segunda-feira, 26 de março de 2012

Elogios: use com moderação

Ninguém resiste a um bom elogio, aquele sincero que lê um detalhe imperceptível para a maioria das pessoas. Só um coração muito fechado para se fazer indiferente diante de um afago. Um sorriso diferente, uma jogada de cabelo ou um gesto carinhoso... Demonstrações públicas de afeto, a capacidade de discutir um assunto sem impor opiniões e até mesmo saber aplicar uma piada no momento certo. Para mim, são todas situações dignas de um elogio.

O “golpe” de elogiar não pode ser dado indiscriminadamente como os desvios de dinheiro no poder público. Recomendo que usem ele com moderação, assim como nos orientam a beber a cerveja naqueles comerciais cheios de mulheres seminuas (aliás, é preciso mesmo se formar em Publicidade para produzir aquilo?). É claro, imagino que ninguém vai acreditar em alguém que passa o tempo todo elogiando. Mas vocês, leitores que eu amo, não imaginam a importância que um elogio simples pode fazer na vida de uma pessoa. Se não na vida, ao menos no dia, no ego, enfim.

Uma coisa que sempre me deixou curioso era a forma como as pessoas mais propensas a serem elogiadas, as mulheres realmente lindas por exemplo, recebiam os elogios. Tirei essa dúvida na noite de ontem, com uma linda. Antes, eu tinha o maldito preconceito de que uma pessoa linda não dava importância aos elogios que recebe. Imaginava eu, do fundo de minha ignorância, que isso aconteceria porque as lindas estariam acostumadas aos galanteios. Terrível engano.

Não é assim, confessou minha interlocutora. “É bom sempre”, frisa ela, declarando-se uma amante incorrigível de elogios. E foi mais adiante, algumas vezes elas conseguem sacar quando o elogio é só uma estratégia e não tem nada de alma nas palavras. Aí, sim, concluí, o elogio se torna totalmente dispensável por quem quer que seja. Até porque ser elogiado é uma maravilha, mas ter o saco puxado é, com o perdão da redundância, um saco. Então, se for para elogiar, que seja de verdade, não temos o direito de entrar na vida de uma pessoa e não transformar ela com algo positivo, mesmo que por alguns segundos.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Amando em silêncio

Sei que seria capaz de amar você em silêncio em cada minuto de um dia inteiro. Amaria ver você acordando, ou não querendo acordar, preguiçosa emaranhada nos lençóis brancos que desenham seu corpo. Provavelmente daria risadas enquanto você reclama e se contorce na cama pedindo para ficar mais um pouquinho ali descansando. Amaria acordar você com um beijo que pudesse se estender por todo o resto do dia, e enlaçar você numa manhã de sábado qualquer e esquecer que temos qualquer compromisso importante, porque importante é só te abraçar.

Amaria ver você ligando o som para escovar os dentes com minha camiseta velha, que se transforma no modelo mais sensual do mundo com aquele nozinho nas costas porque ela fica grande demais no seu corpo. Ver você mexendo nos cabelos, segurando a piranha entre os lábios para prendê-los, deixando uma mecha solta que parece ser destinada a provocar um encantamento bobo. Iria amar seu jeito maroto de colocar as calças virando para um lado e outro na frente do espelho procurando gordurinhas que jura existir e que só você enxerga. Acharia graça de você tentando parecer brava por eu dizer que está perfeita.

Almoçaríamos juntos sentados no chão da sala, você prestando atenção no filme que alugamos. Eu prestando mais atenção em você. Sua irritação por eu perder a cena mais romântica do filme aparece com a mesma intensidade que some porque nos beijamos criando a cena mais romântica da vida real. E isso tudo é real. Você dizendo que me adora depois de um beijo, de dois beijos, de muitos beijos. Eu dizendo que não consigo ficar longe de você sem que isso se torne clichê. Sem segundas intenções, ou cheio de segundas intenções. Eu só quero amar você em silêncio, ou sussurrando ao seu ouvido, fazendo você se arrepiar.

Sairíamos juntos para caminhar pela cidade, você toda moleca iria se divertir no balanço da praça, e sem saber por que eu acharia isso uma graça. Acharia você maravilhosa cantando loucamente com os fones de ouvido sem se importar com quem estivesse nos julgando. Acharia maravilhoso mesmo que o dia estivesse acabando. Passaríamos a noite admirando as estrelas, ou em uma festa onde a bebida não é o que me obriga a dizer que te amo. É só o que eu sinto quando amo você em silêncio durante um dia inteiro, não por ter a certeza que tenho você sempre por perto. Mas por ter a certeza de ter você...

quinta-feira, 8 de março de 2012

Eu adoro quando você...

