Até os mais corajosos viram covardes quando ela passa. Boate lotada, luzes fracas, ela ilumina o lugar. É mulher demais, em cima de um salto com mais de oito centímetros de desdém de nosso interesse. Enfeitada por saia e blusinha pretas, ela anda a passos firmes deixando meus pensamentos perdidos. Observar seu corpo seria o mais natural, imaginar seu interior que provoca algo fora do normal.
Seus longos cabelos negros e lisos, debochadamente lisos, encontram o único vento disponível na festa para aquela tradicional jogada de cinema, quando voam no ar, flutuam, liberando seu perfume de saudade, da infância, de acolhida. Ela está sempre acompanhada de mulheres simples, porque perto delas todas assim se tornam. A vejo e fico imaginando se algum dia uma mulher demais como ela já chorou ou sofreu por um desses caras que brincam com sentimentos.
Se alguém conseguiu ser tão canalha ao ponto de fazer com que a maquiagem que realça seu olhar já foi borrada por lágrimas desnecessárias e absurdas. Se algum dia ela se apaixonou, e não foi correspondida. Porque a impressão que passa é que ela poderia estalar os dedos e qualquer um naquela boate estaria aos seus pés, pagando a bebida que ela quisesse e a tirando pra dançar apenas para ela não ficar parada próximo do bar.
É mulher demais, por mais que seja apenas uma deusa. É mulher demais porque o sorriso se confunde com o de menina. É mulher demais porque impõe medo, respeito e admiração. Mulher demais porque não se imagina alguém brincando com seu coração. Mulher demais porque inspira. E a gente nem respira quando ela passa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário