sábado, 12 de julho de 2014

O golpe da moreninha

Era fim de expediente e Pedro não via a hora de atender a última paciente. O dia havia sido cansativo mais uma vez. Todos os dias ele viajava 120 quilômetros para atender no município vizinho, eram sete horas de trabalho direto entre consultas e atendimentos. Aquele dia, ao passar pelo corredor, uma moreninha, que tinha mais ou menos 20 anos, chamou a atenção do jovem médico. Mexia no cabelo com o dedo indicador, o enrolando olhando para o vazio. E ao ver Pedro passar, lançou um olhar interessado.

Já passava das sete da noite quando a moreninha entrou no consultório para ser atendida. O jovem questionou o que a incomodava, e esta relatou que vinha sentindo fortes dores na região do abdômen. Ela sorria, embora afirmasse estar com dores. Pedro pediu que ela deitasse e tocou seu estômago, perguntando se a dor era naquele ponto. “Não, doutor. É mais para cima”, disse, a voz doce, arrastada.

“Aqui?”, ele perguntou, com a mão noutro ponto.

“Não, um pouco mais”.

Pedro sentiu que algo estava errado quando a garota abruptamente puxou sua mão e a colocou sob o seio. Constrangido, ele rapidamente sentou-se e passou a prescrever qualquer medicamento. Quando olhou para o lado, a moreninha estava completamente nua do seu lado. “O senhor não vai me examinar mais?”. Mil pensamentos passaram pela cabeça de Pedro, principalmente o fato de a concorrência vir tentando, meses atrás, fazer com que ele e seu sócio fechassem a clínica e parassem de disputar seus clientes. Certo de que se tratava de um golpe, Pedro recuou, e agradeceu à garota, mas avisou que nada aconteceria.

Semanas mais tarde, a moreninha foi atendida pelo sócio de Pedro, Carlos Eduardo. Cadu agiu diferente e acabou caindo completamente nos encantos da garota. Quando a recebeu, notou suas intenções e a possuiu ali mesmo, na sala de atendimento. O caso foi denunciado. Cadu acabou expulso da cidade. Três anos depois, já recuperado, ele esteve num barzinho com a gente e viu a mulher que havia o destruído para aquela cidade. Ana Maria estava rodeada de suas amigas, enquanto o som do pub tocava uma canção sertaneja qualquer. “Vejam, é a moreninha”, disse Cadu. Pedimos que o amigo não fizesse nenhuma besteira, que esquecesse. Ele não quis saber, foi até a mesa onde ela estava e começou a falar para as amigas. “Vocês sabem quem é essa mulher?”, questionou.

A garota pediu que ele parasse, explicando que poderiam sair para conversar, já que estava extremamente envergonhada.

“Pois eu vou dizer quem ela é. Essa moreninha é o amor da minha vida e até o dia de hoje eu sonhava em reencontrá-la”. Ana Maria não acreditou nas palavras, sorriu e levantou-se para abraçar o homem que outrora prejudicou por uma boa quantia em dinheiro. O golpe da moreninha, afinal, não funcionara. Cadu estava apaixonado pela melhor tarde de amor que tivera até então. Pediu Ana em casamento, para ter as melhores noites de amor pelo resto de sua vida.

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