Sabe quando você solta um “lindo” que fica parecendo uma interjeição afeminada demais para um cara experiente? Rola esse preconceito pessoal, mas você prefere pensar que está agindo normalmente e se deixando levar. Mais ou menos isso. Essas coisas de encantamento que acontecem sob uma trilha sonora tranquila, ritmo lento, ideal para dançar de rosto colado, como quem flutua. O legal de gostar assim é que você ainda não pensa se a outra pessoa sente o mesmo, como nesses lances de paixão. Se você se apaixonar, parece haver uma obrigação em descobrir se é recíproco. E isso causa uma aflição sem tamanho. O lance de se encantar é só uma admiração que causa surpresa, e talvez uma felicidade sem explicação.
E o mais incrível de se encantar é que a mesma flor que você nem via no inverno agora é colorida e perfumada como jamais imaginou. Não consegue tirar os olhos dela, precisa sentir aquele cheiro todos os dias para lembrar do sabor da vida. É engraçada essa comparação porque fico pensando que as flores não deveriam representar nada parecido com o amor. Porque elas secam, morrem... Mesmo que cuidadas com carinho, regadas todos os dias. As flores secam, assim como as lágrimas. O encantamento não deixa de ser engraçado. Uma confissão de felicidade incompreensível.
Mas nada de falar em lágrimas, choro. Até porque ele não representa necessariamente apenas um estado de espírito de tristeza. Muito pelo contrário. Chorar pode ser de emoção, e ela nos denuncia sempre que aparece. Acredito que pessoas incapazes de se emocionar sentem mais dificuldade em expressar sentimentos. São desapegadas, como gostam de jogar aos quatro cantos para não confessar uma tristeza que incomoda. As aparências enganam, mas os sinais de que estamos gostando nos denunciam. E desapego me parece teoria de quem não tem amor no coração.
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