Quem nos vê tirando onda e de sacanagem o tempo todo um do outro não
entende por que usamos o termo “irmão” quando cumprimentamos um amigo. Para os
meus amigos de fé, não importa o que eles façam. Eu vou estar lá, seja para
zoar, seja para festejar. Não precisa cerveja para nos animar, basta uma
conversa sobre futebol, mulheres política ou só para deixar o tempo passar. Eu
dou os conselhos, mesmo que não me peçam. Eu apareço, mesmo que não seja uma
festa.
“Meu irmão, como está?” E não é da boca para fora. É do coração.
Chamar amigo de irmão é homenagear. É por isso que faço questão de estar ao
lado dos amigos que assim me chamam, pois deles eu sei o que esperar. Não
importa o que eles façam, não me importa se erraram. Esse lance de irmandade é
algo que ultrapassa as leis da natureza. Ninguém deixa de amar um irmão quando
ele pisa na bola. A gente recupera a jogada, entra de sola, de carrinho, não
importa.
A gente estende a mão para o irmão. Mas não ajuda a levantar. Isso ele
tem que fazer sozinho, mas nós estamos ali para acompanhar. A vida nos torna
egoístas o tempo todo. Não é todo mundo que admite precisar de amigos, para
dirigir depois do porre, para pedir uma força com uma gata, para conseguir uma
carona no meio da madrugada, para falar bobagem no fim da boate, para ir ao
estádio e voltar para casa chorando uma derrota. Ou bebendo uma vitória.
Meus amigos me chamam de irmão. E se escrevo sobre isso, é motivo de
orgulho. Me chamem de bicha, veado, palhaço, me julguem. Não dou bola. Os meus
amigos me conhecem de verdade. Para eles, não sou cheio, embora muitos que
nunca trocaram uma palavra comigo digam isso. Meus amigos me criticam porque
tem essa liberdade. E eu abaixo a cabeça e dou razão, mesmo pensando que eles
estejam errados. Porque irmão não deseja o teu mal. Irmão quer ver você
crescer.
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