Nossos corações foram feridos e estão sangrando. Não podem ser reanimados, muito menos substituídos. A dor que dilacera nossos corações é demasiadamente forte para que possamos suportar. E se nosso coração não for capaz de aguentar essa dor, como iremos continuar? Não sei responder. Pra dizer a verdade, nem sei se deveria escrever mais nada sobre isso. De alguma forma, é preciso olhar em frente.
Todos nós perdemos alguém hoje, talvez até mesmo um pedaço de nós mesmos. Nada irá apagar de nossa lembrança este dia 27 de janeiro de 2013, o pior domingo de nossa história. 230 jovens foram mortos. No dia em que eu morrer, e encontrar essa garotada que Deus quis agora ao seu lado, quero ter certeza que aproveitei a minha vida e que me diverti. Pouco antes de nossos corações serem feridos, nossos amigos estavam se divertindo. Tento pensar nisso, mas não é a realidade.
Foram gritos de desespero, pedidos de socorro, últimos suspiros que agora ecoarão na eternidade da história. Os nossos corações foram feridos. A vida não será capaz de recuperá-los. Momentos como este, que nos provam a nossa fragilidade, provocam todo tipo de pensamento. De valorizar a vida a cada dia. Do privilégio que é acordar todos os dias e ver o sol brilhando, ou a chuva caindo, que seja. Das coisas que poderíamos ter feito de outra forma.
Esta página negra de nossa história, manchada com o sangue de nossos filhos, amigos, irmãos, companheiros de estudos, de festas e de sonhos não pode passar em branco. E que Deus nos ajude com as feridas em nossos corações, para que eles aceitem o que não pode ser compreendido. Este não é o fim. Viveremos para honrar vocês, irmãos. Isto não é um adeus. Só um até breve. Aqui jaz nossa vida. Nossos corações insistem em continuar. Perdão a quem não compreende, mas hoje é impossível não chorar.
Em memória às vítimas da tragédia ocorrida na boate Kiss, em Santa Maria, no dia 27/01/2013. Vinícius Severo

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