Ela riu e eu deveria saber que era uma
senha. Deveria saber que era uma oportunidade. Precisava pensar rápido: continuar encaixando
frases engraçadas ou partir para um papo mais sério. E não conseguia tirar o
olhar de sua boca, os lábios delineados por um batom rosa claro e é claro que
eu ia me perder. Ela mexe no cabelo, massageia atrás da nuca e pergunta
qualquer se acho mais legal preso como estava antes. “Não, assim está lindo.
Antes também estava, mas fica mais sensual”, respondi.
“Obrigada”. Só isso. Mais nenhuma
palavra. E parecia que todo o encanto havia morrido. Será que ela não está
gostando de mim? Talvez, eu pudesse ter dito algo melhor. Ou devesse continuar
encaixando mais elogios até amolecer seu coração. “Gostei muito de conversar
com você...”, ela disse. O tom era de despedida. Ficou mexendo na ponta do casaco,
e em seguida em um lenço que aquecia o pescoço que eu queria beijar. Parecia esperar
uma atitude.
“Posso te beijar”, pensei. Mas
não rolou coragem. Eu deveria lamentar o resto da vida por aquela noite, aquela
falta de atitude. Na manhã seguinte, acordei e mandei uma mensagem “Posso te ver
de novo?”. Mandei um abraço. Ela respondeu somente à tarde, pediu desculpas e
perguntou se poderia ser outro dia. Telefonei, mas ela não atendeu. Fui até a
sua casa. Ela abriu a porta. “Desculpa, isso não pode esperar mais nenhum dia”.
E nos beijamos.
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