Quando acordo cedo todas as quartas-feiras para pegar o ônibus e ir até a Escola Liberato Salzano Vieira da Cunha para ajudar os jovens de lá a produzirem o seu próprio jornal, me sinto desafiado. Só por saber que posso estar ajudando os jovens a se interessarem mais pela leitura e por uma atividade diferente da que estão acostumados na sala de aula já vale a recompensa. Estou inserido em um programa do governo federal que leva atividades em turno integral para as escolas públicas.
E só quem conhece os jovens destas escolas sabe a importância que atividades como estas fazem na vida deles. E à medida que o tempo passa, sou eu que vou aprendendo com eles. Me sinto forte quando vejo a força que eles têm para superar seus conflitos, me sinto leve quando vejo a forma despreocupada com que encaram dramas da vida, e me sinto mais jovem quando me insiro na realidade deles e compartilho alguns momentos.
Dia desses, depois do horário de aula, saí da escola e fui com um dos meus alunos para uma locadora. Jogamos vídeo game até aparecer o busão para eu ir ao centro. Eu tenho certeza que a maioria dos professores não possui nenhuma atividade com seus estudantes depois que o sinal bate, mas isso é recompensador. Por mais simples que seja o que se faça, como uma partida de PES. O problema é que estamos muito ocupados pelas obrigações que o mundo colocou em nossas vidas e não nos lembramos que a diferença entre um trabalho ordinário e extraordinário depende apenas de um esforço "extra".
Dessas experiências na escola, aos poucos vou me lembrando dos meus tempos de adolescente, quando tinha alguns professores que me incentivavam a me dedicar e outros que se preocupavam pura e simplesmente com que eu obtivesse as notas necessárias para ser aprovado. Há uma ponte imensa que pode ser melhorada na educação e estou longe de ter as respostas para solucionar os problemas dela. Mas agora eu não fico apenas reclamando, coloquei a mão na massa. E estou adorando!
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