segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Correndo para a morte
Passei o sinal vermelho e lembrei de quando você dizia que eu fazia tudo errado e arriscava demais em pequenas atitudes. Na esquina seguinte, freei bruscamente e lembrei do nosso primeiro encontro, quando eu simplesmente parei admirado com as curvas do seu rosto. Arranquei novamente, agora mais decidido. Meu rumo foi uma freeway qualquer com um asfalto recapado como meu coração. Pisei fundo no acelerador só para ver o cenário passar mais rápido pelos meus olhos e sentir a adrenalina invadir o corpo, provocando uma sensação de liberdade indescritível. Soltei as mãos do volante para ver se arrancava de vez também aquelas sensações passadas, deixando o carro dar qualquer rumo para a minha vida. O marcador aponta 150 quilômetros, o mesmo número final do seu telefone. Talvez seja chegada a hora de partir, afinal. Passo o cinto de segurança e acelero mais ainda, quero ir mais rápido para me concentrar na estrada e não lembrar de você. Não vou frear na próxima curva e espero que o carro tenha mais estabilidade do que as minhas emoções.
Acordei sem lembrar do que aconteceu, a luz machucou meus olhos quando os abri e a primeira imagem que apareceu foi você, rezando sentada ao meu lado, dentro daquele quarto de hospital. Não lembro mesmo por que saí correndo insanamente daquela forma e por que estava querendo acabar daquele jeito, correndo alucinadamente atrás da morte. E agora estou aqui, escrevendo para agradecer pela dádiva do seu amor, que me fez desviar daquele caminho sem volta para retornar ao convívio do seu abraço e poder, quem sabe, voltar a andar devagarzinho do seu lado.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
O melhor emprego do mundo
No melhor emprego do mundo, você pode viajar e construir grandes obras e fazer muita festa, usando o dinheiro dos outros. Se você se interessou pelo emprego, saiba que não é difícil conquistá-lo, conhecendo as pessoas certas, você faz uma fichinha e pode comprar a vaga, que ninguém vai dar bola se você acabar bagunçando todo o escritório ou se destruir coisas que estavam indo bem. Só é preciso conhecer o jogo e dançar conforme a música.
Muita gente vai trabalhar para que você mantenha o melhor emprego do mundo e vão aproveitar o seu status para pedir favores e benesses, e você vai ter que aturar essas critaturas que vivem na sombra do seu sucesso e que puxam seu saco até não poder mais. Muitas vezes, você vai ter que subornar alguém aqui e dividir uma grana ali, mas isso também vai fazer parte do jogo, então vá se acostumando. Não se preocupe se faltar grana, você vai aprender formas de ganhar muito, não ilícitas, mas muito práticas.
No entanto, existem alguns requisitos para que você possa largar seu currículo para o melhor emprego do mundo: você não pode ter nenhum tipo de balizamento ético, deve pensar sempre em si mesmo, depois em ajudar os outros. Pode até parecer errado, mas a maioria dos caras que conseguem manter o melhor emprego do mundo age assim e muitas vezes estão se lixando para o que os outros pensam. Então se você acha isso errado, já não é um bom candidato ao emprego dos sonhos. Isso porque o chefe realmente não liga a mínima para o que você fez no passado ou se vai mesmo fazer um bom trabalho. E aí, já sabe qual o melhor emprego do mundo? Sim, o de político. E se você não gostou do texto e acha que é exagerado, comece na eleição a mudar essa realidade. Ao invés de simplesmente me criticar, é muito melhor que você passe a se importar com o empregado que deveria estar trabalhando e que hoje pega o dinheiro público e enfia você sabe onde... É hora de dar uma resposta a essa corja que acha que vai trabalhar para sempre no melhor emprego do mundo. Seja o melhor patrão do mundo e cobre trabalho e se ele não cumprir, coloque no olho da rua.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Quando a beleza esconde a surpresa
Um rosto bonito não sobrevive sozinho e precisa de muitos cremes e plásticas para continuar assim por bastante tempo. E mesmo que a beleza seja capaz de abrir portas, a simpatia e a humildade são capazes de derrubar as portas de vez. A inteligência só tende a aumentar, quanto mais cultura você absorve, mais sede você tem de aprender, empreender e crescer. Seus ideais são expandidos, você não deseja apenas fotos em revistas e capas de jornais, você quer algo mais, você quer voar. O dinheiro, nem sempre, passa a ser uma ideologia, muito menos o poder e o status na sociedade. A beleza até pode te dar asas, mas somente características marcantes vão te fazer subir aos céus de verdade.
