segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Minha lembrança sobre o Metallica

Este texto é só para um amigão meu parar de encher o saco. Como todos devem saber, no próximo dia 28 o Metallica, uma das bandas de rock mais autênticas da história da música, vai tocar aqui no estado, lá em Porto Alegre. O Metallica é responsável por algumas pérolas musicais como “Nothing else matters”, “Enter Sandman” e “The Unforgiven” (essa última em três diferentes versões). Essas músicas são obrigatórias para quem aprecia o bom e velho rock and roll.


Mas como eu não tenho muito assunto sobre o Metallica e ainda não previ no meu orçamento recursos para assistir esse megashow em Porto, vou me ater a relatar o que me lembro quando escuto a banda tocar. A primeira memória que me vem ao pensamento é dos verões passados lá no Irapuá e meu rádio tocando a todo o volume a canção “Whiskey in the jar”, no meio de uma baita festa na minha casa. Lembro da galera entornando várias garrafas de cerveja e de muita diversão e do meu coroa vivo, mandando desligar o rádio porque queria dormir.



O meu pai não curtia Metallica, ele gostava de Altemar Dutra, Julio Iglesias e Roberto Carlos. É normal nossos coroas não curtirem as mesmas músicas que nós, assim como nossos filhos não vão apreciar as mesmas bandas que hoje nós idolatramos. Eu só espero que eles não gostem de pagode... Mas outra lembrança que tenho do Metallica é no meio de um jogo de bocha também lá no Irapuá, tocava a mesma música (é, eu gosto dela um monte) e eu estava muito a fim de uma menina (é, sempre tem uma menina).



E eu naquelas de querer agradar, comecei a falar de músicas e tal, ela sorria. Eu tentava ser engraçado e ela ia se entregando. Mas aí, no meio da música, ela soltou algo do tipo: “ai, tu não tem aí um CD de pagode?”. Aquilo não caiu bem e aquele rostinho bonito dela logo começou a parecer cheio de defeitos... A solução foi terminar a noite com o pessoal na pracinha do balneário, bebendo algo que tinha vodka, champanhe, morango e leite condensado com pedaços de abacaxi. Foi literalmente um porre. Sinto muito, cara. É só dessas coisas que lembro quando ouço Metallica.

domingo, 29 de novembro de 2009

Pílulas de felicidade

A felicidade não é uma constante na vida de ninguém. Mas nem por isso ela não deve ser almejada, perseguida, ela precisa ser conquistada todos os dias para que eles tenham graça. A felicidade precisa ser dosada e há inúmeras formas de temperar a vida com um pouco dela. Muitas pessoas reclamam da vida por causa de seu trabalho, quando ele deveria ser um dos motivos para saltar e gritar loucamente e expressar um sorriso enorme numa tarde chuvosa.

Talvez isso seja um exagero, mas aposto que as pessoas mais felizes do mundo amam seus trabalhos. O trabalho consome a maior parte da rotina de todos, portanto é extremamente importante que mesmo cansativo ele seja prazeroso.

De qualquer forma, para curar a tristeza ou amenizar os seus efeitos basta tomar diariamente algumas pílulas de felicidade.

E como fazer isso? Simples, basta encontrar algo que te faça sorrir, algo que te faça esquecer tudo e viajar no pensamento, voar para fora dos problemas e das notícias ruins. Pode ser ouvir música, assistir a um filme ou ir a uma festa. Você pode ler um livro, ir a um jogo de futebol, visitar familiares... Tomando uma pílula de felicidade todos os dias, você não se preocupa com o sentido da vida ou com o que precisa fazer amanhã. Compre uma pílula de felicidade, elas são grátis, basta você procurar.

Entre todas essas formas de dosar a felicidade em nossas vidas, nenhuma tem efeito mais intenso, duradouro e verdadeiro que o amor. Sim, o bom e velho amor. Amar é dar uma injeção cavalar de felicidade no sangue, é mais forte que qualquer droga já inventada para alterar seu humor e te deixar nas nuvens, excitado e rindo sem encontrar uma explicação racional.

