quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Meus velhos amigos


Além do meu pai que se foi há dois anos, o que me faz falta nestes dias chatos de crise econômica mundial (e no meu bolso) são os meus velhos amigos. Aqueles camaradas que costumavam acampar do outro lado do Jacuí e comer miojo durante todo um final de semana no balneário. Lembro de uma semana em que juntamos um bom dinheiro e demos para o Seco comprar comida pra passarmos aqueles dias. Meu parceirão torrou o dinheiro em cinco garrafas de bebida e um quilo de arroz e lingüiça. Durou dois dias a comida... Nos viramos pescando pra não morrer de fome. Lembro que no domingo a gente roubava os restos de carne assada que os vizinhos tinham feito. Ah, e um dia antes matamos uma coruja com uma pedrada. Tava deliciosa. Montar barraca e tomar banho de rio, contar piada de madrugada e no outro dia esperar as gurias chegarem e tentar alguma sorte ao som da Legião Urbana. Lembro de ouvir aquele refrão “hoje a noite não tem luar e eu estou sem ela, já não sei onde procurar... Onde está meu amor?”. Ouvíamos música de verdade até tarde da madrugada na beira de uma cancha de bocha, nada dessas bobagens de funk, nem créu. Ah, e no final de semana sempre tinha as gurias pra gente ouvir e ficar de bobeira, sem neuras, sem responsabilidades, sem precisar acordar cedo no outro dia. A preocupação era só o almoço e mesmo isso se arranjava rápido... Isso tudo me faz tanta falta que nem consigo lembrar por que não nos reunimos mais nem na cidade, pra jogar canastra até de manhã ou pra ficar dando voltas de carro pela cidade falando qualquer coisa sobre futebol ou outra coisa qualquer.
Na verdade, eu tento fazer de conta que não são as responsabilidades que foram aparecendo e a necessidade de estudar e trabalhar pra se sustentar que nos afasta. Sei lá, é estupidez pensar que essas coisas vão voltar a acontecer e que vamos agir irresponsavelmente de novo, colocando nossa barraca bem no meio da quadra de vôlei no dia dum campeonatinho só pra incomodar e chamar atenção das gurias. O pior desse saudosismo é saber que essas coisas não vão mais acontecer, que as coisas que nos alegravam antes hoje não passam de palhaçada de guri. Mas isso não é nada negativo, só uma prova de que amadurecemos e estamos tentando vencer nesse mundinho louco. Ah, nesse find, cervejada com os amigos. Quem quiser confirmar, é só ligar, pra gente relembrar os velhos porres.

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