Eu adoro deixar reticências quando falo das coisas que você faz e me encanta... Como quando dá aquela risada maneira e rápida no meio de uma ligação e consegue me desconcertar, fazendo esquecer o assunto sério que eu queria falar. Também adoro quando você está se arrumando para a festa e me pergunta, com aquele olhar maroto, se a roupa ficou legal. Acho lindo demais quando do nada decide parar de dançar só para me dar um abraço e esquecer o resto do mundo no meio de uma festa.

Adoro até quando você estraga meus planos de ficar em casa no final de semana só para tomar um sorvete em qualquer lugar. Adoro porque adoro seu poder de fazer coisas simples serem adoráveis. Eu adoro você e sei explicar cada detalhe disso, como quando fico parado, vidrado e até abobado com o seu olhar fixo em mim. Acho que sei adorar até cada uma das suas manias engrraçadas, como me interromper com um beijo quando tento ficar zangado.

Adoro suas tentativas frustradas de cantar aquelas músicas americanas que não param de tocar na rádio. E adoro o jeito que você viaja ouvindo música com os fones de ouvido e até aquela carinha sapeca que você faz quando fica sacudindo um dos fones no ritmo da canção. Adoro o jeito que você prende o cabelo olhando para o nada como se tivesse um espelho à sua frente. De todas as coisas que adorei em você no início, tem uma que cada vez adoro mais. É claro que é o seu beijo, mas a concorrência com o carinho no final do dia é forte.

Eu adoro também quando você senta no sofá e começa a pintar suas unhas e aproveita para inventar teorias sobre coisas que não consigo entender nada, porque me perdi naquele pedaço de cabelo caído sobre seus olhos. Adoro quando você não consegue disfarçar um sorriso no meio de uma reunião séria. E adoro principalmente quando você se atira sobre mim depois de me ouvir dizendo que adoro você.

sábado, 3 de março de 2012

O que te define?

Acho incrível como a internet se tornou uma aliada das pessoas para definirem o que elas sentem. Não é preciso pensar, basta pegar qualquer postagem compartilhada por alguém que nunca foi visto ou de um poeta que do nada vira uma unanimidade (CFA) por pessoas que jamais leram um livro e pronto. “Fato” - comentam os internautas sobre as frases que parecem ter o poder de desvendar suas almas. Esses textos se encaixam para o momento, e a internet é instantânea, eu deveria entender. Mesmo assim, acho incrível esse lance.

Infelizmente, não tenho esse poder de encontrar por aí nada que me defina ou que diga o que no fundo sou. Raras vezes encontro frases que se encaixem ao meu momento. Acho que até invejo quem tem essa capacidade de usar o que os outros sentem para explicar o que seu próprio coração esconde. Talvez eu não consiga porque sou uma confusão inexplicável de todas as ideias que tenho o tempo todo. Não gosto de concordar, mas não brigo divergindo. Não gosto de verdades absolutas porque sei que são no fundo ancoradas em mentiras frágeis. Perdoem-me, mas escolhi definir o que eu sou e o que sinto, e não copiar nada dos outros. Preconceito? Provavelmente.

As definições que entopem a internet me fazem refletir, parar e pensar. Algumas vezes, merecem um curtir, quiçá compartilhar. Mas elas não têm esse poder de ler minha alma. Vasculhei diversos livros atrás disso. A influência deles me fez mudar conceitos, preconceitos e até mesmo consolidar algumas ideias. Na verdade, eu nem queria que esse texto fosse uma coisa pessoal, mas é difícil fugir disso (eu deveria apagar esse trecho porque é só uma desculpa esfarrapada).

Não consigo gostar de escrever nada na minha vida para apagar depois. E só deleto minhas histórias quando encontro os erros de português. Muito provavelmente, o bacana seja fazer o mesmo com as pessoas que colocamos em nossas vidas, não sei. Como eu disse não há verdades absolutas. O que acho é que só devemos apagar da nossa história quem se transformou em um erro. E isso vai ser decidido na subjetividade de cada um, de decidir o que foi um erro, um acerto ou só mais um caso de boate.

E tudo que o mundo copia e compartilha não vai mudar a sua capacidade de avaliar o que fazer. São opiniões e na maioria das vezes elas só vão servir para nos distrair. Gosto da frase de um amigo que diz “Não choro em velório”, ela expressa bem esse meu preconceito de perder tempo com o que os outros acham que eu deveria fazer. A escolha é minha. O lucro e o prejuízo, também.