quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Pensativo

Antes de pensar em me dizer alguma coisa, faça uma análise do que você está pensando sobre o que eu estou pensando do que você pensa. Aí, pense bem se seu pensamento vai compreender o que eu penso sobre a sua forma de pensar. De qualquer forma, entenda que se eu penso assim, e você daquele jeito, não há nada demais em discordar. Mas pense bem antes de pensar errado sobre mim, porque afinal de contas você não sabe o que eu estou pensando. 

Mas penso que deveria pensar em me conhecer melhor, antes de pensar em me julgar. Pensar é simples assim, se você compreendeu até aqui. Então não pense que é a primeira pessoa a pensar isso. Você já parou para pensar em quantas coisas loucas pensa num só dia? Em como você fica surpreendentemente pensativo quando tem algum problema. Ou em como perde horas pensando e às vezes se perde por pensar demais? Penso o tempo todo nisso e fico pensando se em algum momento você vai pensar o mesmo que eu. Pensa em mim, vai.  

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Sonoridade da vida



Coloca uma música pra tocar e não se preocupa com mais nada. Porque a noite está completamente escura e o vento começou a mexer com o seu cabelo. Não importa se está frio, faltam só mais alguns passos. Você não compreende por que as luzes nas ruas não conseguem iluminar o seu caminho até casa. Vai e deixa que o player do seu telefone celular continue guiando os seus passos, porque não interessa mais o caminho. Você vai chegar lá!


Coloca uma música para tocar quando pensar em discutir porque as coisas não estão dando certo. Deixa o som rolar e segue andando, segue em frente, deixe sua mente repousar e descansar. Note que a as estrelas começaram a se apresentar e que em algumas horas será dia novamente e você pode fazer tudo de novo. Dá para recomeçar e corrigir e você pode até reinventar.

Coloca uma música para tocar e se perde no mundo, deixa que falem o que quiserem, não vai importar mesmo, o que eles pensam de você, o que eles falam de você. Deixa que a sonoridade da vida invada a sua mente, você não precisa de álcool essa noite para esquecer, nem de drogas para se perder. Agora, levante a sua cabeça e siga firme, seus passos estão na direção certa e seu coração compreende as suas escolhas. 

E deixe a música tocar, ela não pode parar. Tão doce como um sonho que você planejou ter quando chegasse em casa e a encontrasse completamente bagunçada como a sua vida. Não desligue a música. Comece a colocar as coisas no lugar, dançando e cantando. Você não vai se cansar de viver com a sonoridade da paz do seu lado. Falo da sua vida, não da sua casa!

Amanhã começa tudo de novo, já deixe uma música separada para quando acordar e for entrar no ônibus. Não se esqueça de cantar baixinho, sozinho, porque você sabe que até a sua felicidade vai acabar incomodando alguém. E não, você não está se escondendo dentro dos fones de ouvido, crie a sua realidade, uma que interesse e aumente o volume. Agora, tudo está no lugar. Tenha bons sonhos. Quando acordar, eles começam a se realizar. 

sábado, 16 de fevereiro de 2013

O que acontece quando o amor termina?


Aliás, será que amor termina? Se for amor mesmo, não termina. Ao longo da vida, você aprende que o amor é daqueles sentimentos cujas variáveis são infinitas. Dia desses, amei um comentário de um mecânico sobre meu carrinho velho, tanto que esse momento está eternizado na minha cabeça. Tenho amor às coisas que conquistei com dificuldade e ao trabalho que exerço, muito embora muitas vezes ele me decepcione profundamente. E eu não deixo de amá-lo. Amo meus amigos e até tenho esperança que os inimigos se juntem na minha trincheira. Não consigo desapegar, e nem gosto desse termo que virou modinha nos últimos tempos. 



Mas quando falo de amor, falo do sentimento de um casal. E eu vou insistir nesse tema porque o mundo anda precisando de amor. Sinceramente, sem nenhuma hipocrisia: pense em um longo relacionamento que você teve e que acabou. O relacionamento até pode ter chegado ao fim. E quanto àquelas noites em que vocês se viram para matar a saudade? Não era só pelo sexo, e vocês sabem muito bem. O namoro pode ter chegado ao fim. O amor não. Você não deixa de amar um parente quando ele morre. Não se deixa de amar alguém porque você foi traído, mas você tenta. E se sente estúpido por não conseguir. Vocês já notaram como esse sentimento é incrível, único, singelo e capaz de superar o orgulho, a raiva, o rancor?
Amor não termina e ponto final. Relacionamentos acabam todos os dias e durante um bom tempo, se houver amor, um dos dois vai fazer coisas somente para chamar a atenção do ex. Exibir outra pessoa para provocar ciúmes, as indiretas espalhadas por todos os cantos nos tempos de internet. Uma dica: em vez de mandar indiretas, envie flores, vivas, coloridas, com um cartãozinho e um pedido de desculpas, mesmo que você não tenha errado. Ah, alguém vai dizer que não vai se humilhar. Ok, se prefere ficar em casa chorando apesar de amar aquela pessoa que dividiu alguns dos melhores momentos da sua vida. Existem táxis, ônibus, bicicletas e tênis para você correr atrás de quem ama.
Mas não respondi à pergunta do título. O que acontece quando o amor acaba? Se acabar (e demora porque ferimentos profundos demoram a cicatrizar) você segue em frente e tudo vira uma memória. Ainda sou do tempo em que um relacionamento não era descartável como copo plástico. Se tiver algo na vida que vale a pena se esforçar é o amor. Aquele que dividiu a alegria e a tristeza, a saúde e a doença, a festa e a ressaca, a confiança e os ciúmes. Amor não acaba, mas se acontecer a culpa também é sua.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Mulher tem de ser delicada


Digam que sou machista e que minha forma de pensar é antiquada, mas ainda prefiro as mulheres que são delicadas. Nada, além disso, e uma pitada de simpatia com espontaneidade e bom humor. Garotas reais com dramas reais, complicadas e a um oceano de distância de serem chamadas de perfeitinhas.


Visualmente, uma mulher precisa ser agradável, doce, despertar a atenção. E não uma modelo de comercial de cerveja! Lembro que nos tempos da escola costumava achar as meninas mais cobiçadas sem graça, vazias e pouco interessantes. Eu via os sorrisos tímidos de algumas garotas que usavam roupas pretas e que não ligavam para a produção e me apaixonava. Era a beleza natural e nada poderia ser mais apaixonante do que isso.

Como elas quase nunca mostravam as covinhas do rosto, sempre que faziam isso o momento se tornava inesquecível. Nada como provocar um sorriso, fazer uma garota feliz. De biquíni, vestido deslumbrante ou roupinha da moda é fácil ser linda.

Com os seios à mostra e a bunda empinada é barbada chamar atenção. Mas as atitudes, a forma como as mãos tocam os cabelos para tirar a franja da frente dos olhos ou a doçura ao passar o batom, fazendo biquinho na frente do espelho... Ah, alguém percebe essas coisas além de mim?

Acho que não. E não pensem que sou delicado, que não gosto de ver uma bunda ou a marquinha do bronzeado do verão, aquele umbigo estrategicamente à mostra no verão com um piercing que o torna uma joia valiosa. Machismo, puro machismo. E gosto de cheiro de creme, do cabelo recém-saído do banho e de como elas olham para ele retirando fios que acabaram arrancados pela escova. 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Na balada, a paixão e nada


Notou como ela dança? Como seus braços se movem no ritmo da música, como ela não se importa se estão a notando? Ela não está alcoolizada como as outras na festa, está viva, curtindo a música, cantando de olhos fechados. Parece desejar esquecer o resto da semana. Ao seu redor, as luzes param, a batida da música faz com que seu corpo movimente-se mais rápido. Ela desliza o salto e você a segue com o olhar. Sente ciúmes quando um cara, outro cara, se aproxima. E ela ignora, não saiu para pegar, ela não quer só beijar e ser abandonada.
Ela é uma poesia que você não consegue entender, uma rima que não quer fazer sentido. Notou como ela não para quando a música para? Como ela mexe no cabelo e assopra o ar, como o calor a envolve? Notou o jeito que ela segura a garrafinha d’água, o jeito delicado que os dedos brincam como se fosse um microfone? Ela é uma curva perigosa e você está acelerando demais. Ela está tão segura de si e você não repara em mais nada. Você pensa em tudo que devia esquecer e se aproxima. Ela nota você e o olhar apaixonado te denuncia. Ela abraça você, e todos os problemas sumiram. 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Mensalão legalizado


Há pouco tempo, o país elegeu alguns heróis no Supremo Tribunal Federal pelas condenações de réus do processo do Mensalão, aquele esquema de compra de votos dos congressistas durante o Governo Lula que deixou um prejuízo milionário ao país. Compra de votos. Fico pensando nesse termo e me imagino um ignorante. 

