Não fiz absolutamente nada até hoje que fosse capaz de mudar
o mundo. No entanto, como a modéstia não é uma qualidade de quem trabalha na
imprensa, eu sempre acreditei que tinha poderes para isso. Achava que era
super-herói. E meu vilão era o governo ou o empresariado explorador. Talvez os
dois juntos.
Meu lado pessimista acredita que esse mundo não tem mais
solução. Já meu pensamento positivo acredita que a solução existe, mas vai
demorar muito e depender de muitos acordos para ser colocada em prática e certamente
já estarei morto até lá. Mas tomara que ao menos a Prefeitura já tenha
construído túmulos para que eu descanse em paz. Ou queimem meu corpo, pelo
menos no ato fúnebre poderão dizer que queimei uma gordurinha.
Todo mundo que está protestando nas ruas acredita que pode
mudar o mundo. E isso é como um sonho. Não podemos destruir sonhos. Nem devemos
tentar. A gente não muda o mundo de uma hora para a outra. Tentar, no entanto
está liberado. Foi o vocalista dos Detonautas que fez uma bela frase sobre a única
revolução verdadeiramente capaz de mudar o mundo, frase resumida basicamente em
algumas palavras: “o amor é a única revolução verdadeira”, diria Tico Santa
Cruz no final de um videoclipe da banda.
Nós não vamos mudar o mundo? De tudo que vivemos, só a morte
é certa, além do fato que vamos conhecer pessoas incríveis nessa rodada dupla
de loucuras que chamam a vida. Não vou conseguir mudar o mundo porque estou com
sono, mas sei que ao despertar no novo dia, a vontade vai voltar, e tudo vai se
resolver. E vou lembrar que eu queria chorar e mudaram o mundo pra mim por uns
instantes, provocando gargalhadas. E eu queria escrever algo inspirador, capaz
de provocar uma mudança no mundo. Pena que não consegui.
A gente vê tanta frase construtiva por aí, tanto palestrante
motivacional que consegue nos inspirar a fazer de nossas vidas algo melhor. A
verdade é que todo mundo precisa sempre de inspiração para crescer, para sair
de uma depressão momentânea, ou então de remédios. Já me sugeriram buscar ajuda
psicológica pra aplacar os dias chatos, os pensamentos obscuros. Ainda tenho
medo de ir ao psicólogo e perder essa loucura que me torna criativo para
escrever sobre mudar o mundo.




