Paixões partidárias deixadas
de lado, essa é a análise que faço do debate da última quinta-feira promovido
pelo Sistema Fandango de Comunicação, um momento histórico na minha carreira
jornalística. Foi mais uma experiência nova na minha vida, de acompanhar algo
inédito e com tamanha repercussão e ainda ter que descrever para a comunidade
no dia seguinte. Agradeço aos colegas pela oportunidade, cada hora trabalhada
naquele dia foi compensada. Abaixo, a minha interpretação do que vi e
principalmente do que ouvi, com a análise individual dos cinco candidatos.
Luciano Figueiró (PMDB) –
Para muitos foi o melhor candidato no debate. Sou forçado a concordar pelo que acompanhei,
pois ele soube aproveitar a falha dos adversários no momento de lhe
questionarem e falta de experiência dos colegas com o discurso. 16 anos de
Câmara ajudam qualquer um a se expressar de forma direta, objetiva e a ter a
malandragem política. Enfatizando que nenhum de seus militantes recebe
recursos, acerta junto à população que quer uma política diferente.
Positivo: mostrou as mesmas
críticas que faz há anos no Município e retomou suas mesmas propostas, o que
mostra a qualidade que ele mesmo reforça diariamente: a coerência.
Negativo: insiste demais nos
erros do atual governo com o discurso de oposição. É como alguém que não esquece
a ex-namorada e se torna repetitivo demais, óbvio a todo instante.
Oscar Sartório (PR) –
Populista no discurso e ele sabe o quanto isso funciona junto às classes mais
humildes da população. É uma estratégia interessante. Precisa de alguma forma
convencer o eleitorado mais qualificado sobre suas promessas, que são muitas. E
como fala demais, parece que não cumprirá com tudo. Parece. Tem espaço e força
partidária para acelerar a campanha e ganhar espaço no eleitorado.
Positivo: Entre os mais
pobres, é nítido como seu discurso funciona quando promete pavimentar a cidade
e acabar com o pó e o barro. Mais pontos ganha quando promete um governo com
igualdade.
Negativo: Falta objetividade
em seu discurso e nas suas propostas, que são boas, mas mal explicadas. Faltou
demonstrar que tem conhecimento da realidade do Município para que a sociedade
possa crer que pode realmente fazer diferente.
Ronaldo Trojahn (PSB) –
Acertou em cheio ao descrever sua formação, como administrador, e ressaltar a
necessidade de Cachoeira ter alguém com visão estratégica. O empresariado quer
isso. Foi razoável no debate e tem espaço para melhorar. Demonstrou ética e
fidelidade nos microfones ao não atacar o governo do qual é vice-prefeito.
Positivo: prometer asfaltar 40
quilômetros de vias da cidade e pagar o piso dos professores no primeiro ano é
ousado e demonstra coragem. No seu plano de governo, há a explicação sobre como
fará a primeira proposta, mas não soube colocar isso no discurso de forma
clara. Falou do milagre, mas não contou o santo.
Negativo: teve uma falha no
debate e que acabou sendo crucial para que não empatasse com Figueiró na
avaliação de analistas políticos. Fazer parte do Governo e desconhecer uma
licitação foi um erro que precisa ser corrigido.
Neiron Viegas (PT) – Faltou
ser mais incisivo para um candidato que pode fazer história levando sua sigla
para a cadeira máxima da cidade pela primeira vez na história. A estratégia de
ressaltar os governos Lula e Dilma é questionável, ainda mais pelos resultados
destes nas urnas em Cachoeira. O discurso da participação popular perde força
no momento em que pensa ao contrário da maioria do povo na questão referendo.
Positivo: citar as grandes
obras do governo Ghignatti como feitos petistas foi um golaço, daqueles chutes
arriscados do meio da rua e que acertam o ângulo.
Negativo: renegar ser parte
do governo na questão saúde acabou se tornando um gol contra. Como ator na
Prefeitura, com ou sem CCs, tinha voz para sugerir mudanças na gestão.
Leandro Balardin (PSDB) – Usa
um discurso muito bom quando enfatiza que não fará promessas e ainda demonstra
conhecimento sobre o orçamento municipal, porque realmente não há recursos para
obras mirabolantes. Só peca pelo exagero no discurso de oposição, pois é
preciso apurar o senso crítico e reconhecer que nem tudo são espinhos no
governo atual.
Positivo: não prometer e
ainda citar um exemplo, o do lixo, de como os recursos públicos podem ser
economizados foi o ponto alto de sua participação no debate. Enfatizar ainda
que economizaria cada centavo do dinheiro público também dá pontos valiosos.
Negativo: insistir,
repetidamente, nas críticas ao governo entra no mesmo erro cometido por
Figueiró. É uma estratégia, a meu ver, errada. Pois apesar de ocupar o tempo
falando de suas propostas, joga-o fora criticando o passado.
Esta é a minha opinião, a de
um cara que ainda percebe junto à população uma indefinição completa em relação
ao pleito deste ano.