Hoje foi um dos dias mais cansativos dos últimos dias na redação do Jornal do Povo. Depois de acompanhar um pouco da conferência de políticas para as mulheres, voltei para meu computador, baixei as fotos e comecei algumas entrevistas atrás das informações para as reportagens prioritárias do dia. O diferente foi me fechar completamente para o mundo ao meu redor das 16h até as 20h somente escrevendo, colocando nos textos as informações que havia levantado das pautas.
Foram apenas quatro horas de trabalho sem nenhum tipo de distração, parada, conversa ou entrada em rede social – coisas que sempre acabam prejudicando o andamento do dia. E lá pelas 21h, depois de quase tudo feito, fiz uma reflexão rápida com o chefe de redação sobre as diferentes posições da Justiça em relação aos crimes que mais comoveram a cidade. Lembrei de dois casos em que os supostos criminosos ainda respondem em liberdade aos processos, a morte do professor Érico, que foi amarrado em um carro e largado numa estrada no interior, e o assassinato da jovem Adnan, degolada e que teve seu corpo enterrado em um buraco.
Nestes dois episódios havia requintes de crueldade e a negativa por parte dos principais suspeitos sobre a autoria dos crimes. Seus advogados conseguiram fazer com que respondessem em liberdade. Noutro caso, o jornalista Mário Martins assassinou um amigo, avisou a Polícia, se entregou e está preso, aguardando uma possibilidade de ser solto mediante audiência com o juiz. Moral da história, explicou um colega: “negue”.
Parece que basta driblar a competência da Justiça, enrolar, não permitir que o flagrante aconteça, pois as provas poderão ser contestadas e testemunhos comprados. E assim percebi como é falho nosso sistema, ou como é falha sua aplicabilidade. Mas o que esperar se nossas leis, nos municípios, são feitas e aprovadas por senhores que mal sabem se expressar, escrever, e entendem menos de Justiça do que eu próprio. E depois de toda essa reflexão fiquei em um misto de incredulidade e resignação. De que adianta questionar, quando o poder do dinheiro compra os espaços no poder?
Certo é que passou da hora de assistirmos a tudo de braços cruzados. Talvez não precisemos ir às ruas brigar com os policiais que brigam por salários mais justos, nem atear fogo em veículos ou fazer barreiras. Somos patrões dos políticos, mas ainda não desenvolvemos nossa cidadania a pleno, e isso nos impede de tornar a nossa voz mais alta que a desses empregados. Está certo, iniciei por um tema e acabei voltando à política, que na maioria das vezes acaba sendo a responsável por quase tudo que acontece. Pena que não estamos enxergando isso ainda...
Um comentário:
A cada eleição, a grande massa fala que é preciso renovar. O resultado? Os mesmos dinossauros são reeleitos. Sempre deixamos a mudança para a próxima geração.
Texto show de bola, velhinho!
Abs
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