Hoje comentei com a garota que inspirou estas palavras que eu gostaria de voltar belo em outra vida (não discuta espiritismo comigo, por favor...), só para ver como seria essa experiência. Talvez eu fosse esnobe, talvez fosse o mesmo, mas no fim de tudo a nossa personalidade não é moldada simplesmente pela casca externa que mostramos para o mundo, mas pelas transformações internas, em nosso pensamento, que este mundo nos provoca. Não é a beleza, o dinheiro, o poder, ou qualquer coisa dessas que vai fazer de alguém mais ou menos simpático, obstinado, e sim a sua forma de enfrentar desafios.
Sempre costumo dizer que não me importo com a opinião das outras pessoas, mas isso não é verdade, porque no fundo todo ser quer ser aceito, reconhecido e é incrível como uma frase simples atirada no Twitter pode ser capaz de nos fazer mudar completamente de opinião a respeito de alguém. A Jéssica vai entender o que estou tentando dizer, porque ela é linda e sabe que ser bela além do limite do aceitável - como ela é - faz com que as pessoas a subestimem como eu mesmo vinha fazendo. Então, só o que pude fazer foi este último parágrafo para minimizar a minha gafe. Porque beleza até não põe mesa, mas deixa bem ajeitadinha...
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Machismo x delicadeza
Mas se olharmos pela visão das mulheres, elas também terão razão se disserem que nós já saímos da fábrica com defeito, pois queremos sempre nos engraçar com outros produtos do mercado, e falamos besteira o tempo todo.
Quando eu era mais novo, li um livro de piadas que dizia por que o cachorro era melhor que ter uma mulher, porque ele não exige sair para festas, nem se importa que você arrote na mesa e muito menos vai querer trazer a cadela da mãe dele para viver com você. A única desvantagem do animal para a mulher é que não dá pra namorar um bicho. Convenhamos que também haja filmes pornográficos que mostram que é possível, mas não é disso que estamos falando. De qualquer forma, para as mulheres também deve ser mais interessante ter um cão em casa do que um cara que fica bebendo cerveja o dia inteiro e falando de futebol, as deixando esperando enquanto ele sai com os amigos ou outras cadelas. Aliás, as mulheres preferem cachorros ou galinhas? Fica aqui exposta uma dúvida...
Depois que fui vivendo, notei que jamais conseguiria viver sem uma mulher para me incomodar. Aliás, assisti muitas dizerem por aí que mulher não precisa de homem. Como se elas não tivessem necessidades fisiológicas também. A verdade é que isso tudo pode até ser uma grande mentira e o engraçado é que nada disso deveria ser sério, então não se preocupe se tudo parece tão ambíguo, porque era parar ser assim mesmo porque homens e mulheres são muito diferentes e não entendem que se fossem iguais a relação não teria graça nenhuma. Entre o machismo e a delicadeza feminina, eu prefiro a mistura imperfeita que os dois produzem e viva as diferenças que ser igual é coisa de argentino.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Festa Linda

Na última semana fui a uma festa chique, do tipo que normalmente eu não gasto grana para ir. Era a festa da Revista Linda, que eu sequer leio. A revista é voltada para um público nobre, possuidor de grana - coisa que eu normalmente não tenho em abundância e preciso economizar para poder ir a um evento deste tipo. Pois bem, eu tinha excelentes motivos para ir a esta festa. Não saía há bastante tempo, queria a companhia da minha morena e fazia muito tempo que não assistia a um show de qualidade. Isto sem falar nos meses que resisti sem ingerir uma gota de álcool.