Simplesmente porque o amor foge de todas as explicações e provoca sensações indescritíveis. Então, vá lá procurar a sua pílula da felicidade, ame, ouça música, jogue bola, veja um filme, mas não fique aí parado lamentando a sua má sorte.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Como chegar ao coração delas

Mais uma vez, vou tentar passar os meus conhecimentos de 25 anos de estrada pra essa gurizada perdida dando uns segredos de como chegar ao coraçãozinha das meninas. Portanto, malandrinhos, se a intenção é fazer as meninas abrirem as pernas, saiam fora e voltem pra banca pra comprar uma Playboy.


Normalmente, o truque mais perfeito é não usar truque nenhum e ser sincero, mas nem todas elas curtem isso. Vai por mim. Mulher gosta de ser ignorada, então se você acabar dando muita moral, elas vão acabar te esnobando. Tudo depende do tipo de mulher que você tá querendo e pra que você tá querendo...



Se é só uma diversãozinha com uma gostosa que você quer, veio ao lugar errado. Este escritor recusa-se a ensinar você a tirar dinheiro do bolso pra agradar um baita corpo sem nenhum cérebro. Portanto, se é diversão o que tu procura, sai fora. Ah, não?! Então, voltando ao que interessa. Elas não sabem, mas tudo que nós fazemos é pra agradá-las, para fazermos com que elas vivam sonhos reais.



O jeito mais fácil de chegar ao coraçãozinho delas que dificilmente falha é as fazendo sorrir, arrancar aquelas covinhas pequenas mostrando os dentes é o primeiro passo. Mas isso não quer dizer que tu vai passar a agir como um palhaço. Seja sutil, elogie, tente perceber uma qualidade só dela e exalte-a, destaque, conte como aquele olhar mexeu contigo. Tente ser sincero, tente deixar o machismo de lado um pouco. Não custa nada ser sensível quando o amor da tua vida pode estar em jogo.



Outra boa forma de chegar rápido ao coração delas é sendo atencioso, educado, prestativo e acima de tudo carinhoso, mas na medida certa. Quando o carinho é demais elas desconfiam... E com razão, tu não precisa agir feito uma moça. Aliás, depois que perceber que o caminho ta bem trilhado, seja mais homem, chega de jeito, puxa com firmeza, olha fixo pra ela e tasca aquele beijão. Nada de ficar mexendo a língua que nem louco, continua com calma, passa a mão no cabelo dela, respira devagar olhando pra boquinha dela...



Acima de tudo, nunca esqueça de olhar pra ela com a verdade no coração. Mulher gosta de ser amada e de se sentir amada, olha pra ela, deixe que ela veja o quanto você gosta dela, deixe que ela sinta que você está realmente interessado nela. Perca seu tempo vislumbrando o sorriso dela, perca seu tempo e depois ame. Depois ame...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Pobres velhinhos

Quando será que os governantes vão ter vergonha na cara de dar aumento pros aposentados?



Tudo bem que os aposentados estejam mais perto da morte que as outras classes e talvez esse seja um dos motivos para os nossos políticos atrasarem o seu reajuste. Estou longe da aposentadoria e não possuo cargo eletivo (acho que até quero, mas não vou começar a campanha ainda. Alguém vota em mim aí?), mas essas coisas normalmente passam longe da compreensão popular. Então, por que não popularizar o problema?


Pois é exatamente isso que pretendo. Pobres velhinhos, depois de trabalharem por mais de 20, 30 anos, pagando altos impostos e carros de luxo e mansões para os políticos, sequer podem usufruir uma aposentadoria digna. É triste, realmente, triste. Não entendo absolutamente nada sobre a política previdenciária e portanto não tenho conhecimento técnico para fazer grandes análises.


Mas o lance é que parece tão fácil conceder aumento para o bolso de deputados, senadores, ministros e outros lacaios do poder do que para cidadãos comuns que trabalharam e ajudaram diretamente no desenvolvimento da economia do país. Sim, isso é falta total de preocupação social. Ou seja, eu sou o patrão e fico com todo o lucro. Tu, que és empregado, vai reclamar com a Justiça.


É assim que funciona na grande maioria das mentes capitalistas do mundo moderno, que escraviza trabalhadores e quando eles finalmente conseguem descansar, recebem uma miséria. E o que sobra para alguns aposentados é a solidão, abandono da família e uma existência sem nenhum propósito dentro de um asilo ou casa de repouso (outra máfia da sociedade moderna).


Agora é esperar, porque estamos em véspera de ano eleitoral e normalmente nessas épocas coisas surpreendentemente boas acabam acontecendo e todo mundo fica menos triste. Aliás, tem muita gente que enche o bolso em período eleitoral, mas isso é assunto para o próximo programa, pessoal. E não esqueça o nome daquele sem vergonha em quem você votou na última eleição pra não fazer a mesma bobagem de novo.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Roupinhas de ginástica

Não faço parte desse grupo de caras que admira mulher de vestido, com quilos de maquiagem, cremes e acessórios que mais as fazem parecer um balcão de amostra. Na verdade, quando uma mulher se enche de cremes, parece que o cara vai abraçar ela e a mulher escorrega pra fora da cama. Eu curto a simplicidade, traços sutis, detalhes que não precisam ser realçados com nenhum truquezinho de moda ou essas cirurgias malucas que têm por aí.

Ultimamente não inventaram nada mais interessante, sedutor e enganador do que essas roupinhas de ginástica que elas usam nas tardes ensolaradas pelas ruas centrais da cidade. Aquele desfile pra baixar meio quilo de gordura que sinceramente não sei onde elas enxergam é de mexer com o vivente.

Alguém já notou como aquelas calças coladinhas desenham os bumbuns de forma perfeita? Umas ficam durinhas, rebolativas, parece até uma sinfonia moderna. É uma imagem dos deuses. Ainda mais para a maioria dos homens, ou pelo menos uma boa parte deles, que enxerga as mulheres como se estivessem em um açougue. É algo como 10 quilos de coxa, um pedaço de maminha... Parece machista, não? É um lance cultural, tanto que em cada país existe uma preferência diferente.

Mas voltando às roupinhas de ginástica, que coisa mais linda, mais perfeita, que descoberta genial. Quem inventou essas calças justinhas merece um prêmio, merece uma data comemorativa.

É por causa dessas roupinhas de ginástica que alguns caras resolvem passear pelo centro da cidade depois de um expediente e parar em um barzinho para ver esses desfiles incríveis ao pôr-do-sol. Aliás, nada melhor que um barzinho, uma cerveja e algumas meninas desfilando com aquelas calças coladinhas, provocando sonhos e tensão nos marmanjos e comentários de todos os tipos. Viva as roupinhas de ginástica.

domingo, 22 de novembro de 2009

Consequência

Romântico, Cadu enviou um buquê de rosas com um cartãozinho escrito à mão, palavras sutis e carinhosas. Ele queria demonstrar suas intenções, que haviam ficado obscuras no primeiro encontro sob o flash incessante de luzes e o barulho da boate. O beijo, misturado com o sabor da cerveja, de certa forma apagava o romantismo que desejava colocar em prática com Maria Eduarda. Enviar rosas é uma senha, uma declaração explícita de interesse. As rosas também são muito usadas apenas para as terceiras intenções e funcionam muito bem, se combinadas com um destilado.

Cadu não pensava (ainda) no sexo. Transar era uma consequência, não uma necessidade, não um esporte, muito menos uma diversão casual. Transar seria a sobremesa, o chocolate depois do churrasco, a cereja do bolo. Normalmente, quando apaixonado, Cadu não se importava tanto com o sexo, e por isso ficou triste quando ela enviou uma mensagem desaforada dizendo que “o truque das flores está fora de moda”. Ligeiro, ele enviou um torpedo de volta, afirmando que “amar jamais sai de moda”. Recebeu um toque de volta, nenhuma resposta. Não ficou na dúvida, afinal, quem cala consente.

À noite, antes da festa, fez questão de abrir a porta do carro para que Maria Eduarda o acompanhasse. “Por que todo esse romantismo?”, questionava a garota. Tudo aquilo estava preso no passado, as mulheres se acostumaram com a grosseria e ultimamente pareciam preferir o descaso. “Olha, Duda, eu só estou sendo verdadeiro porque o que sinto é real...”. Cadu não pronunciou mais nada, ligou o carro e arrancou, constrangido. Embora apaixonado, não queria admitir. Apesar de sentir o amor, não queria o libertar assim.

Na boate, abriu a porta e segurou a pequena mão de Duda para acompanhar a garota. Algumas danças, alguns beijos e alguns olhares e a noite seguia tão perfeita que parecia desenhada. A jovem pensava em um final perfeito, pensava fazer amor com Cadu abraçando-o com vigor e pronunciando palavras carinhosas. Fim de noite, Maria Eduarda pede para ir embora e é levada para a casa de Cadu, onde recebe mais beijos. Iriam dormir juntos pela primeira vez, poderia ser o desfecho de uma noite perfeita. Deitados, olhando um para o outro, Duda aos poucos fechava os olhos e ia se entregando. “Me ama”, ela pede, olhando fixamente para Cadu. E o amor se torna apenas uma consequência.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Beijos aos pedaços

E parecia que a música conduzia os olhares, fixos um no outro, enquanto as bocas se tocavam levemente, provocando a paixão aprisionada que vinha a tona para se libertar efusivamente.


E parecia que tudo havia sido coreografado pela perfeição dos movimentos de carinho no rosto, nos cabelos, pelo corpo, sentindo um pouquinho do gosto... E parecia sonho desde o primeiro abraço que deveria ser somente um abraço e se tornou um amasso, a paixão envolvendo os braços, se perdendo entre beijos aos pedaços.



E não era sonho, era a paixão revelada com o mais natural exemplo do amor, uma série de beijos apaixonados e inconseqüentes e deliciosos. E faltava ar, faltavam e sobravam palavras que nem sequer precisavam ser pronunciadas. E só existia o silêncio e a verdade mais absoluta da vida, a verdade que impera no olhar apaixonado...



E nada precisava fazer sentido, não havia necessidade de se declarar, não havia motivos para inventar, eram só eles e seus beijos aos pedaços naquela noite. E a noite não acabava mesmo depois da despedida, ela seguia repetidamente no pensamento, perfeita, intacta como um diamante recém descoberto. E a noite não teria mais fim, e o amor não teria mais explicação nenhuma que fosse melhor que este texto.



E nenhuma exigência seria feita e a perfeição já não existia mais e a vida já não era mais uma passagem, ela passava a ter o seu mais natural significado. E viver já não seria mais um martírio pela certeza de que a felicidade está nos pequenos beijos aos pedaços, nos fragmentos de felicidade que o destino não coloca na vida das pessoas, mas sim naquilo que as pessoas fazem para serem felizes.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Eternizando momentos

A primeira reportagem que assinei teve chamada de capa no jornal, mas a foto da capa não foi batida por mim, e sim por um colega (hoje, meu amigão) que estava me ensinando a profissão de repórter. Cidade do interior é assim, tu vai pra rua e tem todo um glamour, um lance de correr atrás da informação, fotografar cenas interessantes e depois juntar tudo aquilo e transformar em uma manchete, sentado à frente do computador, sozinho com meus pensamentos procurando encaixar cada palavra com perfeição e a declaração mais importante no lugar certo. Escrever é uma intervenção cirúrgica e quanto mais bem feita a operação, mais fácil será para o leitor compreender a mensagem.

Apesar de sentir vontade de admitir que aquela primeira matéria fez com que eu me apaixonasse pelo jornalismo, é preciso dizer que a correria diária torna tudo encantador. É telefonema para tudo que é lugar, uma busca incessante por informações confiáveis e o confronto final de versões, alheio à preocupação de apenas contar a história sem tomar um partido.

Lembro de ter ficado frustrado justamente porque a foto não era minha, a primeira matéria e não fui capaz de apertar o botãozinho da câmera pra fechar a matéria com barba, cabelo e bigode – quanta incompetência. De qualquer forma, a foto se enquadrou perfeitamente com a matéria e foi estampada na capa. Foi com o tempo que aprendi a captar com as câmeras o momento certo de uma boa foto, com o ângulo certo. Na verdade, sempre me dediquei mais ao texto do que às fotos, embora registrar um momento seja importantíssimo no jornalismo.

Sei que uma boa foto tem o poder de atrair os olhares para a reportagem e muitas vezes, dependendo do contexto, elas podem acabar eternizadas e se tornarem retratos históricos de um fato importante. Mesmo assim, essa magia de ficar horas à frente de uma máquina pressionando as teclas com cuidado, contando histórias da política, acidentes ou episódios do cotidiano popular é o que mexe comigo, é o que me faz querer sempre mais, explorar novos mundos e chegar a uma reportagem digna de troféu para pendurar em uma estante cheia de pó... Não, não é isso o que me encanta. O melhor prêmio que recebi até hoje como jornalista foi ter retratado o drama de uma mulher que não possuía casa.

Depois de publicada a reportagem, as autoridades entregaram um lugar para a mulher viver com seus dois filhos pequenos. E um dia, passando pela rua, ela me agradeceu com lágrimas nos olhos. É isso o que quero como jornalista, melhorar a vida do povo com meu trabalho.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

E daí ser diferente?

Hoje eu concluí definitivamente mais uma edição do jornal Formigão, a quarta e sinceramente, acho que este vai ser o melhor de todos até agora. O conteúdo está variado e acho que o pessoal vai curtir e a parte gráfica ficou caprichada pelos colegas, que mandaram muito bem também. O pessoal que lê este blog é privilegiado, porque eu sempre vou adiantar um pouquinho do que vai sair só na segunda-feira no Formigão. Viram o título desse post? Pois é, esse é um dos assuntos em discussão no Formigão 4. Qual o problema de se vestir diferente ou agir fora daquilo que é considerado normal?


Tem uma galera que enfrenta uma coisa chata nas ruas por causa das roupas e tal - o preconceito e a discriminação, que é uma espécie de irmã pior do preconceito. São os emos. Inspirados em um estilo que nasceu através da música, o pessoal desfila pelas ruas com seus cortes de cabelo estilosos, maquiagem nos olhos, roupas pretas, piercings e outros acessórios que marcam este grupo. E acreditem, só por isso, eles sofrem preconceito e às vezes tem gente que até compra briga por isso ou os chama de veados. É... Também acho uma palhaçada. Isso é uma espécie de bullying também, quando a brincadeira acaba passando do normal.


Mas uma coisa precisa ser dita. O cara tem que ter muita atitude pra se vestir como emo ou pra ousar ser diferente. Tem que estar pronto para ser criticado e motivo de chacota. E isso não é pra qualquer um. Eu sinceramente tenho uma certa dificuldade pra lidar com esse tipo de coisa, com o tempo eu fui melhorando e aprendendo a driblar melhor as críticas. Mas isso realmente não é nada fácil.


E pra sentir na pele um pouco do que esse pessoal enfrenta todos os dias quando decide ir pras ruas, eu decidi me vestir um pouco diferente do normal nos últimos dois dias. Incrível, nas ruas, ninguém chega a falar nada. Mas o pessoal do trabalho, que está acostumado com um visual normal, estranhou e lógico ficou fazendo piadinhas porque eu resolvi colocar uma gravata por cima da camiseta. Respondi que é moda (e é mesmo, eu sei porque acesso uns links sobre esse assunto). E mesmo assim a avalanche de piadinhas não parava. Tomara que um dia as coisas mudem e que o diferente seja normal. Ou não, tomara que nada seja normal, ou que tudo seja diferente. Vai saber. Só sei que preconceito e discriminação não têm nada a ver e é essa a mensagem que o Formigão tenta passar nessa edição. Ah, além de falar de festas, vestibular, jogos e outros assuntos interessantes. Abraço a todos e boa leitura.


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Povão, vou desistir de vocês

Não posso condenar aquela família que entregou seu voto para pagar a conta de água. Eles não tinham o que dar aos filhos para beber, o que iriam fazer? Não posso condenar aquele senhor que vendeu o voto por um sacolão. O homem estava passando fome, o que ele poderia fazer? Mas posso condenar você, que estudou, que aprendeu, que entende do jogo e compreende a vida e deveria – ao menos – saber o que é melhor para seu futuro.

Quando você escolhe uma namorada, um empregado, você analisa os pontos fortes e fracos, as qualidades e defeitos, ou escolhe o que te oferece algum favor extra? Todos sabem que a corrupção existe, mas qual delas precisa ser combatida? Sinceramente, não tenho resposta a estes questionamentos.

Me surpreendi com a avalanche de comentários e opiniões sobre a eleição da rainha da Fenarroz. Viva a democracia de opiniões, mas criticaram tudo, disseram que os votos foram comprados, chamaram de vergonha a eleição. A experiência de vida me mostrou que não existem santos no mundo, nem coerência ou outras lições que nossos avós ensinavam. Houve compra de votos? Houve carona pras pessoas votarem? Ah, e isso nunca aconteceu numa eleição, certo? O que me enoja é que tudo isso sempre esteve na cara nos processos eleitorais e a escolha das gurias que vão representar a Fenarroz, com todo respeito, não vai mudar em nada o desenvolvimento da cidade.