A compra de votos é permanente dentro da Câmara de Deputados, através do que ouso chamar de mensalão legalizado. Vejam só. Rotineiramente, desde que a política foi inventada, prefeitos de todo o Brasil vão até a capital federal mendigar emendas parlamentares. São recursos que no orçamento da União não representam praticamente nada. Para comparar, este dinheiro para o Governo Federal é como os centavinhos que você não pede de volta quando faz compras em mercados.

O mensalão legalizado é bem simples. Para aprovar obras importantes para os municípios – que são lesados pela estrutura da distribuição de impostos – é preciso ter o carimbo de um deputado. Não somente as importantes (defina o conceito de importante), mas também para calçamentos de ruas, construções de espaços de lazer, asfaltamento de vias, eventos, enfim. Se não houver um padrinho entre os congressistas, o projeto não será aprovado.
Vamos mais além. 

Para que um deputado consiga encaminhar uma emenda para a região onde ele conseguiu votos, ele precisa ter influência política. Este termo é o politicamente correto. Eu prefiro trocar por “bom cabrito”. Como bom cabrito não berra o deputado, estes deputados jamais votam contra o governo, não importa se para eleger um corrupto presidente da Câmara ou para reprovar ações federais que no fundo irão prejudicar o povo.

O mensalão legalizado é uma forma tão corrupta de política que chegamos ao ponto de acreditar que somente tendo um prefeito do mesmo partido do governador e da presidenta poderemos ter o desenvolvimento de nossos municípios. E não há lei, não há Polícia, Justiça ou qualquer autoridade em lugar nenhum que faça com que esta prática suja tenha fim.
Até porque todos estão felizes com as obrinhas feitas em suas cidades, com as construções de estádios para a Copa e o salário dos professores que constroem a maior riqueza do país. 

Há avanços no nosso país mesmo com tudo isso, não é incrível? Mas a que preço?
Então, é correto que uma funcionária, para assegurar vantagens salariais, preste favores sexuais aos seus patrões? Ou que empregados sejam escravos de horas extras jamais pagas para garantir sua sobrevivência? 

E dizem que a prostituição é proibida de algumas formas. Em Brasília, ela é liberada. E legalizada. E quem paga o programa é você.

Por Vinícius Severo, jornalista







domingo, 3 de fevereiro de 2013

Em jogo de falhas, Inter faz a obrigação


Um time em construção venceu o clássico Gre-nal deste domingo em Erechim. O Internacional que está sendo montado por Dunga fez a sua obrigação, venceu um Grêmio recheado de suplentes. Não foi um clássico com a mesma adrenalina porque o Grêmio não mandou a campo seus melhores jogadores, como Zé Roberto e Vargas – sua mais nova estrela.
Não foi um clássico com carrinhos, com polêmicas, nem mesmo com os nervos à flor da pele como exige a rivalidade das torcidas. Mas foi um jogo em que as duas torcidas saíram com suas comemorações. O Inter pela vitória, porque o time ainda precisa ser ajustado em muitos pontos. O Grêmio porque está na Libertadores e ponto final.


O jogo
 
Numa partida marcada por falhas dos goleiros, a equipe colorada foi superior técnica e taticamente durante boa parte da partida. Os primeiros 15 minutos foram de sufoco para o time treinado por Roger. A equipe de Dunga, porém, mostrou velhos defeitos conhecidos da torcida vermelha – como erros de posicionamento da defesa e falta de triangulações no ataque, além do abalo emocional quando o Grêmio descontou.
A falta de ritmo de jogo foi outra característica evidente entre os jogadores colorados. A gurizada gremista corria, mas desordenadamente, fazendo os tricolores sentirem muita saudade da experiência de Zé Roberto e dos arremates de Elano – além de sonhar com as arrancadas de Vargas.
A jogada do gol do Inter veio de um contragolpe rápido, D’alessandro recebe centralizado e abre para Forlán dar um corte no zagueiro, abrindo espaço para o chute e marcando o gol. Naquele momento, o Inter já colecionava algumas chances para marcar, uma delas um gol incrível perdido por Damião na frente da goleira vazia, cabeceando para cima cruzamento de Dátolo.
O Grêmio voltou melhor na segunda etapa, mas mais uma vez foi vencido por uma boa abertura de jogada da equipe colorada. Fabrício invadiu a área pela esquerda e chutou firme. A bola pediu para ser empurrada para as redes por Damião. Nem deu tempo de comemorar, e numa falta ao lado da área, Fernando descontou, mostrando que o jogo ainda teria alguma emoção. Não teve. A equipe gremista continuou carecendo de entrada na área e objetividade, ainda que o Inter tenha se encolhido por alguns minutos. Dunga, aliás, fez boa leitura do jogo retirando o cansado Dátolo e colocando um volante com presença física, Josimar, para controlar o final da partida.