Pois os integrantes da alta sociedade não prestigiaram o evento maciçamente e mesmo assim foi um investimento que não me arrependi de ter feito. Notem que não coloquei como motivo para uma boa festa a lotação do local, embora muitas vezes isso seja necessário. A Hype estava meia boca, como se diz na gíria jovem, mas a festa foi linda – com o perdão da falta de adjetivos mais interessantes. O principal destaque da noite não poderia ser outro que não os jovens que tocavam sucessos dos garotos de Liverpool. Eram argentinos, se intitulam The Beetles. A habilidade dos caras cantando pode ser comparada à do Messi com a bola, já que estamos falando em argentinos.
O show teve uma série de momentos marcantes, como nas últimas canções, Let it Be e Hey jude. Um dos rapazes incorporou o Mick Jagger e soltou Satisfaction com perfeição. Dava para ver que os hermanos sentiam algumas das músicas, pareciam ter realmente recebido uma bênção de Paul, John, Ringo e George. No entanto, nestas festas a minha cabeça viaja em situações que fogem da atenção da maioria das pessoas. Eu notava os olhares e gestos de um grupo de quatro mulheres, na casa dos 30 anos, que mirava homens sozinhos como um franco-atirador.
Uma delas fez uma cruzada de pernas no melhor estilo Sharon Stone que não consegui desviar o olhar, mas não apanhei da mulher por isso. Uma provocação de um imbecil entre o público, que gritava Brasil ao final das músicas dos Beetles, foi outra demonstração total de falta de educação. Berço de ouro nem sempre quer dizer bons modos. A irritação de um senhor com o serviço de garçons também atraiu a minha atenção, assim como a animação de um tiozinho gordo que embalado pela bebida tocava uma guitarra imaginária tentava agitar aquela plateia morna.
Fui embora por volta das três horas da madrugada, paguei um táxi e fui conversando com o motorista durante o caminho. Assuntos de gente simples são sempre interessantes e em menos de cinco quilômetros conseguimos falar de política, futebol e até mesmo sobre a zona do meretrício da cidade, que anda abandonada. Claro que minha namorada não gostou desse último assunto. No dia seguinte, trabalhei em uma incrível e rara animação para um domingo. Tudo porque a festa da Revista Linda havia sido, ao menos para mim, realmente linda.
Eu costumava amar você
Lembro do quanto conversávamos pela internet e de como sempre parecia haver assuntos interessantes e engraçados para contar um ao outro. De como dávamos risada por qualquer motivo e de como isso parecia inexplicável. E agora é tão intrigante como fatos assim podem ter se mantido inesquecíveis por tanto tempo. Eram segundos de carinho que permanecem gravados no meu pensamento e que vez por outra me assaltam como uma daquelas músicas que gostamos de ouvir e ficam na nossa cabeça se repetindo.
Lembro de quando nos apaixonamos e de como parecia existir a certeza de ter encontrado a pessoa certa. Eu costumava te mandar flores com bilhetes apaixonados e você me devolvia em um torpedo carinhoso aquelas três palavras lindas. Aquela sensação era simplesmente maravilhosa, a disposição de entrar em qualquer briga por você, de dar a minha vida para ter mais um beijo ou um daqueles abraços, capazes de tirar um enorme peso dos ombros.
Eu costumava abrir a porta do carro para você entrar e você me agradecia com um sorriso. Hoje, só ficou aqui a sua lembrança e a saudade de todas as coisas loucas e lindas que fizemos juntos. E quando a noite chega e eu começo a escutar músicas românticas é que começo a pensar: como consegui ser tão estúpido para afastar você de mim, acabando com os meus sonhos em um ato bobo. Acho que não sou tão forte assim, como eu falei quando você decidiu me deixar. No início era tão perfeito, e esse vazio agora simplesmente não se preenche. Eu não consigo acordar de manhã e olhar para a cama e não sentir o seu cheiro, onde costumávamos nos amar e impregnar nossa paixão entre quatro paredes.
Andar no centro da cidade e beber a noite inteira não diminui a vontade que ainda tenho de sentir mais uma vez o seu toque e este sonho parece me consumir e eu percebo que não sou mesmo tão forte. Eu costumava amar você e agora sei que sozinho não importa se vou sobreviver...
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Quanto mais ignorante melhor
Este ano estamos vivendo uma das eleições mais interessantes de toda a história do país, embora no fundo todas as práticas já conhecidas estejam acontecendo mais uma vez, lamentavelmente. Mesmo assim, esta é, sem dúvida, a eleição mais aberta de todas graças à explosão da campanha em redes sociais como o Twitter, uma poderosa rede social capaz de disseminar um pensamento para milhares de pessoas em segundos.
