Corpo sarado, roupas
alinhadas, coxas torneadas e seios de invejar cirurgiões plásticos. Lábios
carnudos, encantadores. Pena que da boca não saía nada que prestasse. "Fica
quietinha, querida, vai ser melhor..." Engraçado que assim como o início desta
bobagem, o mundo à nossa volta está repleto de ironias, muitas pendendo para o
tom do deboche. E se você não compreende isso, acaba até excluído de certa
forma destas piadas moderninhas que se espalham pelas redes sociais.
Sou
adepto das ironias, até demais. Só porque a vida, levada a sério demais, se
torna chata, um saco mesmo, é como um dia sem fazer nada que tu idolatra, mas que acaba vendo que é um porre. Prefiro a risada, mesmo que o zoado da hora seja eu. Aliás, acostumei por muito
tempo com as piadinhas relacionadas ao meu peso. E nunca reclamei de bullying
ou coisa parecida, sempre partia para a resposta irônica, como um centroavante
que recebe um caroço e amacia a bola no peito e solta uma bomba, no ângulo (Sim,
o gordinho tá sonhando aqui porque não joga nada por causa de sua forma física). A
resposta normalmente vem pesada (sem ironias, ok?!). Porque a pessoa precisa saber onde ela está
batendo, então eu aviso: “se quiser discutir, prepare seus argumentos, porque
os meus vão ser melhores”.
Ou alguma
coisa do tipo, talvez isso seja até uma falta de humildade. E, sim, parando pra pensar é mesmo.
Aos poucos você aprende que o mundo é uma selva cheia de interesses diversos,
então essa personalidade “nojenta” ou o fato de eu ser cheio (não no sentido gordo,
enfim) é só uma forma de proteção, um escudo. Ui, coitadinho, né? Mas é como a
menina apaixonada que não demonstra nada para não sofrer e prefere continuar
amando em silêncio, esperando um sinal, uma abertura e que tenta ser forte
quando já se derreteu por completo. A comparação é só para ter um pouco de romantismo por aqui.
Mas
ironias à parte, acho engraçado como o discurso da boca para fora, muito comum hoje, tenta passar
uma realidade que no fundo não existe. Que é só uma tentativa desesperada de
mostrar para os outros que você é forte e está bem. Quando toma um toco, um chifre,
quando está na seca por meses. Falam em desapego, em ser lindas e usar salto
alto, mas estão em casa usando pantufas, com o cabelo desajeitado e devorando
um pote de sorvete olhando para o celular e pensando em ligar ou não para o
número um qualquer que pode se transformar no amor da vez. Ou só vendo a novela das oito, que ironicamente começa às nove, e sonhando com uma história como a da ficção.
Das ironias atuais,
a mais linda é ver o pessoal falando em amor eterno na segunda-feira e
alterando o status no Facebook para solteiro na sexta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário