segunda-feira, 31 de maio de 2010

A CCrventia

Um dos exemplos mais claros que vejo de desperdício de dinheiro público é com a contratação de cargos políticos no poder público. Os populares CCs e sua necessidade e resultados são um tema que sempre despertou meu interesse e questionamento. Afinal, qual a serventia de um CC? Compreendo que uma administração precise se sustentar politicamente e que parte dessa sustentação passa pelo preenchimento de cargos com colegas de partido. Só que muitas vezes, pelo menos nos exemplos próximos, dá para ver nitidamente que as vagas políticas são preenchidas por amigos do governante.

E aí, é claro que nem sempre o funcionário cumpre suas tarefas com a mesma disposição com que vai ao banco retirar o gordo cheque assinado pelo povo. Aliás, o cheque cobre as horas que ele passou fugindo do serviço ou fingindo que trabalhava apenas atendendo telefonemas. Há casos de CCs que atuam como secretários, atendendo telefones e agendando encontros, e ainda aqueles que não fazem absolutamente nada e merecem o apelido de aspone (assessor de porcaria nenhuma). O pior mesmo é quando estão em cargos de primeiro escalão e não possuem conhecimento de nada e são especialistas em dar desculpa. Esses me entristecem, me revoltam porque eu sei a dificuldade que é para uma família pagar seu IPTU e deixar de comer um churrasco no final de semana.

E eu não entendo por que ainda alguns conseguem manter o civismo de cumprir com suas obrigações com os impostos. Aliás, entendo... É porque esta parcela da população, embora não saiba como combater problemas como estes, prefere não ser corrupta. Optou por fazer o certo. O problema na administração pública está justamente nesse nome: público. O gestor não administra o recurso como se fosse privado, como se os investimentos saíssem do seu bolso. Duvido que haveria emprego para figurinhas que nada fazem ou que pouco ajudam no desenvolvimento do município se fosse assim.

É por isso que defendo a profissionalização das prefeituras. Não sou estúpido de desejar que não existam mais CCs na administração pública, até porque isso é uma utopia. Mas pelo menos que se estabeleçam critérios para a ocupação desses cargos para que o CC tenha alguma serventia, e não sejam colocadas pessoas incapacitadas para a função que vão exercer. O discurso de preencher a administração com profissionais técnicos precisa ser mais do que uma frase bonita para o jornal. Enquanto o primeiro escalão às vezes até possui profissionais técnicos, as diretorias e assessorias muitas vezes estão preenchidas, não com incompetentes, mas com preguiçosos. E o CC poderia muitas vezes ser o motor na gestão pública. Só que os gestores não enxergam isso...

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