Época de transição, de esperança renovada, não é só mais um dia, é o último dia e o primeiro dia. É uma data única, esperada, comemorada, com todo o marketing possível que se possa imaginar para a data. Os corações estão de certa forma mais propensos à fraternidade esquecida nos outros 364 dias do ano. E enquanto erguemos nossas taças de champanhe e brindamos com nossos entes queridos, do lado de fora do conforto de nossas casas, alguém vasculha o lixo por um resto de qualquer coisa que possa ser dado a um filho.
Mas por que lembrar isso em um momento como esse, de comemoração, de extrema alegria? Por quê? Não sei, talvez seja apenas uma falsa preocupação, mas se fosse mesmo nem estaria escrito. Eu deveria comemorar, e vou. Eu deveria erguer os copos, e vou. Mas pessoalmente não consigo ter uma felicidade plena se sou obrigado a assistir cenas como essas. É só nesse momento, de reflexão, que isso aparece, porque depois a alegria mascara qualquer tipo de grilo que pintar.
É hora de dar o reset, de contabilizar o que fizemos de memorável e de se cobrar pelo que não foi alcançado. De estabelecer novas metas e talvez até renovar velhos compromissos, para fazer valer as velhas promessas. É hora de virar a página com a curiosidade de quem precisa descobrir, ansiosamente, o que acontece depois desse ato. Momento de caminhar com cuidado, mas com a segurança de quem sabe para onde está indo. Hora de dar o reset e apagar da memória os erros, mas ter a noção de que eles existiram, para que não sejam repetidos.
Dá para acreditar que agora vai ser diferente, que aquelas dificuldades não vão vir como chuvas na praia acabando com nosso humor. Não há problema em desejar que tudo continue igual, embora a conformidade não tenha nunca mudado o mundo. Hora de iniciar rebeliões, de se juntar a qualquer causa que transforme sua vida, de não ter medo de enfiar seu corpo na frente da tropa de choque e responder aos tiros com sorrisos. Você não vai mudar o mundo, nem mesmo ser lembrado como um revolucionário e ter seu nome escrito nos cadernos de história. Mas vai poder dizer, com orgulho: “eu tentei”. Então, tente, nem que seja seu último esforço, avance, nem que seja seu último passo, erre, mesmo que seja a última queda, mas aprenda, pois nenhuma lição será a última.
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