Então, me pergunto, por que diabos as pessoas se preocupam tanto com isso? Por que a vaidade é mais importante que o futuro, que o bem comum? Eu não tenho respostas pra essas perguntas também, simplesmente por ter uma opinião formada, uma ideia, um legado e um aprendizado. É claro que a eleição não foi correta, mas e daí? Quem participou do jogo sabia desde o início quais eram as regras e se submeteu a elas. Gritar agora é bobagem.

Agora, povão, por favor... Quem sabe vocês se preocupam um pouco com a política. Lembrem que há 20 anos o muro de Berlim foi derrubado. Há 20 anos, uma foto chamou atenção do mundo: um chinesinho parado em frente a dezenas de tanques, perguntando “por que vocês estão aqui”. Há 20 anos, o Lula dizia a seguinte pérola “Collor, você é a maior mentira política desse país". Hoje, comemoramos a queda do muro e o Lula agradece a força que o Collor dá pra ele e discutimos a eleição da Fenarroz. Sinto muito, povão. Larguei vocês de mão.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A primeira vez

Pela primeira vez, ele sairia com a garota por quem estava apaixonado há mais de três anos. Pela primeira vez, ele comprou flores e deu um trato caprichado no cabelo. Era a primeira vez que sentia a felicidade próxima batendo à sua porta. Não sabia se era sorte ou pela coragem de abrir o coração para despejar um “você pode não acreditar, Paulinha, mas eu lembro até da roupa que tu usava quando te vi pela primeira vez. Era uma saia jeans, um All Star e uma blusinha branca escrito “sorte” em inglês”.

Quando ela perguntou por que Cadu ainda lembrava daquilo, ele só disse uma palavra, sem nenhum medo de parecer clichê ou patético. “Amor” ele disse. E olhou para o chão antes de tornar a admirar o olhar surpreso dela, misturado entre surpresa e um tímido sorriso. Cadu teve vontade de tocar seu rosto pela primeira vez e chegou a levantar levemente a mão direita, mas não conseguiu seguir, recolocando-a no bolso. Paulinha sentiu que pela primeira vez um rapaz parecia estar sendo honesto com ela.

Sem saber por que ela acreditava em cada palavra que ele dizia e insinuou querer ir ao cinema para ver um filme qualquer. Cadu entendeu e convidou oficialmente a menina, queria até mesmo cumprir o ritual de ir à casa dela, mas preferiram se encontrar no meio do caminho. Assim teriam um pouco de tempo de conversar antes do início do filme, sem perder a história.

Mas Cadu não tinha assunto e começou falando do tempo. Estava quente o dia inteiro, porém havia chovido minutos antes de se encontrarem, refrescando o dia. “Parece que os céus estão a nosso favor”, disse ele. E agradou, arrancou um sorriso de Paulinha pela primeira vez naquele dia. Seguiram conversando até chegarem à sala de cinema, onde passava uma comédia romântica, bem ao estilo americano: cara estranho com a garota mais desejada da escola. Pela primeira vez, no meio do filme, Cadu levou sua mão na direção de Paulinha, segurando a pequena mão da menina. E antes de se despedir, pela primeira vez, ele foi beijado pela jovem. Ainda hoje, ela não esquece aquele dia e repete o mesmo sentimento no beijo todas as manhãs.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O suicídio

Era uma sexta-feira e chovia muito, tanto que ele nem podia ir à rua comprar o pão para a ceia. O velho morava sozinho há anos, depois que a amada morrera, acabou abandonado pelos filhos, sequestrados pelo mundo capitalista. Assistia à televisão que passava o noticiário abordando o mísero aumento de sua aposentadoria e olhava pela janela um casal de jovens correndo abraçados sob a chuva, buscando refúgio da tormenta. Num estalo, levantou-se e abandonou os comprimidos que tinha nas mãos. Abriu a porta e convidou o casal a entrar, até que a tempestade tivesse um fim.


Há muito tempo, o velho não enxergava mais o colorido da vida, suas únicas companhias eram a caixa do supermercado com quem trocava duas, três palavras diariamente, e seu cachorro – um cão de raça indefinida que havia sido companheiro de caça de perdizes. Todos os dias, ele cumpria o mesmo ritual, acordava quase de madrugada e sentava à beira do velho fogão a lenha e conversava com o Cusco (sim, era esse o nome do animal).


