Foi indo cortar o cabelo em
um desses tradicionais salões de beleza femininos (?) da cidade que elaborei
essa teoria, que obviamente vocês podem atacar. O problema do SUS que acontece
na nossa cidade e no Brasil não tem solução. Os salões de beleza estão aí para
provar isso. Veja bem: as pessoas reclamam porque ficam esperando por
atendimento médico em hospitais e plantões do SUS. Os governantes sempre,
invariavelmente, respondem que não têm grana suficiente para colocar mais
profissionais atendendo. Na real, a gente sabe que isso é uma mentira porque
sempre sobra grana para apadrinhar os amigos do rei. Mas a leitura que deve ser
feita é a seguinte.
Os salões de beleza,
principalmente quando há eventos maiores na cidade, não conseguem dar conta do
horário de atendimento das dezenas de mulheres que buscam arrumar o cabelo,
pintar as unhas, depilar a amiguinha, essas coisas. E as profissionais dos
salões normalmente acabam atendendo mais de uma cliente ao mesmo tempo. O que
acontece? O horário que estava pré-agendado para as 16h estoura e a cliente só
acaba sendo atendida uma meia hora depois, ou mais, dependendo da sorte. O que
estou querendo ilustrar é que o problema está concentrado na demanda de
cidadãos que buscam o atendimento de saúde. É muita gente para pouca estrutura
pessoal e profissional. E mesmo que essa estrutura seja ampliada, dificilmente
vai satisfazer a pleno as vontades do povo que não tolera esperar 30 minutos no
plantão.
Eu sei que comparar beleza
com saúde pode ser trágico nesse caso, mas façam a análise sem rancor em seus
corações. Até porque a raiva poderá provocar doenças e vocês vão ter que parar
de ler isso e procurar um consultório médico particular onde, não por acaso,
irão marcar atendimento para as 16h e vão acabar sendo recebidos pelo médico
uma meia hora, ou mais, dependendo de sua sorte. Aí, para os gestores, parece mais
interessante não enterrar os recursos públicos para ampliar o atendimento na
saúde, por que, sei lá, não vai mudar muita coisa.
Não sei se estou exagerando,
me critiquem, por favor.
A única coisa que eu acabo
concordando nesse tema saúde com os políticos é quando eles dizem que irão
incentivar as ações preventivas em saúde. Mas a verdade é que esse trabalho é
difícil demais de ser realizado. Simplesmente porque a população só começa a se
preocupar com a saúde quando começa a passar dos 40, 50 anos. É um problema
cultural, logo os recursos aplicados nessa conscientização e a oferta de exames
preventivos tem que ser maciça. Daí, quem está na oposição critica facilmente
os investimentos na medicina curativa, sem perceber que a necessidade é de
investimentos crescentes nas duas questões. E claro, isso tudo eu aprendi
ouvindo pessoas, já que não tenho diploma nenhum na área.


