Há pouco
tempo, o país elegeu alguns heróis no Supremo Tribunal Federal pelas condenações
de réus do processo do Mensalão, aquele esquema de compra de votos dos
congressistas durante o Governo Lula que deixou um prejuízo milionário ao país.
Compra de votos. Fico pensando nesse termo e me imagino um ignorante.
A compra de
votos é permanente dentro da Câmara de Deputados, através do que ouso chamar de
mensalão legalizado. Vejam só. Rotineiramente,
desde que a política foi inventada, prefeitos de todo o Brasil vão até a
capital federal mendigar emendas parlamentares. São recursos que no orçamento
da União não representam praticamente nada. Para comparar, este dinheiro para o
Governo Federal é como os centavinhos que você não pede de volta quando faz
compras em mercados.
O mensalão
legalizado é bem simples. Para aprovar obras importantes para os municípios –
que são lesados pela estrutura da distribuição de impostos – é preciso ter o
carimbo de um deputado. Não somente as importantes (defina o conceito de
importante), mas também para calçamentos de ruas, construções de espaços de
lazer, asfaltamento de vias, eventos, enfim. Se não houver um padrinho entre os
congressistas, o projeto não será aprovado.
Vamos mais
além.
Para que um deputado consiga encaminhar uma emenda para a região onde ele
conseguiu votos, ele precisa ter influência política. Este termo é o
politicamente correto. Eu prefiro trocar por “bom cabrito”. Como bom cabrito
não berra o deputado, estes deputados jamais votam contra o governo, não
importa se para eleger um corrupto presidente da Câmara ou para reprovar ações
federais que no fundo irão prejudicar o povo.
O mensalão
legalizado é uma forma tão corrupta de política que chegamos ao ponto de
acreditar que somente tendo um prefeito do mesmo partido do governador e da
presidenta poderemos ter o desenvolvimento de nossos municípios. E não há lei,
não há Polícia, Justiça ou qualquer autoridade em lugar nenhum que faça com que
esta prática suja tenha fim.
Até porque
todos estão felizes com as obrinhas feitas em suas cidades, com as construções
de estádios para a Copa e o salário dos professores que constroem a maior
riqueza do país.
Há avanços no nosso país mesmo com tudo isso, não é incrível?
Mas a que preço?
Então, é
correto que uma funcionária, para assegurar vantagens salariais, preste favores
sexuais aos seus patrões? Ou que empregados sejam escravos de horas extras jamais pagas
para garantir sua sobrevivência?
E dizem que a prostituição é proibida de
algumas formas. Em Brasília, ela é liberada. E legalizada. E quem paga o programa é você.
Por Vinícius Severo, jornalista
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