Mas se analisarmos alguns números vamos entender por que provavelmente seguiremos sendo governados por políticos da pior estirpe, daquele tipo que faz projeto populista (quando faz um) ou que esconde grana nas cuecas, meias e no... Melhor nem imaginar onde eles vão colocar os seus impostos. A análise é simplista, com base em dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral. Hoje somos 135,8 milhões de brasileiros aptos a votar no mês de outubro. Deste total, 5,9% são analfabetos, outros 14,6% sabem ler, mas não freqüentaram a escola. E fica ainda pior: um terço da população sequer completou o ensino fundamental.
Com estes dados, eu imagino que estou enquadrado nos cerca de zero vírgula qualquer coisa por cento que entendem e acompanham a política de perto. E afirmo que jamais me interessei por este assunto por influência da escola, somente depois que ingressei na carreira do jornalismo e que passei a fazer semanalmente a cobertura do cotidiano parlamentar da minha cidade. Já vi muito amadorismo, ignorância, boa vontade e descaramento puro em três anos nesta experiência.
Portanto, as conclusões de tudo isso que escreveu é que somos um país formado basicamente por cidadãos de pouco conhecimento. Minha situação escolar, de não ter sofrido qualquer influência para compreender a política, parece ser comum de uma forma geral. Isso porque o que alguns políticos menos querem é que tenhamos compreensão do que realmente eles fazem. E são justamente eles que poderiam mudar a política educacional e valorizar os professores para que eles se preocupassem mais com a tarefa de formar para a vida.
Mesmo com todo esse negativismo e com a vergonha que são os investimentos em educação no nosso país, eu ainda acredito que o país tem condições de dar um recado diferente em outubro, tirando de alguns bandidos as suas cadeiras cativas no poder. Porque nós podemos até ser ignorantes, mas não vamos continuar sendo burros. Ou será que vamos?
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Queria ter tuitado
Eu quero citar você para os meus followers e mostrar pra eles o quanto você me parece interessante. Vou retuitar aquelas frases inteligentes e descoladas que você larga antes de se retirar para dormir. Eu queria tuitar alguma coisa sobre o seu olhar e a forma como ele me encanta, ou então simplesmente falar que adorei as novas mechas que você fez nas pontas do cabelo. Eu queria tuitar alguma coisa assim, mas o Twitter não é lugar de romantismo.
Eu gostaria de ter inventado um Twitter do amor, onde as pessoas pudessem abrir seu coração sem vergonha de parecerem palhaças, onde as mentiras fossem detectadas e as decepções inventadas. Mas de certa forma, agora, isso me parece fútil demais, pensando em tantas coisas que eu poderia ter tuitado. Eu queria ter escrito uma frase que fizesse com que meus avós tivessem largado o cigarro, para que eles ainda estivessem por aqui, ou para o meu pai ter mais cuidado com sua saúde.
Ainda mais além, eu gostaria de ter mobilizado um flashmob contra as insanidades cometidas pelo Hitler na segunda guerra, ou ter evitado o lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima e Nagazaki. Queria que neste momento, cessasse a eterna guerra no Oriente Médio e que todo mundo largasse suas AK-47 e fossem para casa, mexer no Twitter e declarar a paz mundial. Às vezes, eu gostaria de ter tuitado as fórmulas contra a corrupção, a mentira e a inveja.
Eu queria que apenas um dia palavras como amizade e amor estivessem no topo dos TTs e que estas palavras fossem ditas em todas as línguas, em uma corrente mundial louca. Eu queria tuitar o fim dos dramas sociais, da pobreza, da discriminação e do preconceito, mas sozinho não consigo fazer isso. Por isso, preciso que você retuite essa mensagem...
