segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Aparecer


Uma coisa que me intriga e causa, digamos, repulsa é a necessidade humana de aparecer, de estar na vitrine do mundo. A coluna social é o ambiente mais desejado das dondocas principalmente, mesmo que para isso muitas vezes se exponham ao ridículo e não sintam nem vergonha de chorar por uns 12 minutos de fama. Eu não vejo os bichos se atirando num açude para deixar os pêlos do corpo em estilo moicano ou arrepiadinhos só para que o resto da raça os notem. Também nunca percebi esses animais concorrendo a títulos de beleza que podem ser comprados ou coisa parecida. Para os animais, o rei da floresta é o leão e o assunto está encerrado. Não tem democracia. Prevalece a lei do mais forte. Nenhum bicho sai por aí formando sindicato para aparecer e depois se candidatar para tirar o lugar do leão, no mundo animal as relações são muito racionais.


Não sou desses engajados defensores de animais, nem tampouco um esquisito que se fechou para o mundo e que decidiu brigar com o ele agora. Muito pelo contrário. Acho que todo aquele cidadão que desenvolve algo em prol do desenvolvimento do seu espaço merece reconhecimento e, logicamente, a necessária divulgação. Tenho aversão à futilidade e quem se ofendeu, pega o rabinho que está sentado na frente do computador e vai abanar ele em outro blog ou ver as fotos da última festa que “bombou” na sua selva. As pessoas não entendem, mas eu sinceramente não estou ligando para quantas garrafas elas beberam e quantas vidas poderiam ter tirado voltando para suas casas nos carrinhos potentes de seus pais ou fruto da exploração de seus empregados.


A verdade é que simplesmente não entendo a necessidade de estar em exposição que algumas criaturas possuem, como um pedaço de carne no açougue. É demais para minha compreensão da vida, é algo que simplesmente não se encaixa, sei lá. Mas o mundo se aproveita disso, inventando roupas que beiram o ridículo (embora essa análise seja subjetiva...), programas que exaltam esse comportamento e uma rede de divulgação e exaltação dessa “moda” que só torna as pessoas mais estúpidas. Mas por que ter uma discussão que provoca feridas na grande maioria das pessoas, já que isso as atinge? Não sei, para provocar, talvez. Se a futilidade só cresce é porque ela encontra abrigo no seio da maior parte da população.


Gosto de ler o comportamento humano e suas diversas reações diante do que acontece. Por exemplo, uma cena clássica é ver a pose daqueles grupinhos de “amiiiiiiiiigas” em uma boate quando uma câmera está prestes a disparar. É automático: todas elas colocam a mãozinha na cintura e fazem aquela pose caneca. Isso quando não ficam empinando a bunda (homens e cachorros adoram bunda...). E até a economia se beneficia de tudo isso, vide books fotográficos em crescimento inigualável, redes sociais e afins...


Um comentário:

Dionas Ayres Boeck disse...

e tem gente que paga para aparecer, é clássico ver gurias e até mesmo guris implorando pra sair em fotos na balada. tudo isso só para aparecer, tentar de alguma forma ser reconhecido pela roupinha de marca ou pelo cabelo fodão, são pessoas que nao tem atenção porque não tem nada de interessante a oferecer.