Os times

Embora o ataque colorado tenha assinalado os dois gols da equipe, Leandro Damião e Forlán não dão a resposta que a torcida espera deles – nomes que já apresentaram bom futebol num passado recente ou há mais tempo, no caso do segundo. Muriel falhou feio, Fred vem pedindo passagem, joga em qualquer lugar e Fabrício vai se afirmando. Gabriel se apresentou, mas ainda é um jogador longe de ter o brilho que o destacou no Fluminense.
No Grêmio, o jovem Jean Deretti, de quem muito os tricolores esperam, não conseguiu mostrar grande futebol. Aliás, nas duas últimas partidas vem mostrando ser um cavador de faltas, do tipo que se atira ao primeiro toque. O goleiro Busatto também contribuiu no lance que originou o gol de Forlán, quando a bola passa a centímetros de seus braços em um chute sem muita força.
O Grêmio está na Copa Libertadores, decidiu poupar seus atletas após um jogo duro no meio da semana com a LDU. Não desmereceu o Gre-Nal, pelo contrário. Colocou alguns titulares e jogadores de confiança do time, como Fernando e Leo Gago, além de esperanças como William José, para jogar. O atacante vindo do São Paulo ainda precisa estrear com a camisa azul. O Inter segue em construção, assim como seu estádio. É um time que por enquanto não é capaz de dar esperanças ao seu torcedor. 

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Com que roupa ela vai sair?


Quando eu era como a maioria burra dos homens, eu não ligava para as roupas que as minhas namoradas (nem foram tantas) colocavam para sair comigo. Aliás, fazendo um parêntese fora do parêntese anterior, me permitam refletir que talvez “maioria burra” seja uma tremenda redundância, afinal “toda maioria é burra”, como dizia o genial Nelson Rodrigues. Já fui burro a esse ponto, de não perceber o delicado esforço feminino em escolher um conjunto que a tornará perfeita em uma noite qualquer. Perfeita para mim...

Hoje, gosto de me enquadrar em um grupo reservado de homens que compreendem a importância do rito de escolha da roupa de uma mulher, desde as peças íntimas até a forma como o cabelo será penteado. O desespero delas em frente a um armário com dezenas de sapatos, onde muitas vezes nenhum combina com o vestido longo escolhido para a festa da sexta-feira. Aquele vestido aberto às costas, mostrando os traços delicados de uma mulher que sabe usar a roupa como uma arma de sedução.
Aliás, quanta ignorância nesses machos que reclamam da demora de suas companheiras para um compromisso. Sequer descem das suas camionetas e chegam até ao ponto de buzinar para apressá-las. É muita falta de sensibilidade. Ela quer ficar linda para estar com eles em qualquer ocasião, a janta na casa dos chefes, o encontro de amigos no barzinho, a formatura do sobrinho no clube ou o passeio pelo centro no domingo. E os otários dizem coisas como “anda logo, poxa”. Para esse tipo de homem, nada mais justo que um par de chifres.
É claro que um cara pode, e deve (se for necessário), usar a estratégia de ignorar a beleza da mulher para não permitir que ela esteja mais alta que o salto que usa. Mas atenção! Essa regra só vale se for para a conquista! Está na quinta página do manual dos cafajestes modernos, homens que aprenderam a amar as mulheres em seus mínimos detalhes.
Finalizo esta reflexão enquanto ouço “Linger”, som do grupo The Cranberries, e a minha mente já imagina a noite fora da redação do jornal, em um barzinho qualquer da cidade onde vou admirar vestidos, blusinhas, saltos e detalhes mais delicados como brincos, anéis, colares e correntinhas estrategicamente usados para provocar um dos sentimentos mais humanos que existe, a paixão. Impulsiva, explosiva, desapegada e escancarada paixão em descobrir: "afinal, com que roupa ela vai sair?"



Artigo publicado no jornal O CORREIO de 2 de fevereiro de 2013.