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
As coisas simples da vida
Tenho mais facilidade de me relacionar com gente simples, pessoas que sabem manter uma conversa inteligente sem apelar para frescuras triviais como a festa do sábado passado ou as compras no shopping. Mas não apenas isso, gosto de educação e simpatia, e também de um pouco de mistério. Gosto de papo de bar, de falar de futebol e de política, gosto que as pessoas concordem comigo, mas que também me questionem e por isso gosto de ouvi-las. Um corpo bonito é só uma imagem, alguém para compartilhar problemas, alegrias e aventuras, pra você contar uma história legal ou ouvir, isso é raro encontrar.
Hoje em dia as pessoas andam sempre com pressa, correndo atrás de suas obrigações para ganharem grana e comprar as coisas que possam trazer felicidade. Só que elas nunca abrem os olhos para enxergar que essa misteriosa felicidade está muitas vezes escondida em coisas simples da vida.
Todos os dias, quando vou até a parada de ônibus para ir ao trabalho, passo por um cara, que deve ter os seus trinta e poucos anos. É um cara humilde, acho que trabalha em uma oficina perto da minha casa. Eu não sei o nome dele, nem ele o meu. Mesmo assim, coisas de cidade pequena talvez, nós nos cumprimentamos sempre que nos vemos.
Eu sinto falta de coisas assim no dia-a-dia e me sinto incomodado quando preciso estar na companhia de pessoas com as quais não gostaria de manter o que chamo de amizade. Aposto que no seu cotidiano, há muita gente que você precisa tolerar. Um professor da escola, um colega xarope ou até um tio chato que fica sacaneando por qualquer coisa. Eu tenho que conviver normalmente com gente dissimulada e que sempre quer tirar alguma vantagem. Gente que quer aparecer e faz de tudo por isso, ou quase tudo. Por causa disso, aprendi que a vaidade dá lucro, mas mesmo no meio dessa laia, eu continuo o mesmo cara simples, que conversa uns minutos com o entregador de pizza, que gosta de falar e interrogar o menino que pede moedas na rua, talvez por mania de jornalista ou simplesmente um traço da minha personalidade.
Eu não me importo de elogiar um amigo ou puxar, do nada, papo com um desconhecido. Mas nem sempre as pessoas se acostumam com isso, elas estão perdidas na indiferença do resto do mundo, que parou de se enxergar nas ruas para se ver através do Twitter. É incrível, mas a globalização nos faz perder um tempo precioso e nos dá prazeres novos que antes não tínhamos, como essas inúmeras redes sociais. Lá, nós temos vários amigos desconhecidos... Assim como o tio que vou ver amanhã, pouco depois do meio-dia e para quem vou dizer: “opa, tudo bom”. E depois volto à rotina de convivência, de competição do mundo moderno (ou seria atrasado) e de exigência quase que integral do nosso tempo para que possamos sustentar nossos chefes e um governo que nos retorna pouco menos da metade de tudo que investimos, através dos nossos impostos. Pois é, a vida é bela.
sábado, 7 de agosto de 2010
Ainda choro de saudades
Antes mesmo de começar a escrever isso, pai, eu já sabia que ia chorar. Este vai ser o terceiro ano em que eu passo o Dia dos Pais longe de ti, levando a tua presença no meu coração e tudo que me ensinou como lição de vida. Até pouco tempo atrás, eu achava que o amadurecimento iria me fazer não sentir tanta emoção pela saudade das tuas críticas a minha irresponsabilidade e preguiça no dia-a-dia. Bem, velho, já é quase meia-noite e eu ainda estou trabalhando. Talvez isso tenha alguma coisa a ver com a tua maluquice de correr por esse estado afora vendendo computadores e não descansar enquanto não garantisse a grana pra comprar aqueles refrigerantes e porcarias que eu te pedia.
Acho que eu não seria tão gordo se não fosse esse teu esforço trabalhando pra que eu tivesse tudo do bom e do melhor. Desculpa de verdade se eu nunca reconheci isso enquanto tu estavas por aqui, mas eu juro que fiz o que pude naqueles últimos anos... Velho, tu sabes que não gosto de lembrar daqueles dias, e sim dos verões que passávamos no Irapuá, tomando cerveja na beira do rio e pescando nos açudes do Freitag. Ou então, aproveitando as minhas férias escolares pra trabalhar contigo e viajar até São Gabriel para vender notebooks para aqueles advogados que eram teus clientes desde os tempos da máquina de escrever.
Mas domingo está chegando, cara... E eu vou ver todo mundo dando um presente pro seu pai e sei, eu sei, que vou me sentir mal e vou chorar de novo, como agora, em que meus olhos se enchem de lágrimas na frente do computador do trabalho. Foi mal, pai, sei o quanto eu deveria ser mais forte para isso, mas sou um chorão que nem tu. Não pensa que esqueci de quando o senhor chorava assistindo filmes. E nossa, lembra dos finais de semana... Tu eras a alegria da locadora, levava mais de 10 filmes e, não sei como, conseguia arrumar tempo para assistir a todos. E no meio de tudo isso, calculava as coisas do trabalho e cozinhava naquele fogão a lenha lá de casa. Lembro que tu acordavas cedo pra fazer o fogo e o teu filho vagabundo de vez em quando até se prestava a buscar uns gravetos.
Jamais pensei que eu fosse ter todo esse saudosismo, velho, mas é muito bom lembrar desses dias, me faz bem e evita crises de choro compulsivas como aquela da semana passada quando tive que sumir daquele evento. Pensei que estava enlouquecendo, mas era apenas saudade. A saudade que me obrigou a escrever isso e chorar um pouco pra dizer que continuo por aqui seguindo teus ensinamentos. Vou viver, pai, vou me dedicar pra poder chegar ao dia fatídico e dizer o mesmo que ouvi de ti, antes da tua partida. Quero dizer que vivi e que aproveitei e que fui feliz, e danem-se as lágrimas que eu tiver que derrubar de vez
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
As melhores pessoas da minha vida
São onze horas de uma segunda-feira. Hoje foi um daqueles dias de trabalho pouco produtivos, do tipo que você fica se sentindo um tanto decepcionado com sua própria atuação. E só para não aumentar esse sentimento eu resolvi atualizar o blog e quero sinceramente agradecer a você por ler essas palavras sobre as melhores pessoas da minha vida. Primeiro, porque se você estiver lendo, provavelmente está incluído nesta lista, de todo mundo que eu chamo de amigo. Não sei você, prezado viajante do blog, mas eu valorizo demais minhas verdadeiras amizades. Na semana passada, reencontrei dois amigos de infância, esses aí na foto que ilustra este texto, para uma janta em uma pizzaria aqui de Cachoeira do Sul. Consegui até terminar minhas coisas cedo no trabalho por algumas horas com meus amigos. Tomamos um vinho, lembramos fatos e fofocas, gargalhamos muitas vezes... Você pode não perceber como momentos como esse podem fazer toda a diferença na sua vida, mas aproveite cada um deles. Sério, aproveite. São um antídoto pra você não enlouquecer. São os melhores momentos de sua vida, aqueles que você vai lembrar com saudade por muito tempo e contar boas histórias, até engraçadas, sobre experiências que você viveu na companhia deles, os seus amigos.
Me sinto privilegiado por ter um pequeno passado recheado de histórias desse tipo, de aventuras malucas, de festas absurdas e de momentos extremamente marcantes, aqueles mais tensos em que os verdadeiros amigos te provam e te fazem entender o significado da amizade. Eu costumo dizer, e provavelmente copiei de alguém mais inteligente, que a amizade é um amor que nunca morre. Se eu pudesse definir amizade, simplesmente não o faria. Acho melhor definir amizade ligando pros meus amigos e aparecendo de surpresa de vez em quando.
Uma das coisas mais tristes da vida é quando percebemos que alguns amigos foram se afastando. Ontem eu senti isso bem forte. Um dos melhores parceiros de festas de outros verões havia se acidentado de carro e eu, lendo os registros de ocorrência na polícia, acabei descobrindo. Em seguida telefonei para saber se estava tudo legal, e senti aquela velha sensação de culpa por ter sumido, devido às obrigações profissionais e outras desculpas que eu poderia enumerar. Conversamos rapidamente e combinamos de sair pra fazer uns agitos e escutar umas músicas do Guns, coisa que fazíamos há uns seis anos...
Amigos, sinceramente, eu lamento se não tenho mostrado pra vocês o quanto vocês são importantes hoje e sempre na minha vida. E se fiz isso, realmente me perdoem e saibam agora que amo muito a cada um de vocês!