na educação de base. Não adianta sonharmos somente com o ensino federal se nossa educação fundamental e média anda a passos lentos, se nossos professores não são valorizados para fazer com que os filhos de vocês se sintam motivados a estudar. É triste escrever o Formigão, conversar com jovens de escolas públicas e notar que seu planejamento não inclui uma faculdade porque isso ou não é incentivado ou se perdeu em algum lugar qualquer de seus sonhos. A UFSM é o desejo de quem está se formando agora, e de quem está próximo. Mas que educação estamos oferecendo para quem ainda vai demorar para ingressar numa faculdade destas?

3 comentários:

Tadiesca Herbstrith disse...

Vini, excelentes colocações. Este é exatamente o ponto a ser discutido, a educação de base sempre foi considerada de suma importância mas nunca foi valorizada de modo que atingisse resultados considerados significativos para os jovens. Fico perguntando-me que tipo de cidadãos estão saindo das escolas neste momento, se eles tem a consciência de que estão inseridos em uma sociedade que necessita deles para crescer, evoluir?! Afinal, quem sai do ensino público é maioria em nosso País, e deveria fazer por onde, mas acabam por se tornarem anônimos perante o sistema - por opção, muitas vezes. Almejo que estes jovens sintam a necessidade de desenvolverem seu senso crítico, que se importem com as coisas que acontecem ao seu redor e tenham o desejo de evoluir, lutando pelos seus objetivos, e não desistindo no primeiro "não" que receberem. E isso, meu caro amigo, só acontecerá se a educação lhes proporcionarem esta visão. E voltamos ao início desta cadeia. Mais uma vez sem uma resposta. Beijo Vini, mais uma vez, parabéns pelo texto.

Tadiesca Herbstrith disse...

*proporcionar - linha 6 (hehehe)

HOTELES PARIS disse...

Excelente blog!!