Ao ver o carinho que o jovem e a moça se tratavam, o velho sentia como se um filme passasse em sua cabeça. Lembrava do dia em que conheceu a finada esposa e da felicidade quando seus dois filhos nasceram. Por alguns segundos, parou observando aquele casal, que se olhava e se enxugava com a toalha emprestada pelo velho homem. Como a chuva não parava, o garoto começou a puxar conversa, dizendo que morava ali perto e que ouvira falar do passado do velho, ex-combatente de guerra.


Aquelas palavras mexeram com o saudosismo do homem, que abriu um sorriso e acenava positivamente com a cabeça, dizendo que aqueles eram tempos horríveis. “Não há nada de honra na guerra, eu não me sinto orgulhoso de ter feito parte disso, só de ter voltado e educado meus garotos”, disse, olhando para o horizonte e enxergando os comprimidos que há pouco carregava. Sentiu repulsa do que estava prestes a fazer e emendou: “vocês foram como anjos, por favor, aceitem minha gratidão pois quem recebeu abrigo hoje fui eu e não vocês”. Um tanto sem entender aquela atitude, com o velho estendendo várias notas de dinheiro a ele, o garoto não aceitou e se comprometeu a voltar.


Dias depois, o rapaz retornou para a casa do velho, encontrando-o morto sobre a cama, com um punhado de comprimidos na mão. Pensou tratar-se de suicídio, mas encontrou uma espécie de diário que parecia ser direcionado á amada esposa, onde se lia: “meu amor, preciso que me espere um pouco mais. Achei que não suportaria mais nenhum dia longe de ti neste mundo egoísta. Cheguei a pensar no suicídio, mas a bondade de um casal comigo em um dia de chuva me fez desistir. Me espera, um dia nos abraçaremos de novo”.


quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Fotos de festa

Faz muito tempo que não tiro mais aquelas fotos de festa, cheio de gente com cara de alegre em volta, com latinhas de cerveja na mão e umas gurias lindas na volta. Também faz muito tempo que não faço festa como nos velhos tempos e por falar nisso, eu sinto que estou mais experiente do que parece. Não é por culpa da minha namorada (eu jamais diria isso, amorzinho), até porque ela adora fazer festa. O problema na verdade sou eu mesmo, ou a minha falta de tempo e de grana.


Mas eu vou explicar e espero que todos entendam porque eu escolhi deixar de fazer festas há algum tempo. São pelo menos quatro anos em que as pessoas da cidade não sentem minha falta nas baladas. Primeiro, porque quando meu pai adoeceu, eu me dedicava 24 horas por dia a cuidar dele, era uma ralação desgraçada e pro meu desespero, o velho faleceu. Mas hoje eu encaro isso bem, então não sintam pena de mim, (esse sentimento não me ajuda em nada). Claro que teve um tempo até eu me acostumar e sair de novo. E logo em seguida, conheci essa guria que hoje é o amor da minha vida (e meu tormento muitas vezes. Acho que a gente se ama demais pra brigar tanto. Bueno, ela não gosta quando revelo nossas intimidades então deixa pra lá).



Mas nenhuma dessas desculpas aí de cima explicam porque eu deixei de fazer festas com a mesma frequência de antigamente, de altos porres e outros maus exemplos pra gurizada. Acontece o seguinte: eu administro os esparsos recursos que possuo e penso em gastar com coisas que sejam mais importantes, como roupas, contas de casa e tudo mais. As festas ficam sempre em último lugar. Isso explica porque eu jamais seria um político que agradaria o povo. Ah, não entendeu né? Simples, eu ia reservar 1% de grana pública pra festas de qualquer tipo, Carnaval, essas coisas, e investir o máximo em saúde, educação e infraestrutura urbana. Acho que dar saúde, informação e lazer para as pessoas permite que elas tenham condições de fazer as suas festas.



Não sei vocês, mas eu jamais dou dinheiro quando sou abordado na rua para dar esmola. Agora, quando aquele tio velhinho aparece lá na porta de casa, todo suado porque estava cortando a grama do vizinho, e me pede um prato de comida, eu atendo prontamente. Existe um abismo de diferença em entregar dinheiro para a pessoa fazer festa e alimentar a sua alma. Mas nem todos entendem isso, quem consegue, entende porque eu não ando mais indo em festas.