Essa conversa foi entre um casal de amigos, na faixa dos 20 e poucos anos. Três anos de namoro, planos de casamento e filhos da parte dela, vontade de viajar e se divertir na cabeça dele. Foi num bar que ele me contou essa história.
“Vini, tudo começou quando ela me fez essa pergunta. Pra que ela precisava disso. E eu não quis mentir, estava cansado, com vontade de tomar uma cerveja gelada que nem essa e de olhar, sem culpa, mulheres gostosas como aquelas ali”. O desabafo do meu amigo, enquanto segurava o copo e mirava um grupo de quatro garotas, rindo, com suas bebidas exóticas nas mãos.
“Mas que pergunta foi essa, Cadu?”.
Ele contou que estavam passando a noite em uma boate, e ela o abraçou inesperadamente, olhou no fundo de seus olhos e lançou: “Cadu, você me ama mesmo?”.
Meu amigo baixou o olhar. Maldita hora que ele abaixou o olhar. A namorada percebeu na hora que ele se fez de louco.
“Cadu... Estou falando contigo”, insistia Julia.
Ele ali paralisado, querendo dizer “é claro que te amo meu benzinho, pra que perguntar uma coisa dessas”. Mas não saía, não adiantava. Ele parecia um bobo parado à frente da companheira, tentando encontrar algo que o tirasse daquela situação.
Foi quando passou uma morena. “Não qualquer morena, Vini. Tu tinha que ver aquela mulher. Aquele olhar, minha nossa. E aqueles cabelos compridos. Tu tinha que ter visto, cara”.
Pois Cadu desviou o olhar e sua namorada o beliscou.
“Carlos Eduardo! Você não vai me responder?”
Então, ele olhou para a namorada. Se soltou do abraço dela. Olhou novamente para a morena, que agora estava no bar, pedindo uma caipirinha. “Caipirinha, Vini. Imagina ela brincando com o canudinho da caipirinha”, exaltava-se.
E nesse momento, a morena sorriu para ele. Foi aí que tudo acabou e ele decidiu dar a real para a garota.
“Não!”
“Não? Não o que, Carlos Eduardo?”
“Não, eu não te amo. Eu amava o que eu idealizava. Amava como você se esforçou pra me conquistar lá no início, como me encantava mudando de planos a todo momento. Era bom, era amor mesmo. Hoje não. É só costume. Estou apaixonado por outra mulher”.
Logicamente, Julia não acreditou e quis saber: “Quem é a vagabunda?”
“Não importa. Ela me faz não pensar mais em você. E eu quero viver de novo sem ter de dar satisfações, quero um tempo. Não, não. Quero terminar a relação. Isso, vamos acabar, aqui e agora”.
A garota se enfureceu, virou as costas e se mandou. Cadu correu pela boate, como um louco. Encontrou a morena. Ela sorriu. Ele entendeu. Beijou-a e disse para si mesmo que estava apaixonado. “Não era a cerveja, Vini, não era”.
Fiquei entusiasmado e pedi: “Conta o resto. Levou ela pra cama?”
Ele não terminou a história. Julia telefonou e ele teve de se mandar. Pelo som do celular pude ouvir. “Vem logo pra casa, Carlos Eduardo, ou quer que eu te busque aí?”. Faz dois meses que não vejo Cadu.
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